𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟏: Baunilha

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O banheiro de Jinnie era tão impressionante quanto todo o resto do apartamento, com azulejos pretos foscos, uma iluminação suave vinda dos discos embutidos no teto e das fitas de LED atrás do enorme espelho acima da bancada de mármore branco. Nela, haviam suculentas artificiais, duas pias de apoio, bandejas com sabonete líquido, álcool para as mãos e um aromatizante de ambientes. O cheiro suave de jasmim pairava no ar, fazendo Felix lembrar-se de Changbin...

Imaginou-o no trabalho naquele instante, enquanto o ômega estava nu, ele devia estar usando suas roupas sociais comportadas, realizando alguma tarefa difícil, de cenho franzido e olhar focado. O Lee adorava aquela expressão determinada e sentia uma vontade sádica de se ajoelhar debaixo de sua mesa e arruinar sua concentração.

Com a pele arrepiada, braços envolvendo o próprio tronco, ele afastou os pensamentos, concentrando-se na confusão de produtos de cuidado pessoal masculinos espalhados sobre a pia: espuma e loções de barbear, desodorante aerossol, bodysplashs, sabonete facial, protetor solar, uma escova de cabelo e itens de higiene dental; mas apenas em uma metade.

Na outra, estranhamente vazia, repousava um kit a parte: um saquinho transparente com sabonete, refil de shampoo, condicionador, e uma escova de dentes, todos produtos novos parecendo recém comprados. Eram como os que os hotéis preparavam para seus hóspedes...

O Lee sorriu, mas não confirmou nada com o alfa, apenas observando a pele tatuada das costas musculosas de Jinnie se dirigindo ao caixote de vidro centralizado no cômodo. Ele regulava a temperatura da água para seu banho, precisamente, como se sua vida dependesse disso. Ele até que era meio fofo.

Nota mental para si mesmo: Lix nunca diria isso em voz alta a menos que quisesse ser duramente castigado.

Ele desviou o olhar para a janela redonda ampla no cômodo e se perguntou se aquele era um vidro unidirecional, afinal de contas se tratava de um banheiro onde pessoas se despiam. Para evitar atentado ao pudor, era melhor que fosse. Logo ao lado do box, toalhas felpudas negligentemente dobradas estavam sobre um banquinho plástico, e na parede atrás havia um roupão grande demais pendurado em um suporte.

Havia um equilíbrio entre o luxo da construção e a simplicidade do banco plástico, uma dualidade significativamente oposta e que não deveria combinar tanto, mas, de alguma forma, Jinnie conseguia tornar homogêneo misturas que nunca deveriam funcionar.

A perversão excêntrica contrastando drasticamente com o cuidado e o romantismo que o ômega estava presenciando o dia todo. Sua postura despreocupada ao contar-lhe sobre levar facadas ou ser espancado, mas demonstrando tensão ao falar sobre sua família e seus sentimentos.

E, de algum jeito, quando se tratava dele, fazia sentido.

Sua falta de pudor e seu profissionalismo aplicado no trabalho, seu talento com as agulhas finas e seu desejo de arruinar com suas mãos grossas o que ele considerava tão belo e puro — Felix, que ele audaciosamente afirmou ter uma beleza digna de deixar Monalisa com ciúmes. A capacidade de tornar Felix molhado como um lago, enquanto ao mesmo tempo o incendiava até que se reduzisse a cinzas secas.

— Se você continuar pensando mais um pouco vou dizer que esse vapor todo está vindo do seu cérebro e não do chuveiro. — Jin riu. Ele apareceu instantaneamente na frente do Lee... ou ele se aproximou normalmente, mas foi o loiro que não notou?

— Não estou pensando demais. Só... assimilando tudo isso.

— Quando despejo em você as mais atrozes indecências e estipulo desafios sujos que a maioria rejeitaria, você sequer pisca, mas quando temos um encontro normal e te convido para tomar banho comigo você precisa assimilar?

(K)inky | HyunLix | ChangLixOnde histórias criam vida. Descubra agora