𝙿𝚛ó𝚕𝚘𝚐𝚘

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A tempestade era forte

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A tempestade era forte.

Os raios destruíam tudo oque tocavam.

Um cenário desesperador para aquele lugar.

Uma casa não muito nova.

A madeira molhada dava espaço para o mofo, as telhas quebradiças deixavam a água entrar e as goteiras alagarem a casa.

As grandes árvores em volta ficavam balançando devido ao vento forte.

Uma vez tiveram que fechar um dos quartos que ficavam no último andar por conta de um enorme galho que destruiu o teto.

Por sorte ninguém se feriu...

O orfanato "Casa da Lareira".

- Sinto muito senhora.

O médico dizia melancólico enquanto encarava o corpo sem vida em sua frente.

Tália, uma das cuidadoras daquele orfanato, uma das mulheres mais gentis a existir nesse planeta.

Ela era doce e amável, com sua aparência fina e delicada. Olhos dourados como mel e cabelo castanho como nozes.

Foi difícil para todos ver aquela mulher forte e determinada ter sua vida arrancada pelo apodrecimento inesperado de seus órgãos vitais.

Embora tenha sido repentino, ela não era alguém que se preocupava muito consigo mesma. Então quando a notícia de que sua doença afetava seu interior veio a tona, poucos ficaram surpresos.

Mas mesmo assim, aquela informação, de que aquele ser amoroso os deixaria em breve, era algo tão doloroso de se ter que aceitar.

E essa sentença foi há três anos.

Hoje todos reunidos em volta daquele corpo sem vida. As crianças choravam e as amigas da jovem mulher se retorciam para permanecerem fortes.

O médico se retirou do quarto, pegando os poucos equipamentos que levou para aquela situação. Ele parou na frente da porta, encarando o corredor escuro e vazio.

Bom...Não tão vazio.

Percebendo um choro baixinho perto da janela, ele não se aproximou. Recebeu calafrios quando percebeu e analisou a aparência daquela criança encolhida no canto.

Cabelos brancos como os de uma velha, olhos vermelhos como sangue. Essa era a criança que aquelas pessoas apelidaram maldosamente de Banshee? 

Os seus olhos se encontraram com aquela criatura. Ele encarou o mar de sangue que o olhava fixamente, era como se ela esperasse algo vindo dele.

Porém...

Sua reação foi sair rapidamente, descendo as escadas com pressa. A respiração agitada e os ombros tensos.

Ela era tão tenebrosa assim?

Aquelas pessoas começaram a sair do quarto, ela se alarmou. Percebendo que as crianças saiam tristes e deprimidas indo até seus respectivos quartos.

As mulheres passavam por si, ignorando-a, ignorando uma criança transtornada. Elas apenas a jugavam, olhavam para ela com nojo...

Com receio, medo? Indiferença.

Mas não importa, aquilo não importava agora.

Se levantando de forma desajeitada, ela caminhou lentamente com dificuldade até o cômodo que tinha ficado aberto.

O médico não disse nada sobre o estado de Tália.

Então talvez ela estivesse melhor.

Ela se lembra de cada momento. Durante aqueles longos três anos, desde o primeiro dia em que Tália havia passado mal devido à uma tontura estranhamente aleatória.

Ela precisou ver uma pessoa tão querida para ela, alguém como uma mãe, à cada dia ficando mais e mais doente.

Teve que presenciar aquele anjo sofrendo com a dor de ter seus órgãos apodrecendo lentamente.

No começo foram apenas dores em suas articulações, depois aquilo evoluiu para febres constantes. E mais tarde chegou a um ponto onde a mesma já não conseguia mais se mover.

Tália ficou dias em sua cama, em um estado quase vegetativo. Com dor, fome e dificuldade para respirar.

Ela preferiu morrer de forme, do que precisar comer a comida de suas crianças que apenas à queriam bem.

 Ela preferiu sentir dor, do que precisar gastar dinheiro em remédios caros. Dinheiro esse que eles mal tinham.

Aquela doce e preciosa mulher. 

Talvez ela deveria ter morrido em seu lugar? Talvez ela pudesse deixar sua existência se esvair no lugar dessa pessoa maravilhosa.

Aquela pessoa, que lhe contava histórias antes de dormir todos os dias. Aquela pessoa que lhe ensinou a ler e escrever. Aquela pessoa que cuidava dela toda vez que ficava doente devido à sua saúde frágil. 

Aquele ser paciente, amoroso, existem tantas palavras em um vocabulário, palavras que não saberiam descrever o quão boa era aquela mulher.

Foi como se uma flecha fosse atirada em seu peito.

Ela estava tremendo. Seus olhos ardiam e sua garganta queimava.

Podia sentir que despencaria no chão a qualquer momento.

Lá estava o corpo dela...

Parado

Imóvel

Magro

Pálido

Vazio...

Um simples pano cobria o rosto daquele cadáver.

Logo iriam enterrá-lo...

Que deprimente.

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𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora