Capítulo 21: Campos de paixão

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Um piquenique. Sim, nada como um piquinique para apagar memórias que insistiam em permanecer em suas mentes.
Padmé e Anakin fingiam muito bem. Na verdade, eles achavam que fingiam bem. Quando, na realidade, tudo parecia errado. Mal conseguiam, mas queriam fazer de conta que tudo estava bem, apesar de terem sonhado com mais beijos na noite anterior.
Foi então que padmé sugeriu um piquenique nos vastos campos verdes, e anakin acatou a ideia. Levaram consigo cestas com alimentos frescos e deliciosos, e uma toalha grande para estender sobre o chão. Era um belo local. Havia cachoeiras ali perto, o que deixava tudo mais suave.
– Brincava por aqui?
O padawan perguntou, enquanto estava sentado olhando o céu azulado.
– Bem, sim. Brincávamos muito por aqui. Lembro da última vez que visitamos este lugar como um "grupo". Estávamos ficando mais velhos, e bom, todos começaram a gostar de alguém. Então...
Anakin sorriu simples. Mas sua mandíbula se contraiu.
– Minhas amigas começaram a se apaixonar por alguns rapazes, e deram seus primeiros beijos ali. Está vendo? Ali, naquela colina.
Lembrou-se do dia em que Lília faltou à aula para encontrar um rapaz, pedindo para ela ajudá-la a encobrir. Padmé recordava que as coisas não terminaram bem, já que a professora descobriu e as colocou de castigo.
– Você também?
– O que?
– Deu seu primeiro beijo ali?
"Que ótimo assunto para termos, ani.", pensou ela ironicamente. Mas Anakin parecia impassível, sem expressões de nervosismo. Para ele o assunto não parecia delicado.
Padmé praguejou mentalmente.
– Eu não sei. -ela respondeu.
Anakin riu fraco.
– Claro que sabe, só não quer me contar.
– Vai usar um dos seus truques jedi em mim? -implicou.
– Só funcionam em mentes fracas.
Ela o olhou. Anakin parecia mostrar que tudo estava bem. Tudo estava normal. Que não deveriam ficar relembrando aquilo, então tinham de agir como antes do beijo.
Ela sacudiu a cabeça levemente. Ele parecia estar fazendo a parte dele, então ela tinha de fazer a dela.
– Tá bom.
Padmé passou as mãos sobre o vestido amarelo que usava, a fim de ajeitar a saia em seu colo.
– Eu tinha doze anos. Estava no programa legislativo para jovens. E ele era um pouco mais velho do que eu. Muito bonito. Cabelos encaracolados e olhos sonhadores.
– Tá, já deu pra imaginar.
– Ele era do meu grupo de amigos. E bem, teve um dia em que todos foram embora muito cedo  e apenas nós dois ficamos. Andamos pelos campos e depois, quando estava na hora de ir, ele me beijou.
– E você gostou?
– Não vou falar isso a você.
– Amigos contam estas coisas.
Ela cerrou os olhos. Queria gritar com ele, dizendo-lhe que amigos não se beijavam, coisa que eles haviam feito.
– Amigos também contam sobre os sonhos que tiveram. -ela implicou.
– Não fuja da pergunta.
Padmé quis revirar os olhos.
– Não me lembro, foi muito rápido.
Apesar disso, ela lembrava sim. Foi apenas um beijo. Simples. E uma certeza que ela tinha, não tinha sido como beijar Anakin. Não foi avassalador.
– E o que aconteceu com ele?
– Eu fui para o serviço público e ele acabou virando um artista.
– Talvez ele tenha sido mais esperto.
Ela cruzou os braços.
– Você não gosta mesmo de políticos, não é?
– Gosto de dois ou três. Mas não estou muito certo sobre um deles.
Padmé não conseguiu não rir.
– Não acredito que o sistema funcione. - Anakin continuou.
– E como funcionaria para você?
– Precisamos de um sistema em que os políticos se reúnam, discutam os problemas, concordem sobre o que é melhor para o povo e então... façam.
– Mas é exatamente oque nós fazemos, o problema é que nem sempre as pessoas concordam.
– Então deveriam obrigá-las.
– E como faríamos isso? Quem faria isso?
– Alguém...
– Você?
– Claro que eu não.
– Então...alguém.
– Alguém sábio. -anakin pontuou.
– Para mim isso está parecendo uma ditadura.
– Se funcionar...
Anakin olhou para ela sugestivo. Seus olhos brilhavam com malícia, mostrando que ele sabia que sua provocação poderia irritá-la. Padmé arregalou os olhos levemente. E então, Anakin não conseguiu conter o riso, sorrindo descaradamente.
– Você está brincando comigo.
Padmé disse e lhe deu leve tapa no braço.
– Não, brincar com uma senadora nunca. Nunca faria isso.
Padmé decidiu dar-lhe mais um tapa.
– Já pensou em se tornar um jedi? Sua habilidade não é comum.
Ela o encarou com fúria, ameaçando com outro tapa.
– Ai, ai... espere, princesa - ele segurou suas mãos. - terei que denunciá-la ao conselho.
– Anakin, você está sendo ridículo.
Mas logo em seguida, ele foi atingido por um grande animal.
– Ei, o que é isso? - perguntou, levantando-se e limpando as roupas.
– É um shaak. Fique tranquilo, Ani. Ele é herbívoro - ela riu. - todos são.
Os animais se aproximavam do campo, pastavam a grama e perambulavam pelo local.
– Eles são bem estranhos.
– Na verdade, não são tão estranhos - Padmé levantou-se.
Anakin sorriu e correu até um deles, subindo com agilidade e destreza. Ficou de pé em suas costas. No entanto, o shaak não parecia contente e começou a andar mais rápido. O jovem tentava manter o equilíbrio enquanto lutava para conter o riso. O animal saltitava, tentando derrubá-lo, e foi assim que Anakin caiu.
Padmé soltou uma risada alta, algo que as regras de etiqueta desaprovavam. No entanto, não viu Anakin levantando-se. Ele ainda estava lá, largado no chão.
Imediatamente, ela correu em direção ao padawan, preocupada.
– Ani! - ela corria segurando a barra da saia para não tropeçar enquanto se aproximava em sua direção - Você está bem?
Ao se agachar ao lado dele, Anakin virou-se de barriga para cima e começou a rir para ela.
– Ah, seu bobo! - Padmé deu-lhe alguns tapinhas. Anakin não parava de rir, e a senadora também não. Ele segurou os pulsos dela, fazendo-a cair sobre seu corpo. Juntos, rolaram pela colina verdejante, gargalhando.
– Você é tão ridículo. - ela falou quando pararam, agora por cima dele.
– E você já disse isso.
– Eu sei, mas gosto de reforçar.
– Para convencer a você ou a mim?
Ela estreitou os olhos, tentando manter-se séria, mas era difícil. Anakin conseguia fazê-la rir facilmente. E isso não devia estar acontecendo.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora