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O tinteiro repousava ao lado da folha, enquanto Athanasia deslizava a pena sobre o papel.

Com a língua presa entre os dentes, ela escrevia com atenção, os cachos dourados caindo sobre seus ombros enquanto murmurava cada letra em voz baixa.

- Catheryne... Mikhai... Lyssa?

Seus olhos azuis brilharam de curiosidade ao terminar de escrever.

- Nomezinho pomposo.

Ela ergueu as sobrancelhas em uma tentativa de arquear apenas uma delas, mas falhou miseravelmente, deixando sua expressão ainda mais exagerada.

Catheryne, sentada ao lado dela, soltou uma risada, os cabelos albinos balançando levemente.

- É, mas foi esse o nome que o imperador me deu quando cheguei aqui.

Antes que Athanasia pudesse dizer qualquer coisa, Félix, que estava logo atrás delas, levantou a mão como uma criança ansiosa para participar da conversa.

- Eu ajudei a escolher! - ele declarou orgulhoso, coçando a nuca em seguida. - Nem acreditei quando ele me ouviu.

Catheryne revirou os olhos de maneira divertida.

- Então você é o culpado por isso.

Félix riu, dando de ombros.

Athanasia, ainda processando o nome longo demais para seu gosto, inclinou a cabeça e apoiou o queixo na palma da mão.

- Mas por que não Alger Obelia?

A pergunta saiu naturalmente, e sua expressão se contorceu em pura dúvida. Para alguém como ela, que havia estudado a linhagem imperial e os costumes do palácio, parecia estranho que a menina adotada pelo imperador não tivesse recebido o nome tradicional da família.

Catheryne estalou a língua e fez gestos com os dedos, como se estivesse explicando algo óbvio.

- Porque eu não sou uma descendente. É um costume político.

Athanasia piscou, confusa.

Catheryne se recostou na mesa, a postura desmanchando-se de maneira relaxada.

- A princípio, meu nome é Catheryne Mikhai Lyssa, mas depois disso viria o Alger Obelia.

Ela se esticou um pouco e continuou com um tom meio teatral:

- Então, meu nome completo é Catheryne Mikhai Lyssa de Alger Obelia.

Houve um momento de silêncio.

Athanasia franziu o cenho e, sem a menor cerimônia, virou o rosto com uma expressão enojada.

- Credo.

Catheryne arregalou os olhos.

- O quê?!

- Parece o nome de uma nobre metida a besta!

Félix gargalhou alto.

- Ah, mas tem nomes muito piores por aí!

Catheryne cruzou os braços, parecendo ofendida.

- Exatamente! Tem muito mais pessoas na história com nomes pomposos!

- Eu sei! - Athanasia exclamou, jogando as mãos para o alto. - Eu andei estudando tanto! Os nobres gostam de enfiar mais nomes em si mesmos do que vestidos em um baile!

Ela gesticulou de maneira dramática, como se estivesse narrando uma grande tragédia.

Catheryne pegou a folha que Athanasia usava e a observou com atenção.

𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora