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Catheryne se recostava em uma pilastra no canto do salão, sua silhueta misturada às sombras que se projetavam pelas velas cintilantes e luzes brilhantes ao redor.

A música preenchia o ar, e as risadas dos convidados ecoavam no ambiente.

Ela sentia as batidas frenéticas de seu coração finalmente se acalmarem, ainda ressoando do impacto de seu discurso, onde cada palavra foi recebida com aplausos e olhares de aprovação.

Agora, mantinha-se imóvel, observando as pessoas que a olhavam de volta, os murmúrios e olhares em sua direção.

Seriam elogios?

Comentários sobre sua postura e dedicação?

Ela esperava que sim.

Sua concentração foi quebrada pela voz firme de Claude.

- Catheryne.

Ela se virou prontamente, ajeitando sua postura e curvando ligeiramente a cabeça em sinal de respeito.

Claude estava em sua frente, sem expressão, como sempre.

Ela não o havia notado se aproximar, o que a pegou desprevenida.

- Vossa Majestade - respondeu, tentando esconder a surpresa.

- Venha - ele ordenou sem rodeios.

Sem hesitar, ela o seguiu, mas não pôde deixar de olhar para trás, como se quisesse sinalizar para Félix.

Ao não encontrar ninguém que pudesse ver seu pedido silencioso, acelerou o passo para alcançar Claude.

Ele estava se dirigindo para um corredor escuro, que levava aos jardins externos.

O som distante da música e das conversas foi substituído pelo ar fresco e o perfume sutil das flores, que ficavam mais intensos à medida que adentravam o jardim.

- Para onde estamos indo? - ela arriscou perguntar.

Claude lançou-lhe um olhar de canto, e então respondeu, com a franqueza de quem não se importa em parecer duro.

- Não gosto de multidões. E percebi que você também não gosta - disse ele, com um leve desdém.

Ela assentiu, compreendendo.

Ele estava certo, apesar de seus esforços para se manter adequada e à altura do que se esperava dela como futura herdeira, o ambiente de festas e eventos grandiosos a sufocava.

Ela sempre preferia a solidão dos corredores do palácio ou o ar puro dos jardins.

Eles caminharam em silêncio, e ela aproveitou a chance para admirar as cores dos fogos de artifício que iluminavam o céu, tingindo a escuridão em tons vibrantes que contrastavam com a calma serena do jardim.

Apesar do som alto e desconfortável, os fogos proporcionavam uma visão maravilhosa.

Um sorriso suave surgiu em seu rosto enquanto ela observava a luz refletindo em suas íris avermelhadas.

Mas então, o som de um galho quebrando sob o peso de alguém fez seus olhos desviarem.

A alguns passos à frente, Claude havia parado.

Ele olhava fixamente para um ponto ao lado dos arbustos, imóvel.

Curiosa, Catheryne seguiu o olhar dele e notou uma figura pequena e frágil.

Era uma menininha.

Catheryne se sentiu arrepiar ao ver a criança, cuja aparência era surpreendentemente familiar: cabelos dourados, como feixes de trigo à luz do sol, e olhos azuis, brilhantes e inquisitivos.

A menina parecia perdida, mas, ao mesmo tempo, havia algo em seu olhar que demonstrava encantamento ao ver Claude.

Seus olhos se abriram em admiração infantil, como se estivesse diante de um príncipe dos contos de fadas que ela poderia ter escutado.

Catheryne se virou para Claude, esperando ver alguma reação em seu rosto.

Mas ele permanecia impassível, com o olhar frio e distante, sem demonstrar um único sinal de reconhecimento ou simpatia.

Apenas uma leve tensão em sua postura indicava que ele também sentia o peso daquela troca de olhares com a garotinha.

A menina parecia atraída pela figura de Claude.

Ela vestia uma camisola simples e segurava algo próximo ao peito - talvez um pequeno brinquedo ou objeto de conforto.

Era evidente que escapara de seu quarto, possivelmente atraída pelas luzes e o som da festa.

O mistério de sua presença e sua semelhança com Claude eram arrebatadores, mas antes que Catheryne pudesse processar a situação, o imperador retomou sua caminhada, ignorando completamente a criança.

- Catheryne.

A voz dele soou baixa e firme, tirando-a do transe.

Ela piscou, voltando sua atenção para o chamado e dando um último olhar para a pequena, que agora observava as costas de Claude se afastando.

Catheryne sabia que deveria seguir, e, tentando ignorar a inquietação em seu peito, apressou-se para acompanhá-lo.

Mas, naquela breve troca de olhares, a garotinha também sentiu seu coração palpitar.

A figura do homem e da garota que lhe acompanhava eram, de algum modo, familiares e enigmáticas.

Para ela, aquele homem era seu pai, o homem distante e inatingível, o Imperador Claude de Obelia.

E ao lado dele, a figura graciosa de Catheryne, a princesa perfeita, escolhida como sucessora - uma estranha que parecia estar ali em seu lugar, roubando o espaço que talvez devesse ser seu.

Catheryne sentia uma pontada de tristeza e confusão enquanto caminhava ao lado de Claude.

Não entendia por que aquela garotinha, que claramente parecia uma versão menor dele, era ignorada de maneira tão fria.

Guardando o pensamento para si, ela resolveu não questioná-lo.

Afinal, Claude era o imperador, e suas decisões eram incontestáveis, mesmo quando envolviam a própria filha.

Continuaram sua caminhada pelos jardins, agora imersos em silêncio.

A noite parecia ainda mais densa, e as luzes dos fogos diminuíam gradativamente até desaparecerem por completo, deixando apenas as sombras do jardim e as estrelas brilhando acima deles.

Capítulo Revisado

𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora