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Catheryne estava no meio de uma aula exaustiva de etiqueta quando a inesperada interrupção ocorreu.

Sua postura rígida e concentrada, equilibrando livros sobre a cabeça enquanto caminhava sobre uma linha fina no chão, estava prestes a ser quebrada.

O professor de Arlante, senhor Ullicer, fazia perguntas incisivas, tentando extrair dela respostas que, naquele momento, pareciam impossíveis. Cada passo era uma batalha entre se manter ereta e tentar recordar as respostas adequadas.

Mas, apesar de seus esforços, o peso da experiência recente com Donnovan ainda pairava sobre sua mente.

O choque do cidadão batendo na janela da carruagem continuava a assombrá-la, e o pensamento de que poderia ter se ferido a deixava inquieta.

Desde aquele dia, algo dentro dela parecia ter mudado.

Uma leve aversão à carne havia surgido, algo que não passou despercebido por Madame Pompidou, que prontamente a repreendeu.

“Como espera se comportar como uma princesa se não consegue nem mastigar corretamente?”, lembrava-se das palavras da madame como agulhadas.

E agora, ali estava ela, tentando compensar as falhas passadas com mais uma exibição de perfeição em sua postura.

O ambiente estava tenso. Madame Pompidou, como de costume, mantinha seus olhos afiados sobre Catheryne, cronômetro em mãos, pronta para registrar cada deslize.

Ullicer, por sua vez, reorganizava papéis, preparando o próximo conjunto de questões.

Foi então que a porta se abriu abruptamente, revelando Félix, o guarda pessoal da princesa.

Seu cabelo ruivo parecia desordenado, e uma expressão de ansiedade estava gravada em seu rosto.

Ele estava visivelmente agitado, o que fez Catheryne se sobressaltar e, em um instante, todos os livros caíram de sua cabeça, espalhando-se pelo chão de mármore com um som estridente.

Madame Pompidou nem precisou dizer nada, o olhar de desapontamento que ela lançou foi o suficiente para fazer o rosto de Catheryne corar.

Os olhos da professora se voltaram para o pequeno cronômetro em sua mão, e ela suspirou pesadamente. Mais uma vez, Catheryne não havia conseguido superar o tempo de seu recorde anterior.

Ullicer, sempre o mais calmo dos dois, balançou a cabeça com um leve suspiro, reorganizando suas notas, como se aquele episódio fosse mais uma falha para ser corrigida no futuro.

– Mil perdões, alteza! – Félix começou, inclinando-se em um gesto de desculpas apressadas, mas recuperando rapidamente a compostura.

Apesar de sua aparência geralmente confiante, havia algo diferente na maneira como ele falava naquele momento.

Havia uma ponta de excitação em sua voz, algo que imediatamente captou a atenção de Catheryne, mesmo em meio à tensão da aula interrompida.

– Vossa majestade anda considerando a possibilidade de a senhorita aprender esgrima – ele disse, com um brilho de entusiasmo nos olhos.

Essas palavras caíram sobre a sala como um trovão. Catheryne, Madame Pompidou e Ullicer ficaram igualmente surpresos, ainda processando o que Félix acabara de dizer.

– Esgrima? – A albina finalmente questionou, descrente. Seus olhos se arregalaram, tentando imaginar a ideia de si mesma empunhando uma espada. Era algo tão distante da rotina que conhecia, tão fora do que esperava de sua vida no palácio, que a noção parecia quase absurda.

Madame Pompidou, nunca tímida em expressar sua opinião, balançou a cabeça em reprovação.

– Uma dama aprendendo a usar espadas? – O desdém em sua voz era claro. Ela olhou de Catheryne para Félix, como se a mera sugestão fosse uma afronta a tudo o que ensinava. – A princesa já não possui uma agenda corrida o suficiente? Receio que espadas sejam a menor das preocupações dela.

𝚃𝚑𝚎 𝙾𝚖𝚗𝚒𝚙𝚘𝚝𝚎𝚗𝚝 𝙿𝚛𝚒𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜 𝚁𝚒𝚜𝚎𝚜 𝙰𝚐𝚊𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora