40. A força de vontade, parte 1

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Kulan

— Lily, o que merda está fazendo? — A necromante parece muito irritada por minhas palavras ásperas, mas sou aquele que continua preso nessa cama sem poder fazer o que desejo.

Preciso encontrar aquela loba e rasgar a sua carne inteira.

Lily pode fazer com que se cure depois que eu arrancar a sua alma de dentro do seu corpo. Após o que fez comigo ela deve saber que a sua recompensa será uma morte horripilante.

Podia ter aceitado a minha proposta, mas quis me foder e eu retornarei o favor.

— Tenho tentado elevar a sua cura através de novas fórmulas feitas com o sangue dos Ayphle, mas as feridas internas da sua alma não são simples de curar e os meus brinquedinhos não suportam que use tantos feitiços como o corpo de Alec fazia — articula as palavras com pressa, quem sabe esteja com medo de que eu acabe matando-a, e se eu pudesse, talvez a sua cabeça já tivesse voado.

No entanto, até mesmo lidar com ela é difícil para mim nesse estado patético.

Quem teria força para lançar tal feitiçaria comigo?

Não, quem se atreveria a compactuar com aquela loba?

Se eu descobrir quem foi o responsável terá uma morte tão sofrida quanto Luna.

Enquanto estiver torturando-a em busca de respostas acredito que me dirá o nome da criatura sorrateira que se atreveu a me enfrentar, ainda que indiretamente.

— Se pudesse falar com outro deus para que conseguisse um pouco de sua essência — fala, mas deixa sua ideia morrer no instante em que a encaro. Depois de tudo que fiz ela pensa que eu posso falar com outro deus para fazer um pedido?

Mesmo que ainda não saibam que estou a ajudando a criar os híbridos que tem levado o caos para o mundo, eu tomei muitas decisões que discordam. Muitos me odeiam desde a morte de Lua. Nenhum deles me ajudaria de bom grado.

Contudo, isso também pode significar que estão ajudando aquelas criaturas patéticas a acharem uma forma de me machucar. Foi assim que Luna pode usar um feitiço que me deixou tão ferido?

Qual deles tentaria agir contra mim?

Depois de matar Ghita pensei que as coisas se acalmariam e que eu poderia seguir fazendo o que eu queria, mas talvez tenham ficado de olho em mim o tempo inteiro, afinal, Lua possuía muitos apoiadores, tanto é que não se incomodaram de ela continuar na terra junto das suas criações.

— Isso é impossível — declaro, sabendo que ela continuará em silêncio se eu fizer igual, e preciso dela trabalhando para encontrar um modo de me ajudar. — Como o sangue de um dos filhos do sol é incapaz de me ajudar?

— A diferença entre um deus e um lobo ainda é gigantesca, mesmo que o seu corpo tenha se adaptado bem as mudanças, a sua essência pode estar restringindo as possibilidades de cura agora que foi tão afetado — explica e só preciso que encontre um meio de fazer com que isto funcione, não que me dê aulas. — Como sangue tem sido insuficiente tenho pensado em usar outras partes, mas é mais difícil de manipular, pode demorar um tempo.

— Apresse-se e claro, deixe que mais dos seus bichinhos vejam o sol de novo, devemos impedir que qualquer um pense que o plano foi cessado — articulo, com minha garganta doendo. Nem falei tanto, como pode estar incomodando tanto?

— Liberei os espécimes mais recentes hoje — conta com um sorriso faceiro no rosto. Para ela tem poucas coisas que aprecie mais do que saber que o que criou tem um efeito tão efeito. — Os caçadores logo serão destruídos, em seguida, uma por uma as outras espécies cederão diante da força deles.

Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora