A Estranha - 01

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Diário:

Antes tudo era quente, preto e branco, havia um vazio insuportável, o qual nunca era preenchido. Duas linhas horizontais, agora tudo era vermelho e frio, mas eu ainda continuava vazia. Os meus olhos se dilataram, e a minha visão falhou, o teto do banheiro parecia mais alto que o normal, eu pude sentir o desespero me sufocar. Não, morrer não era algo bonito, pelo contrário, tudo era feio, e doloroso. Eu então contemplei o meu último suspiro...

Era o primeiro dia de aula, as férias haviam acabado. Amélia não queria levantar aquela manhã, por ela dormiria o ano inteiro, mas infelizmente ela teria que encarar mais um ano de escola.

- Acorda logo, você vai se atrasar! -Gritou, o padrasto da garota.

A jovem se sentia enjoada, toda vez que ouvia a voz do homem.

- Vamos! - Gritou ele, dessa vez batendo com força, na porta do quarto.

Amélia não tinha escolha, ela teria que se levantar. Sem nem uma animação, a garota tomou um rápido banho gelado, pegando a primeira roupa que viu em sua frente, e se vestiu.

A garota usava um moletom de capuz, azul escuro, uma calça surrada, e um all star velho na cor preta. Usar cores não fazia mais sentido para a menina. Ela pegou sua velha mochila, saindo do quarto.

Amélia estava com pressa, ela não parou nem para tomar café. A sua mãe se encontrava bêbada, no sofá da sala dormindo. A jovem correu em direção a porta, mas antes de sair o seu padrasto a segurou.

- Vai sair sem dar um beijo, no seu padrasto? - Disse o homem, que cheirava a cerveja.

- Eu ja estou atrasada. - Disse Amélia, puxando a maçaneta.

- Só depois que você me der um beijo. -Disse o homem, sorrindo.

Watson não tinha uma outra escolha, a garota téria que fazer o que o seu padrasto pedia, pois caso o contrário, ela não iria conseguir sair dalí. Com o estômago completamente embrulhado, a garota deu um rápido beijo, no rosto do homem nojento. Ele então, abriu a porta sorrindo, Amélia saiu rapidamente, a jovem não queria ficar lá, nem mais um minuto.

A garota caminhou em passos lentos, em direção ao ponto de ônibus, a espera do transporte escolar. Não demorou muito para que o enorme ônibus amarelo parasse, abrindo as portas para a garota. Amélia então respirou fundo, antes de subir no transporte.

- Bom dia, minha jovem. - Disse o motorista, que era um senhor simpático.

- Bom dia. - Respondeu Amélia, com um sorriso tímido.

Já haviam alguns alunos no ônibus, que encaravam a garota.

- Subiu a aberração! - Gritou Justin, um dos garotos que estava sentado, em uma das cadeiras de trás.

O rapaz e os outros riam da garota, que apenas baixou a cabeça, se sentando em uma das fileiras da frente, em uma cadeira perto da janela.

- Cuidado, não vá se jogar pela janela! - Gritou Justin, e todos os outros jovens riram.

- Eu não quero ouvir essas piadas de merda, no meu ônibus! Se não calar a boca garoto, eu vou ai, e te jogo para fora. - Gritou o motorista.

Após a bronca, os garotos pararam com as piadas, deixando a garota em paz. Amélia puxou o capuz do seu moletom sobre a cabeça, pegando os seus fones de ouvido. O objetivo, era ir todo o trajeto ouvindo música. No seu celular tocava, a discografia da banda The Smiths. A primeira música da sua playlist "How soon is now", era a música favorita da jovem.

Amélia só queria ignorar os cochichos, que viam da parte de trás. A jovem sabia que todos deveriam estar falando dela, por isso agradecia por ter conseguido comprar, aquele celular velho. Assim a garota não téria que ouvir, todas aquelas piadas de mau gosto, que faziam sobre ela.
Não demorou muito, para que o ônibus chegasse ao colégio. Amélia tirou os seus fones de ouvido, os guardando junto com o seu celular, em um dos bolsos do seu moletom. Ao se levantar do acento, a garota foi empurrada por Justin, que a ameaçou.

- Preparada para mais um ano de inferno? - Disse o rapaz, descendo do ônibus sorrindo.

Chateada, Amélia arrumou a mochila nas costas, descendo do ônibus. A garota parou em frente ao colégio, sabendo que o seu sofrimento, apenas havia começado. Naquele exato momento, a única coisa que a jovem queria, era correr para o mais longe possível dalí.
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A Menina Com Cortes No Pulso - Billie Eilish x S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora