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Ela permaneceu imóvel, sentindo-se completamente fora de lugar no quarto opulento que agora lhe pertencia.

Nunca em sua vida, nem nos seus sonhos mais distantes, havia imaginado que um dia escutaria aquelas palavras da boca de um imperador.

"É seu."

A declaração ecoava em sua mente, referindo-se ao quarto luxuoso que lhe havia sido entregue no Palácio Esmeralda.

Ela agora era oficialmente uma princesa, reconhecida e tratada como tal. Mas, ao invés de conforto, a ideia lhe trazia uma sensação de pavor. A carruagem havia chegado ao destino final e, ao descer, foi recebida por criados que se curvaram respeitosamente.

Levaram-na até seu "novo lar", o quarto que deveria ser seu refúgio de conforto. Mas a cada passo, a grandiosidade do lugar a envolvia mais, tornando-se quase sufocante. Desde o momento em que passou pela imensa porta, Catheryne ficou paralisada, observando tudo ao seu redor, boquiaberta. O choque já durava um minuto inteiro.

Ela mal conseguia acreditar no que via. Os móveis eram tão luxuosos que ela nem ousava estimar o valor. Havia adornos intricados nas paredes, um carpete tão macio que seus pés afundavam como se pisassem em nuvens, e espelhos que refletiam sua figura cansada. O guarda-roupa imenso estava repleto de vestidos de seda, veludo e tecidos que ela nunca havia sonhado em tocar, muito menos vestir.

Tudo aquilo era surreal demais. Ela se sentiu tonta, como se o mundo ao seu redor estivesse girando lentamente.

Pelo menos até que as empregadas, com toques suaves, pegassem sua mão e a guiassem em direção ao banheiro. Quando foi a última vez que havia tomado um banho? Sua mente vagava confusa. Ela havia ficado desacordada por quanto tempo? Três... quatro dias?

Sim, deviam ter sido três.

Dentro do banheiro, ela quase chorou de alívio ao sentir a água quente. A tensão em seus músculos começou a derreter lentamente, enquanto a realidade de sua nova vida se instalava aos poucos em sua mente.

Ela foi vestida com um vestido de seda azul-acinzentado, longo e de mangas bufantes, que caía suavemente até os tornozelos. Um laço volumoso estava amarrado em suas costas, e a cintura era marcada por uma fita de cetim na mesma cor do vestido, puxando-a para um visual que ela considerava exagerado para alguém tão jovem.

Sobre os ombros, um xale de renda fina e transparente, cheio de detalhes elaborados, foi cuidadosamente colocado. Nos pés, sapatinhos de couro macio, também bordados, completavam o conjunto, refletindo a mesma elegância do resto do visual.

Apesar de todo o luxo e elegância, Catheryne se sentia sufocada. A combinação de elementos delicados e ornamentos lhe dava a sensação de estar mais como uma boneca de porcelana exposta em uma vitrine do que como uma criança de oito anos.

Ela não sabia como se mover com naturalidade naquele vestido, tão longe de seu estilo simples e minimalista, o que só aumentava a sensação de desconforto.

As empregadas, ao que parecia, deviam achar que qualquer criança adoraria tantas rendas e laços, sem se darem conta de que, para ela, tudo aquilo apenas a fazia sentir-se ainda mais deslocada.

As empregadas, ao que parecia, deviam achar que qualquer criança adoraria tantas rendas e laços, sem se darem conta de que, para ela, tudo aquilo apenas a fazia sentir-se ainda mais deslocada

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Catheryne mal sentia suas pernas quando foi conduzida pelos corredores intermináveis do palácio até o escritório do imperador.

Cada passo parecia mais pesado que o anterior, e o ar ao seu redor se tornava denso com a expectativa. O vestido elegante e opressor a incomodava a cada movimento, mas o que realmente a apavorava era a ideia de encarar o homem que a aguardava.

Assim que a porta do escritório foi aberta, ela entrou lentamente, como se quisesse adiar ao máximo o encontro inevitável. Fechou a porta com cuidado, evitando a todo custo cruzar os olhos afiados e impassíveis de Claude. Seu coração batia forte, e ela sentiu a presença dele, fria e autoritária, dominando o ambiente.

– Muito bem... – A voz do imperador reverberou pela sala, cortante como uma lâmina. O som parecia ecoar em sua mente, e ela lutou contra o impulso de encolher-se.

Ele não era um homem de rodeios, e ela sabia que o momento era crucial.

Ainda sem coragem de olhar diretamente para ele, Catheryne apenas acenou em resposta. Então, com um esforço quase desesperado, apressou-se até o sofá no centro da sala, o lugar que lhe parecia mais seguro naquele instante.

Sentou-se com dificuldade, o vestido volumoso atrapalhando seus movimentos. Tentou ajustar sua postura, endireitando-se e cruzando as mãos no colo, tentando imitar a perfeição quase sobre-humana com que Claude mantinha sua postura. No entanto, a pequena Catheryne sabia que seu esforço era patético comparado à elegância natural do imperador.

Ela respirou fundo.

O som suave e preciso da caneta pena do imperador riscando o papel foi a única coisa que ofereceu a Catheryne um momento de distração em meio à tensão sufocante. Cada rabisco parecia ecoar pelo ar pesado da sala, enquanto ela tentava desesperadamente acalmar os nervos. Mas, então, o olhar de Claude se encontrou com o dela. Um olhar tão afiado que a fez desviar os olhos no mesmo instante, o medo evidente em sua expressão.

– Como sabe – a voz dele veio fria e implacável –, de agora em diante, será tratada como uma devida princesa. E como minha herdeira, terá de se adaptar aos custos dessa posição que lhe foi dada como privilégio...

Privilégio. A palavra ressoou na mente de Catheryne, quase como uma ironia cruel. Se pensasse bem, não havia nada de privilegiado em sua situação. O único motivo pelo qual fora aceita como membro da realeza não era por mérito ou por algum laço familiar. Ela não era filha legítima de Claude, nem possuía a mana poderosa que os membros da família imperial tinham. Seus olhos não brilhavam com a mesma intensidade régia. Ela era apenas uma peça incomum que ele havia decidido tolerar em seu círculo.

E agora, por isso, seria submetida a uma nova realidade. Aulas de etiqueta, história, filosofia, e qualquer outra disciplina que julgassem importante para moldá-la à altura da posição que lhe haviam "concedido". Toda semana. Todos os dias. Uma rotina rígida que começaria sem demora, impondo-lhe a educação precoce e implacável da realeza.

Enquanto o imperador continuava a ditar suas palavras cuidadosamente elaboradas, pontuadas por pausas calculadas e vírgulas que davam peso ao seu discurso, Catheryne sentia um aperto crescer em seu peito.

Quanto mais ele falava, mais ela apertava os punhos sobre o colo, tentando conter o turbilhão de emoções que ameaçava transbordar. Seu corpo pequeno tremia levemente, mas ela mantinha a postura, determinada a não demonstrar fraqueza.

Claude a encarava como um leão vigia sua presa, com olhos penetrantes, avaliando cada pequena reação. Catheryne sabia que estava sendo julgada a cada segundo – não apenas pelas palavras que ouvia, mas pela maneira como reagia a elas. O peso daquele julgamento a esmagava, mas ela continuava firme, mesmo que por dentro o medo e a incerteza a corroessem.

Continua...

𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora