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Os dias desde o encontro com a garotinha misteriosa passaram, mas Catheryne não conseguia afastar a imagem da menina de sua mente.

Aqueles olhos azuis, tão idênticos aos de Claude, a assombravam, criando um enigma que sua mente se recusava a soltar.

Era como se o simples vislumbre da criança tivesse acendido uma fagulha de curiosidade que não podia ser ignorada.

O desejo de perguntar a Claude sobre ela crescia dentro de si, mas o medo a mantinha em silêncio.

Como poderia indagar sobre algo tão íntimo a ele? A ideia de mencionar alguém cuja existência nunca fora confirmada era aterrorizante.

E se ele reagisse mal? A relação com Claude já era tensa o suficiente para que ela evitasse o mínimo sinal de provocação.

O silêncio era uma escolha segura, mas também dolorosa.

Ela estava tão imersa nesses pensamentos que mal notou o leve puxão em seu couro cabeludo, um fio de cabelo preso no enfeite que usava.

Um grunhido involuntário escapou de seus lábios quando a empregada puxou o fio com cuidado, tentando soltá-lo sem causar mais dor.

O enfeite, uma delicada cruz com uma pedra vermelha cintilante, parecia mais pesado naquele momento, como se simbolizasse não apenas um acessório, mas o peso das responsabilidades que carregava.

Vestida com roupas leves, adornadas por ricos detalhes em ouro, vermelho e branco, Catheryne parecia a personificação de uma nobreza graciosa, mas seu coração estava inquieto.

Outro dia estava começando, mais um no qual ela seria escoltada até a igreja ao lado de Claude.

As vestes que usava, elegantes e simbólicas, anunciavam que a ocasião não seria trivial.

Ao que tudo indicava, a visita à igreja envolveria Donnovan e um ritual que, apenas de pensar, fazia um calafrio correr pela espinha da princesa: o "ensaio" do selamento de seus poderes.

Aquele termo, "selamento", soava como uma sentença, uma corrente invisível que seria colocada sobre ela para mantê-la sob controle.

Embora a ideia de ser protegida de si mesma parecesse prudente, havia algo profundamente opressor em ser tratada como uma ameaça constante.

Por trás dos sorrisos formais e das promessas de segurança, Catheryne sentia o peso da desconfiança que cercava sua existência.

Ser diferente era um fardo.

- Alteza, o imperador lhe espera.

A voz suave de uma das criadas a trouxe de volta à realidade.

Com um aceno sutil, ela se levantou da penteadeira, o som do tecido de seu vestido roçando o chão ecoando suavemente pelos aposentos.

Havia uma gravidade em seus movimentos, uma lentidão deliberada que refletia a hesitação e a apreensão que sentia.

Cada passo parecia carregado de dúvidas, como se o trajeto até Claude fosse uma caminhada em direção ao desconhecido.

Enquanto atravessava os longos corredores do palácio, suas mãos roçavam suavemente as paredes, sentindo a frieza das pedras sob seus dedos.

As memórias dos dias recentes se misturavam em sua mente, criando um mosaico de emoções que ela não conseguia organizar.

A imagem da menina loira correndo pelo campo de flores continuava a flutuar em sua mente como um sonho distante, uma lembrança que parecia quase irreal, mas que, de alguma forma, se tornara um ponto fixo em seus pensamentos.

𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora