Catheryne caminhava em silêncio, mergulhada em um mar de pensamentos conflitantes.
As palavras que trocara no escritório ainda ecoavam em sua mente como um peso sufocante. Ela se amaldiçoava por dentro. "Por que não fui mais firme?", perguntava-se repetidamente.
O desejo de roer as unhas era forte, mas em vez disso, puxava os próprios cabelos, desfazendo lentamente o penteado cuidadosamente preso em uma flor negra. Cada fio que escapava, caía suavemente em torno de seu rosto, como se refletisse a desordem interna que sentia.
Ela decidiu que uma caminhada ao ar livre poderia ajudar a limpar sua mente.
O céu estava nublado, o que era um alívio.
O sol, sempre implacável com sua pele pálida, estava escondido atrás das nuvens densas, e uma brisa suave soprava pelo ambiente, carregando consigo um frescor revigorante.
Ela sentiu o peso diminuir em seus ombros, ao menos por alguns momentos.
Sempre cuidadosa, trazia consigo um chapéu preso à cintura, amarrado com uma fita que antes adornava seu penteado.
Ao caminhar, a fita balançava levemente com seus movimentos, como se estivesse participando da dança silenciosa que o vento orquestrava.
Enquanto andava, a paisagem começou a mudar gradualmente.
O caminho antes pavimentado dava lugar a um chão mais terroso, repleto de pedrinhas que, a cada passo, rangiam suavemente sob seus pés.
Ela olhou em volta e percebeu que havia se afastado mais do que pretendia.
Foi então que, ao virar uma pequena curva, o espaço se abriu diante dela de uma forma inesperada.
Um vasto campo de flores surgiu à sua frente, espalhando cores vibrantes por todos os lados.
Os olhos de Catheryne brilharam com surpresa e encanto.
Um sorriso involuntário se formou em seus lábios, uma expressão que ela raramente exibia dentro das muralhas do palácio.
Aquele campo era um oásis de serenidade, um refúgio longe das pressões e exigências que sempre a acompanhavam.
Sem hesitar, ela entrou no campo, sentindo seu vestido raspando nas plantas, suas mãos tocando suavemente as flores enquanto caminhava.
As cores eram vívidas, cada pétala parecia cantar uma canção silenciosa, harmonizando-se com a brisa suave que dançava entre elas.
Ela se abaixou, arrancando uma das flores delicadamente e levando-a ao nariz.
O aroma doce preencheu seus sentidos, e por um breve momento, o mundo parecia simples e perfeito.
O som do vento, o farfalhar das folhas, e o perfume das flores criavam uma bolha de tranquilidade ao seu redor.
Ali, ela riu sozinha, deixando-se levar por uma felicidade rara e genuína.
Ela sentiu que finalmente havia encontrado um lugar onde podia respirar sem o peso das expectativas alheias.
Mas essa paz durou apenas até que um som interrompeu seu devaneio.
"Crack!"
O som de um galho se quebrando à distância a fez endireitar-se imediatamente, seu corpo reagindo com uma rapidez involuntária.
O coração disparou, e sua mente se preparou para o desconhecido.
Instintivamente, segurou o chapéu, pronta para usá-lo como uma arma improvisada, seus olhos varrendo o campo à procura da origem do som.

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𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗
Hayran KurguCatheryne, uma garotinha albina, cresceu no orfanato Casa da Lareira, onde apenas Tália a tratava com gentileza. Descoberta como uma transcendental, foi levada para a presença do imperador Claude de Alger Obelia, tornando-se a segunda princesa do im...