Capítulo 6: duas almas: Você é um anjo?

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Anakin a fitou. Seu coração disparou e ele não se importava se a mãe iria repreendê-lo por encará-la tão diretamente, dizendo que era falta de educação.
– Você é um anjo?
Ela piscou e  mal conseguiu esconder um leve sorriso, causando um arrepio na barriga de Anakin. Ele se via confuso com suas emoções, sem compreender ao certo o que aquilo significava, e tentou ignorar.
– O quê?
– Um anjo. - ele ressaltou. - Já ouvi pilotos interestelares mencionando anjos.
Curiosa, ela começou a se aproximar.
– São as criaturas mais bonitas do universo, habitam as luas de Iego, eu acho. - prosseguiu Anakin.
Um sorriso surgiu nos lábios da jovem.
– Você é tão bonitinho.
Ele segurou um sorriso, apesar de tudo, ela ainda era uma estranha.
– Como sabe tanta coisa?
– Fico ouvindo os mercadores e os pilotos que aparecem por aqui. Eu sou piloto, sabe? -Anakin continuou.- e um dia vou embora desse planeta voando.
– É piloto?
– Sim, sempre fui.
– E seu sonho é sair deste planeta?
– É, sim. Tenho vários sonhos, mas um deles é poder tirar minha mãe e eu deste fim de mundo.
– E há quanto tempo está aqui?
– Desde pequeno.Três anos, eu acho.
– É um escravo?
Ele detestava o termo "escravo". Detestava ser um. Negava ser um.
– Eu sou uma pessoa, e meu nome é anakin.
– Desculpe, eu não conheço nada daqui. É tudo muito estranho pra mim.-a menina apressou-se em dizer.
Jar jar Binks causava confusão, sendo desajeitado como sempre. Tropeçando em cacarecos e ligando máquinas sem querer. Anakin deu orientações sobre desligar um tipo de androide e rapidamente voltou sua atenção para o objeto em suas mãos.
– Peço perdão por ele.-ela começou.- É muito  desajeitado.
R2-D2 também parecia envergonhado com a bagunça.
– Peço desculpas também. -jar jar binks disse, tentando ajeitar umas peças que havia derrubado.
– Está tudo bem. Estas bugigangas vivem ligando sozinhas, é só bater no nariz que elas voltam a desligar.
E de fato, funcionou.
– Qual é o seu nome?- indagou ele, olhando novamente para a jovem.
– Padmé, e é um prazer conhecê-lo, Anakin -foi a resposta.
–É uma princesa?- perguntou ele.
–Não. - respondeu ela prontamente.
– Tem certeza?
– Claro que tenho.
– Você se parece com as princesas das histórias -observou ele.
Ela sorriu, envergonhada, como se não estivesse acostumada a elogios.
– Você é muito gentil.- agradeceu ela.
Ele continuou a observá-la, sentindo-se de um jeito que não conseguia explicar. Havia algo nela que o cativava. Naquela região, a maioria das pessoas era rude e interesseira, mas Padmé emanava uma tranquilidade indescritível que tocava Anakin profundamente, e ela com certeza lhe seria uma ótima amiga, e ele faria de tudo para ser amigo dela também. Era a única razão para seu coração aquecer ao vê-la. Seu coração a reconhecia como uma pessoa boa e amiga.
– Tem amigos?
– Tenho, mas poucos. -ela respondeu.
– Eu também. As crianças por aqui acham estranho o fato de eu consertar coisas.
– É o seu trabalho?
– Sim, apesar disso gosto mesmo de consertar.
De repente, o homem a qual Watto, o comerciante, estava negociando voltou, andava com precisão.
– Vamos indo.
E logo tratou de sair da loja. Padmé olhou para Anakin.
– Gostei mesmo de te conhecer.
– Também gostei de conhecer você.

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Quando saíram da loja de watto, Qui-gon começou a falar com o jedi mais novo, que padmé descobriu se chamar Obi-wan, através de um rádio comunicador. Eles conversavam sobre troca e dinheiro. Aparentemente não havia como pagar pelas peças que precisavam. Afinal, não se imaginava que os vendedores fossem tão astutos.
Padmé notou que as pessoas andavam apressadas, guardavam as coisas da feira. Qui-gon jinn parecia ter notado algo a mais.
– Acredito que haverá uma tempestade de areia.
O Jedi havia falado baixo, mas ela o ouviu mesmo assim. Começaram a andar mais depressa, colocando a mão um pouco a frente do rosto, com a intenção de bloquear as partículas de areia que chegavam através do vento forte.
– Ande mais rápido, Jar jar. - Qui-gon pediu.
– Ei, esperem! -alguém gritou.
Os quatro pararam de andar e se viraram, dando de cara com o pequeno Anakin.
– As tempestades de areia são muito fortes e muito perigosas. Não vão conseguir voltar para a nave de vocês. Venham comigo, venham para a minha casa.
– Tem certeza, garoto?
– Sim, minha mãe não verá problema nisso.
Após caminharem mais um pouco, enquanto a tempestade ganhava força a cada minuto, eles finalmente chegaram à casa de Anakin. Era simples, como todas as outras. Qui-gon conversou com a mãe do garoto, pedindo-lhe desculpas pela intromissão, e lhe contando que anakin os havia convidado. A mãe, shmi, como havia se apresentado, sorriu dizendo que não haveria problema algum.
– Vem, vou te mostrar o C3-PO. -Anakin segurou a mão de Padmé com firmeza e saiu em direção à outro cômodo.
Chegando a outra sala, também pequena, Padmé avistou um androide ainda inacabado em cima da mesa.
– Ainda não está pronto.
– Mas isso é fascinante, ele é perfeito.- a menina olhava para o androide com surpresa.
– Você gostou mesmo? Eu o chamo de  C3-PO, é um modelo para ajudar minha mãe.
– Você é incrível, Anakin. Fez isto sozinho?
R2-D2 também parecia surpreso.
– Claro que fiz. Depois vou lhe mostrar o Pod que estou construindo.
– O pod...-ela tentou recordar-se.
– Sim, um carro de corrida.
Anakin clicou em alguma parte do androide em cima da mesa e isso o fez ligar. Começou a falar muitas coisas enquanto o menino ajeitava seus olhos de máquina.
– Eu tenho questionamentos sobre a estabilidade deste piso. - disse o C3-PO, dirigindo o olhar para R2-D2. - Bem, acho que ainda não nos conhecemos. Sou o C3-PO, um ciborgue especializado em interações humanas.

                         –––––☆–––––

– Os escravos têm um dispositivo implantado em algum lugar do corpo.
Os convidados ouviam Anakin e sua mãe lhes contar sobre como era viver em Tatooine, e principalmente sendo um escravo. Shmi havia feito uma refeição para todos e colocava as panelas sobre a mesa.
– Estou trabalhando num escaner para achar o meu dispositivo implantado.
– Quem tentar fugir... -shmi sentou-se ao lado de Anakin.
– Será explodido. Bum! - o menino bateu de leve em cima da mesa, fazendo um "bum" parecido.
– Que rudes! - jar jar binks parecia amedrontado.- todos os escravos possuem isso?
Shmi afirmou, balançando a cabeça.
– É impossível que haja escravos na galáxia. As leis da República contra a escravidão... -Padmé estava indignada.
– A república não existe aqui. -Shmi falou meio triste.- Temos que sobreviver assim.
– Isso tudo é lamentável. Como o Senado pode deixar isso acontecer? -a jovem continuou.
– Nem todo político quer o bem do povo. - Qui-gon lhe disse.
Padmé se recusava a acreditar que aquilo era possível. "Escravos. O tanto que lutamos para redigir a lei que proíbe a escravidão, e ainda assim... essa prática continua por aí."
– Alguém já viu uma corrida de Pods? - Anakin perguntou, de repente.
Qui-gon parecia interessado. Talvez já tivesse visto algumas corridas e sabia das dificuldades e diversões. O jedi se inclinou um pouco para frente, com a intenção de ouvir bem o que o menino tinha a dizer.
– Sou o único humano que corre.- o menino falou com entusiasmo.
– Você tem reflexos de jedi, não me surpreende que seja bom.
– Você é um caveleiro jedi, não é?
– Por que você acha isso?
– Eu vi o sabre de luz. Só um jedi possui um.
Qui-gon sorriu, indiferente.
– Vai ver eu matei um jedi e tirei isso dele.
– Eu não acredito. Ninguém mata um jedi.
– Antes fosse assim. - Qui-gon murmurou.
– Um dia eu sonhei que era um jedi, voltava pra cá e libertava todos os escravos. Você veio nos liberar?
Qui-gon respirou fundo, como se lamentasse.
–  Infelizmente, não.
– Eu acho que veio, senão por que estaria aqui?
Anakin mostrava-se um jovem cheio de esperança, cativante. Ao pensar em como ele, se fosse de Naboo e visse a situação lá, não desistiria de buscar uma solução, Padmé sentiu-se motivada a manter-se firme, impressionada com sua incrível força de vontade.
– Não adianta mentir pra você, anakin. Estamos indo para Corustant, sistema central da República, em uma missão muito importante. - o jedi explicou.
– E como vieram parar nesse fim de mundo?
– Nossa nave inguiçou e só poderemos ir quando for reparada. - Padmé respondeu.
– Eu posso ajudar, conserto qualquer coisa.
– Eu acredito, mas antes temos que conseguir as peças. - Qui-gon falou.
– E sem nenhuma coisa pra trocar pelas peças.-jar jar lamentou enquanto comia uma fruta.
– Esses sucateiros devem ter algum ponto fraco. Não é possível que não tenham. -padmé disse.
– Apostas. Tudo aqui gira em torno disso.- a mãe de anakin voltou a falar.- Apostas nessas corridas terríveis.
– Corridas de pod. - Qui-gon parecia pensativo.- A cobiça pode ser uma grande aliada.
– Eu construi um pod. O mais veloz! - Anakin se animou.- Vai haver uma corrida amanhã, Boonta Eve, podia me escrever.
–Anakin! Watto não vai deixar.
– Ele não precisa saber que fui eu que construi, mãe.  -e logo voltou sua atenção para o jedi.- Você pode dizer que ele é seu e que me pediu pra pilotar.
– Não gosto que corra. Morro toda vez que watto diz pra vc participar.
– Mas mãe, eu gosto. O prêmio vai dar pra comprar as peças que eles querem.
– Anakin...
– Ela tem razão.- o jedi interferiu.- Existe alguém simpático a república que possa ajudar?
– Não. - Shmi lhe disse em voz baixa.
– Mãe...
– Anakin, está tudo bem. – Padmé sorriu para ele.‐ Sua mãe não quer que você corra perigo. Está tudo bem. Vamos arrumar outro jeito.
Mais uma vez, Anakin observou o belo sorriso dela
– Não, ele... - a mãe do menino suspirou.- Ele pode ajudá-los. Ele nasceu para ajudá-los.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora