17. Escolhas perigosas, parte 1

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Luna

Antes

Heméro está me olhando tão intensamente a tanto tempo que me preocupo com a sua alma. Ela pode ter escapado do corpo depois de ouvir o que disse, mas duvido que as suas convicções sejam tão frágeis.

Obviamente deve estar questionando a minha sanidade.

Aqui estou eu criando uma arapuca pelas costas daqueles que facilmente entrariam em qualquer plano comigo. Entretanto, é algo arriscado. Um líder de coven como Heméro jamais perderia as palavras por pouca coisa.

— Ouviu o que me disse? — pergunta-me, sua mente está cheia de nós, é bem nítido por seu olhar indo de confusão para insanidade em poucos segundos.

— Eu sei o que disse a você — falo, quero garantir que estou sã, que não deve se preocupar. Isso é um plano como qualquer outro, somente agirei de acordo com o que lançam na minha direção.

— Está me pedindo para amaldiçoar você, Luna — profere as palavras com um timbre muito diferente. Parece acumular alguma raiva, talvez tenha medo que seja julgado como foi por Júpiter, uma vez que o seu coven fodeu a vida dele por tanto tempo.

— Eu preciso de uma arma diferente contra esse inimigo — digo, e se ele soubesse que já estou sofrendo com as consequências de outra maldição o que diria? Devo ter alguma sorte por ter impedido que o assunto se espalhasse tanto.

Certas pessoas desconfiam do que está ocorrendo comigo desde que voltei de Crows Hills, mas tudo que pensam é bem distante do que está ocorrendo de verdade. Não posso dar brechas para que o destino aja sem que tenha uma mão no volante.

— E quer uma maldição? — questiona-me o bruxo, com certeza se questiona acerca da minha sanidade. — Luna, você não tem ideia de como isto pode reagir no seu corpo.

— O que acontecerá ao meu corpo é a parte menos importante — garanto a ele. — Há ou não uma maneira de fazer o que eu disse?

— Bom, se eu tiver qualquer coisa dele que possa usar para ligar a você, mas...

— Isto serve? — Ergo o vidro onde o pedaço de carne que arranquei de Kulan está. Eu sabia que poderia servir em alguma situação por conta disso fiz questão de guardar bem conservado.

— Desde quando está com essa ideia absurda na cabeça? — inquire. Pega o frasco observando a forma como ele é mantido. Quanto mais preservado, melhor é para a sua prática. — Meu coven não faz esse tipo de feitiço, sabe disso. Temos tentado evitar qualquer coisa que possa criar um conflito.

— Com medo de a Esto notívaga se voltar contra você?

— A Esto notívaga não, o seu lumeny — pontua Heméro. — Eu sei muito bem o que vejo nele Luna. Ele é perigoso.

— Alguém deveria avisar a ele que a sua força é maior do que pensa — zombo. — Mesmo que eu caia dura diante deles jamais vão considerar que foi por que fez alguma coisa.

— Como pode ter certeza?

— Eu conheço bem a minha situação atual e preciso agir considerando que serei pega por Kulan em um futuro não muito distante — explico.

— Porque? Como a alfa da alcateia pode lidar com ele juntamente dos seus aliados — pondera de acordo com aquilo que sabe, mas pouquíssimos sabem que Alec está vivo, menos ainda sabem da minha situação atual.

É impossível dizer o que acontecerá quando Alec e eu formos colocados em um mesmo cômodo. Podemos acabar drenando um ao outro, o que nos deixará fora do jogo por um tempo.

Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora