Capítulo 25: Pedido de socorro

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Um.
Dois.
Três.
Quatro.
"Ani, é você!?"
Cinco. Seis. Sete. Oito.
Gritos.
"Meu filho, você cresceu tanto. Está tão lindo."
Nove. Dez. Onze. Doze.
Correndo como covardes.
"Sei que agora posso descansar"
Treze. Catorze. Quinze. Dezesseis. Dezessete. Dezoito. Dezenove. Vinte...
Mais gritos.
"Eu o amo tanto, meu filho. Fico tão feliz por você ter se tornado um guerreiro"
Quarenta e oito.
Anakin retirou o sabre de luz das entranhas do último tusken.
Silêncio. Os primeiros raios do amanhecer tocaram sua face séria.
Silêncio.
Sentiu seus olhos úmidos. Ele estava chorando.
Lágrimas escorriam. Ele não conseguia enxergar direito.
Doía.
Tudo doía.
Seu coração. Seus olhos. Seu corpo. Sua mente.
Sua mãe.
Sua mãe morrera em seus braços.
Sua mãe dera o último suspiro.
Após eliminar todos, ele gritou, tomado pela dor.
E o coração de Tatooine ouviu e lamentou. 
Depois de um tempo que não souberia precisar, ele se encontrou em frente à casa dos Lars. Sentia como se tivesse dirigido sem direção, mas ali estava, no final das contas. Levantou-se silenciosamente, mas todos na casa saíram apressados. Preferiu não pensar se ainda estavam com a esperança de que ele voltasse com Shmi viva, isso o destruiria ainda mais. Assim, cuidadosamente, pegou o corpo envolto em tecido e começou a caminhar. Cliegg Lars inclinou a cabeça para baixo. Anakin percebeu que ele estava chorando, mas seguiu em frente, sem olhar para nada além da areia diante de si, até entrar na casa.
Após conversarem sobre o horário do enterro, despediu-se das pessoas dali e caminhou até a nave e ocupou sua mente consertando algumas coisas.
Uma, duas, três, quatro horas.
Consertar. Consertar. Consertar. Consertar.
Dentro da nave reinava um silêncio absoluto. Ele percebia a presença de Padmé e a tensão que a envolvia. Desejava encontrá-lo, mas não tinha certeza se devia fazer isso, se havia dado tempo suficiente para ele. A preocupação dela era palpável. Mas, de repente, ele ouviu o som delicado dos passos dela descendo as escadas. Seu perfume a precedeu, trazendo uma fragrância doce e tranquilizadora.
– Eu trouxe comida. Está com fome?
Ele não respondeu. Continuou mexendo no sistema de controle. Mas padmé se manteve lá.
Ela usava roupas de tom azul, de manga comprida, afinal a nave estava fria.
– O câmbio quebrou. - Ani respondeu em tom baixo.
A senadora respirou profundamente e colocou a bandeja com comida em cima de uma mesa.
– A vida é tão simples quando a gente conserta alguma coisa. -ele continuou.
Padmé nada disse. Ele sabia que ela estaria ali para ouvi-lo e ampara-lo. Sentiu-se fraco. Ela não devia ser obrigada a isso.
– Eu sou bom em consertar coisas. Sempre fui. Mas não consegui...
Ela deu alguns passos chegando mais perto dele.
– Ani, não precisa...
– Porque ela teve que morrer? Porque eu não consegui salvá-la? Eu sabia que poderia salvá-la.
– Existem coisas que ninguém consegue consertar, Ani. -ela disse apertando sua mão de leve.- você não é onipontente.
Anakin andou para longe, passando as mãos pelo rosto.
– Mas eu deveria ser. E algum dia eu vou ser. Serei o jedi mais poderoso que já existiu.
Parecia frustrado. Irritado. Suas emoções todas bagunçadas.
– Eu prometo a você, vou aprender a como impedir que as pessoas morram.
– Anakin!
Ele andou para perto da bancada.
– Isso tudo é culpa do Obi-wan. Ele é invejoso, está me reprimindo. Não quer que eu seja mais forte que ele.
– Não diga isso. Sabe que ele o tem como um filho. Sabe que ele quer o melhor para você.
Anakin respirou fundo.
– Eu... eu...
Um murmúrio de desespero saiu de seus lábios.
– O que houve, Ani? Qual o problema?
O padawan não conseguia olhá-la. Seu coração doía.
Como fora capaz? Pelos céus!
– Eu... eu matei eles. Matei todo mundo. Estão mortos.
– O que?
– Não sobrou ninguém vivo. E não só os homens, mas as mulheres e as crianças também. Eles são como animais e eu os exterminei como se fossem animais. Eu os odeio. Odeio.
Ele se permitiu cair. Sentou-se no chão, com a costas encostadas na bancada e puxou as pernas para perto. Ele era um monstro, pensou. As lágrimas voltaram. A garganta arranhava. Errado. Tudo errado. Tudo de errado.
Sentiu as mãos de Padmé em seus cabelos.
Ela estava muito perto, ajoelhada a sua frente.
E sem esperar mais, ela o abraçou com força. Quente, ela estava quente. Vívida. E ele a abraçou de volta, permitindo-se chorar.
Pois sua mãe havia morrido.
Pois havia sido um fracassado, que nem conseguira salvá-la.
Pois matara.
Matara pessoas sem piedade.
– Eu estou aqui. Estou aqui, Ani. -ela sussurrou.
E ele a abraçou com mais força.
– Ficar com raiva não é bom pra você. Não é bom pra ninguém. -padmé concluiu.- olhe para mim, por favor.
E o rapaz o fez.
– Se quiser chorar, você pode. Isso não o torna fraco. Isso o torna humano. Não sei por que associam o choro com fraqueza quando, na verdade, enxergo isso como franqueza. Transparência de alma. Você também é meu lar, Ani. Então pode chorar em sua casa.
Ani riu fraco.
– Obrigado, meu bem. Obrigado.
Ela passou os dedos em sua face e depositou um beijo em sua bochecha, e anakin a puxou novamente para um abraço.

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– Eu sei que onde quer que você esteja, será um lugar bem melhor. -Cliegg Lars falou olhando para a recente lápide de Shmi.- Você foi uma mulher adorável. A melhor que um homem poderia ter. Adeus minha querida esposa.
Quando terminou, olhou para Anakin que deu um passo à frente e se ajoelhou perante a lápide.
– Eu não fui forte o suficiente para salvá-la. Não fui forte o suficiente.– Ele disse angustiado.
Sabia que todos o ouviam, mas não ligava. A raiva interior que sentia era grande.
– Eu lamento. Mas não vou falhar novamente.
As memórias de sua mãe encheram sua mente. Lembranças. Momentos bons. Momentos felizes. Seu abraço quente e caridoso. Ele nunca se perdoaria por isso.
–  Sinto saudade.-admitiu.- Tanta saudade.
Owen Lars se aproximou, seu irmão, se ajoelhou diante do túmulo da mãe. O rapaz pronunciou algumas palavras até que o pai pôs a mão em seu ombro, oferecendo consolo.
– Ela sempre falou muito sobre você, Anakin Skywalker. Nos contou sobre suas travessuras de criança e o quanto era bom em consertar coisas. - o mais velho disse.
– Ela disse que você voltaria. Sempre acreditou que voltaria aqui algum dia. Sonhava que nos conhecêssemos.
– Falhei com ela. Peço desculpas à vocês por isso.
– Não, anakin. Você não o fez. Shmi tinha muito orgulho de você. Fique tranquilo. Ela com certeza está em paz. - Cliegg contrapôs.
Toda a aura de tristeza e luto foi atrapalhada por R2 que vinha apressado em direção à eles.
– R2, o que está fazendo aqui? -Padmé perguntou.
– Parece que ele traz uma mensagem de Obi-wan. Mestre ani, esse nome tem algum significado para o senhor? - O androide C3-PO falou.
Anakin ficou em alerta e sem esperar mais nada, saiu em disparada junto à padmé.

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– Anakin, se estiver recebendo essa mensagem a transmita à Coruscant. Meu transmissor foi danificado, então prestem atenção.
Conectando alguns sistemas, ele viu quando o painel de controle indicou o sucesso de conexão com coruscant.
– Ouvindo estamos. - mestre yoda falou.
– Eu segui o Caçador de recompensas Jango fet, está claro que ele e seu grupo estão envolvidos  na tentativa de assassinato da Senadora. Conde dookan também está envolvido.
Ouviu-se um coro de surpresa da transmissão de coruscant. A crença e esperança de que Dookan não estivesse envolvido era forte até então.
– Tudo está uma bagunça. Aparentemente é um grande complô. Muitas pessoas que não pensávamos estar envolvidas nesse plano, estão!
– Mais séria do que pensávamos essa confusão é. -Yoda concluiu.
Obi-wan deixou de falar de repente. Sua transmissão havia sido cortada. Algo de errado havia acontecido.
– Anakin, vamos enfrentar o Conde. - Mace Windu falou.- fique onde está e proteja a Senadora, lembre-se de que isso é sua prioridade.
Desse modo, a conexão se encerrou. Anakin passou as mãos pelo rosto, sentindo que a situação estava se tornando uma confusão grande e problemática. No que Obi-Wan se meteu?
– Para essa transmissão ter sido encerrada, acredito que tenham capturado mestre kenobi.
O padwan respirou fundo. Afinal, ela estava certa.
– Eles nunca vão chegar a tempo. Mas Geonosis é a menos de um passo daqui.- a Senadora protestou.
Se ele ainda estiver vivo.
– Ani, você não vai fazer nada? Ele é seu amigo, seu mentor...
– É como se fosse meu pai. Mas você ouviu o mestre Windu, devo ficar aqui e obedecer as ordens de proteger...
– Pelos céus! Não fale como se você obedecesse ordens, ani. Você é rebelde.
— Essas ordens dizem respeito a você, portanto, sim, Padmé, obedecerei, pois não posso arriscar. Não consigo sequer imaginar algo ruim acontecendo com você. Sei que você é forte, mas muitos desejam sua morte, caso tenha se esquecido.
R2 fez algumas reclamações em direção ao C3-PO, que não parava de tagarelar ao seu lado.
– Eu sei que você quer ir até lá. Eu sei que deseja salvar Obi-Wan.
Padmé se levantou, visivelmente alterada. Tudo aquilo a estava deixando irritada. Se decidisse correr um risco, ninguém conseguiria impedi-la. Ser senadora não implicava em ficar parada enquanto outros lutavam e a defendiam.
– Claro que quero. Não posso perder o meu pai! -anakin respondeu mais alto.
Dando-se conta do que havia falado, endireitou-se rapidamente.
– Eu não vou ficar aqui, vou atrás dele. Se você quiser me proteger... sabe o que tem que fazer. Você deve me acompanhar em qualquer lugar que eu vá, certo? - A senadora respondeu, tentando disfarçar um sorriso satisfeito. 
Anakin não conseguiu evitar um sorriso. 
Ela era audaciosa, e como ele a adorava. 
– Muito bem, você é quem manda.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora