22. O preço a pagar, parte 3

6 3 0
                                    



Penny

— Deveria tomar mais cuidado com quem você se alia — articula Felipo e Nalievem começa a gargalhar, o que eu vejo como um péssimo sinal de como a situação se encaminha. — Toda a sua família...

— Cala a boca Felipo — digo e o modo como o seu rosto se contorce quando passa a me verificar deixa nítido que os seus pensamentos envolvem o momento em que a loucura se apossou de mim, visto que o meu tom foi diferente daquele usado em outras circunstâncias.

— O que deu em você agora? Na frente de um estranho — pontua, e rio, por que me pergunto se seria de bom tom discutirmos se não estivermos na frente de outras pessoas.

— Você tem agido como a porra do dono do mundo desde que o Alec deixou a posição de alfa, mas sabe o que tem feito de verdade? Fodido com tudo, como uma criança que não sabe tomar conta dos seus brinquedos — falo, de novo, noto como o seu semblante obscurece. Esperava que eu fosse lhe entregar flores? Não vê onde estamos?

Respiro profundamente, somente por que não quero perder meu controle em uma noite como essa. É obvio que ela é importante para o que tem acontecido com Luna e Alec e pode mudar o rumo das coisas.

— O pior disso é que você provavelmente acha que as coisas se resolveriam de um jeito simples, como em uma brincadeira, mas na verdade você tem lidado com vidas, vidas porra — declaro, com a exaltação saindo um pouco do controle de novo. — Deve estar sendo difícil que as problemáticas não venham mastigadas a sua mesa, mas pelo amor de Deus, olhe para o que tem acontecido. Acha mesmo que dá conta?

O que as pessoas fazem em torno de mim é o que deveria menos me preocupar neste momento, mas continuo olhando para a reação de Nalievem, talvez por ter certeza de que ele está pronto para atacar meu irmão se resolver passar dos limites.

Me questiono se Alec fez algum pedido a ele. Se pediu que me ajudasse caso Felipo saísse do controle quando cumprisse com a sua tarefa e nos avisassem. Nossos olhos se encontram por milissegundos, mas é mais do que necessário para que leve meu foco todo para Felipo, por que não quero continuar encarando o seu rosto.

Tenho a sensação de que muitas coisas podem dar errado se eu continuar olhando.

— Ninguém faz as coisas certas de primeira, e eu não te vi dando nenhum chilique quando Alec cometeu erros depois de assumir o cargo que o papai deixou livre — replica, me acusa de favoritismo? Não consegue ver como as circunstâncias são diferentes?

— Alec cometeu erros, é claro, mas o que tem feito é bagunçar toda uma máquina que funcionava muito bem enquanto deixa que aqueles com pensamentos iguais com os da nossa mãe vagueeim entre os que estão com medo. Onde pensa que isto parará? — Pergunto, e sua mente não acompanha o meu raciocínio, é bem nítido que estamos pensando em coisas diferentes.

Entretanto, essa é a grande problemática.

O que ele quer resolver e o que deve ser realizado são bem diferentes.

— Alec errou enquanto melhorava as circunstâncias envolvendo a alcateia, o que tem feito piorou muito daquilo que precisa ser feito diariamente — declaro. — Claro que não se esqueceu de todas as crianças que deixou de lado, certo?

Cada uma das questões que faço parecem o incomodar de modos diferentes.

Me faz pensar se ele está cego, preso na bolha criada, sem querer furá-la por se sentir mais seguro rodeado de todas as problemáticas prontas para ser resolvidas que recebia. Agora que tem que ser aquele que procura as suas próprias soluções, se perdeu no caminho.

Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora