34. Enfrentando a lua cheia, parte 4

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Alec

Antes

— Me solta — pede Bob, com um sorriso no rosto que me diz para fazer exatamente o contrário. Certo, pode ser que isto seja somente o meu lado egoísta falando, mas quero mantê-lo comigo o máximo que puder. — Eu preciso ir.

— Você poderia ficar — digo, no entanto, sei que ele está decidindo pelo que é correto para o seu luparck. Se algo assim acontecesse com a Luna, como eu reagiria?

— Sabe que não é verdade — fala com um tom bem mais firme.

Está com raiva, porém, não é de mim, é de toda a sua situação.

Por mais que queira sofrer o luto por seus pais tem que priorizar como Derick está reagindo diante da situação. Ainda me lembro do olhar em seu rosto quando percebeu que ele tinha atacado aqueles homens. Ficou com medo. Não do Derick, mas do que seria dele depois de perceber o que havia feito.

— Eu amo você, só que neste momento ele precisa mais de mim — atesta e eu sei que é verdade, assim como sei que Luna está mantendo o máximo de distância que pode dele para não ser movida pela dor dele.

Se ficarem próximos ela tem medo de interferir com o que ele quer fazer.

Prefere remoer sozinha o que tem sentido, pois acredita que será melhor para seu lumeny. Por mais que nós dois como irmãos deles pensemos no contrário, obrigá-la está fora da minha alçada.

— Se eu te sequestrasse você seria obrigado a ficar comigo — falo e o sorriso estranho que exibe faz com que tenha vontade de beijá-lo da cabeça até os pés para que saiba que eu continuarei aqui. A distância entre nós não importará.

— Deixe seus planos maquiavélicos para outro momento — pede, mas a sua voz sumindo continua me incomodando. Saber que não estarei por perto enquanto precisa de mim me machuca, contudo, permaneço compreendendo a sua escolha.

— Você gosta dos meus planos ruins.

— Tem razão, eu gosto — afirma. — Eu amo muito você Alec. Fico feliz de nossos lobos terem se escolhido.

— Não mais do que eu — replico, o que muda a sua expressão, uma dose de injuria percorre toda ela. — Vou te visitar tanto que não sentirá a minha falta.

— Isso é em parte minha culpa — fala de repente. — Se eu tivesse contado para o Derick sobre nós, se eu...

— Ei, pare — peço a ele segurando-o pelos braços. — Estava sendo cuidadoso por ter medo do que ele poderia acabar descobrindo ficando tão perto de nós e eu entendo.

— Alec, e se nossos pais tomaram a decisão errada? Se eu escolhi errado... quero que ele tenha uma vida boa, que possa ser feliz, mas tudo o que vejo é ele assombrado dentro do seu quarto — discorre e eu queria poder arrancar tudo dele.

As suas dores, as suas frustrações, as suas dúvidas. Se eu pudesse as pegaria para mim para que tenha dias tranquilos, porém, tudo o que eu posso fazer é ficar do seu lado. Podemos compartilhar tudo e nada ao mesmo tempo.

— Tenho medo de não conseguir ajudá-lo — revela no fim.

— Você pode, é a pessoa que ele mais ama nesse mundo — digo, com meus dedos acariciando onde nossas peles se encontram. — Enquanto ele tiver você viverá bem, e eu não permitirei que ele te perca.

— Nós nem sabemos como aqueles lobos entraram no território da Esto notívaga, é difícil dizer quais eram as intenções deles — articula as suas considerações, e é inteligente demais para deixar todo o assunto morrer como um acidente, que é o que disse que houve para Derick.

Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora