Embora transcendentais fossem raros, Obelia era um império conhecido por lidar relativamente bem com uma quantidade "alta" de pessoas nascidas com essa condição.
Antigamente, os transcendentais eram apenas mortos.
Mas quando a Balança de Aura foi criada, a ideia de permitir que eles vivessem em paz, com o poder selado, passou a ser considerada viável.
Ainda assim, às vezes, eram apenas mortos... de forma misericordiosa.
Quando um transcendental morre, o normal é que seu poder salte para fora do corpo - e, nesse processo, ele pode destruir uma vasta área. O selo servia exatamente para evitar esse tipo de colapso.
Tudo mudou quando um antigo imperador adotou um transcendental e o tornou seu herdeiro.
A partir daí, formas mais precisas e eficazes de selamento começaram a surgir.
O que antes dependia exclusivamente da Balança de Aura e da doação de parte da mana de um membro da família imperial passou a ser substituído por artefatos bem mais práticos.
Mas, entre todos esses métodos...
Catheryne odiava aquele pincel.
Com a camiseta aberta, sentia a pele queimar e latejar conforme o líquido vermelho era traçado sobre sua pele pelo artefato.
Aquele pincel era um artefato mágico, criado para fortalecer o selo da Balança de Aura.
Os traços do selo eram redesenhados pela mão firme de Donnovan.
O cardeal recitava um encantamento enquanto a magia fluía.
A cor da marca em seu peito se tornava viva novamente - intensa, vibrante, quase parasita.
Ela odiava aquela sensação.
Sempre se lembrava daquele dia.
Do dia em que foi selada.
Se pudesse descrever... qualquer transcendental odiaria ser afogado em uma piscina de água gelada enquanto gritava de dor.
Catheryne piscou ao sentir Covet passar a mão por sua cabeça.
A rosada não sorria, mas segurava sua mão, firme, enquanto via a pele da garota ficar avermelhada. Sua criada estava ali, acompanhando aquela pequena tortura.
Enquanto isso, Claude observava de braços cruzados. Já era noite, e Félix demorava uma eternidade para voltar do Palácio Rubi - justo quando a sobrinha mais precisava. O imperador achava isso irônico.
Então Donnovan finalizou o processo, batendo o pincel contra um pote cravejado de pedras, feito de prata e ouro. Guardou os equipamentos com cuidado na maleta que havia trazido.
- Foi apenas um pequeno episódio de estresse - o cardeal explicou, levantando-se. Ele girou a trança para trás das costas e sinalizou para que o imperador o acompanhasse até fora do quarto.
Enquanto isso, Covet analisava a pele de sua ama. Estava vermelha e levemente inchada.
Catheryne mordeu a língua ao sentir o formigamento daquela substância.
- A senhorita precisa de um banho - Covet disse, guiando-a até o banheiro enquanto a ajudava a retirar a roupa com cuidado.
Do lado de fora, caminhando pelos corredores:
- Foi só um erro - Donnovan retomou, descontraído. - Como eu disse, o estresse deve ter feito com que a energia se tornasse mais ....condensada e acabasse enfraquecendo o selo. Uma pequena manutenção resolve. - Ele apontou para a maleta com um sorriso satisfeito.
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𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗
FanfictionCatheryne, uma garotinha albina, cresceu no orfanato Casa da Lareira, onde apenas Tália a tratava com gentileza. Descoberta como uma transcendental, foi levada para a presença do imperador Claude de Alger Obelia, tornando-se a segunda princesa do im...
