Capítulo 14: Um baile de normalidade

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Padmé caminhou até o meio do salão juntamente com lorde Berryton. Seria uma dança mais próxima, comum em bailes como aquele. A nobreza gostava de tentar formar casais. A senadora olhou para o outro lado enquanto dava a mão ao lorde a sua frente. Anakin trouxera sua parceira de dança para o meio do salão também e logo depois de rir junto a ela,  olhou para Padmé. Sua velha amiga deu um sorriso amigável que ele retribuiu. Mas o padawan logo voltou sua atenção para a sua acompanhante.
Padmé endireitou-se. Estava feliz por ver seu amigo novamente, fazia muito tempo.
E assim, a dança começou. Era uma dança elegante e romântica. Os dançarinos giravam suavemente pelo salão, movendo-se em círculos enquanto seguiam o ritmo da música. Todas as pessoas apreciavam àqueles que estavam dançando. Exalavam graciosidade e suspense.
A senadora dançava graciosamente pelo centro do salão com seu parceiro, com seus olhos brilhando com a alegria da música. Apesar de entregue à dança, parte de sua atenção se desviava para um jovem em particular. Um desejo inexplicável a impelia a buscar seu olhar, a presença magnética dele exercendo um fascínio irresistível. Mesmo imersa na festividade do baile, ansiava por aquele breve instante de conexão com ele. Anakin também a observava, mesmo enquanto bailava com outra dama.
"Faz muito tempo, Ani. Você cresceu tanto." Ela pensou.
– Senadora Padmé, conhece o padawan desde criança, não é? -lorde Berryton perguntou, de repente.
Ela voltou a olhar para ele, envergonhada por ter esquecido com quem dançava.
– Ah, sim. Nos conhecemos há dez anos. Anakin era uma criancinha.
Lorde Berryton riu.
– A senhora também era uma criancinha.
– Tinha catorze anos. Anakin era um garotinho, ainda o vejo assim.
– O padawan não é um garotinho, senadora. Está mais alto que o próprio mestre.
– É, eu sei... só é estranho. Estranho ver o Anakin tão mudado.
– Minha irmã está interessada nele, veio o caminho inteiro perguntando se o padawan estaria aqui.
Padmé ergueu uma sobrancelha.
– Ah... é mesmo?
– Sim. Mas ouvimos dizer que jedis não podem se apaixonar. As esperanças dela e de todas as moças da cidade devem estar sendo destroçadas.
Ela engoliu em seco. Mas sorriu em seguida.
Com movimentos graciosos e sincronizados, seus olhares se encontraram mais uma vez, onde segredos e promessas silenciosas eram compartilhados a cada passo.

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– Dança muito bem, padawan.
A moça com quem ele dançava disse, de repente.
– Ah, obrigada. - ele sorriu.
– Costuma dançar com muitas mulheres?
Ele olhou de relance para Padmé, que conversava com o lorde ao qual ele não sabia quem era. Ele queria dançar com ela.
– Não. Sou um aprendiz de jedi, não costumo parar muito para dançar.
A mulher arqueou as sobrancelhas de forma insinuante.
– Então, só dança com quem realmente quer, jovem Padawan?
Ele permaneceu em silêncio, limitando-se a sorrir de maneira educada.
– Sinto-me sortuda por ter a oportunidade de dançar contigo, muitas aqui gostariam de estar no meu lugar. Você está se tornando famoso, Skywalker.
– Já ouvi falar a respeito.
– Está acostumado com isso?
– Sim. Mal consigo sair às ruas - ele brincou.
Ela riu.
– É melhor nem tentar, é uma verdadeira provação para as mulheres.
Eles interromperam a dança. Havia acabado. Quando Anakin voltou a olhar na direção da Senadora, ela já não estava lá. O lorde que havia dançado com ela parecia entretido com um grupo de políticos, discutindo sobre um assunto que Anakin preferia nem imaginar.
Ele vasculhou o salão com os olhos, um pouco agitado, em busca de Padmé.
"Onde você está?", pensou consigo mesmo.
E então vislumbrou um vestido em tons de azul adentrando o jardim.
"Pelos céus."
Ele começou a se mover apressadamente, desviando-se de algumas pessoas e esbarrando sem querer em outras.
Atravessou as portas que davam acesso ao jardim, olhou para todos os lados, encontrando arcos de arbustos, o que deixava o
ambiente ainda mais escuro.
Apressou-se mais. "Aonde você está?"
E com um impacto repentino, ele colidiu com algo, caindo bruscamente no chão.
Alguém despencou sobre ele.
– Padmé!- exclamou, encarando-a de frente. - O que pensa que está fazendo aqui? Não é seguro sair, você está sendo perseguida!
Ela parecia embaraçada por estar em cima dele, seu rosto estava corado.
–Eu... eu só precisava de ar.
–Então deveria ter me chamado para acompanhá-la.
– Não seria apropriado, Ani.- respondeu, mas logo sua expressão se transformou em um leve tom de irritação, afastando-se dele. - E você estava ocupado demais.
Ela limpou as mãos e Anakin franziu o cenho.
– Ocupado?
A senadora alisou o vestido, como se tentasse limpar uma sujeira invisível, mantendo o rubor no rosto. Anakin levantou-se rapidamente.
– Sim, você estava dançando. - a moça disse.
Ele soltou uma risada sarcástica.
– Você também estava.
Padmé o encarou com firmeza.
–É um baile.
– Sim, Padmé. É um baile.
Os dois cruzaram os braços, trocando olhares diretos.
– Não estou entendendo o que está acontecendo.
–Eu também não estou.- retrucou ela.
– Você está me criticando por dançar?
Ela quase quis revirar os olhos.
– Não, apenas estou explicando por que não o convidei para me acompanhar ao jardim comigo. Só isso.
– Parecia incomodada, princesa.
– Já não sou mais rainha, Anakin.
– Mas parece uma. E, aliás, a chamei de princesa.
– Não, não estava e nem estou incomodada.
– Parecia.
Ela cerrou os olhos.
– Estou cansada disso. Podemos voltar a ser como antes?
– Não mudei a maneira como a trato, princesa.
– Anakin...
Ele deu alguns passos, reduzindo ainda mais a curta distância entre eles.
– O que foi, princesa?
–  Não me chame assim.
– Por quê? Fica nervosa?
Anakin sorriu. Padmé encarou seus olhos. Estava com dificuldade para respirar e sentiu suas bochechas corarem novamente.
– Você, Anakin Skywalker. - ela o empurrou com o dedo indicador. - se tornou um canalha sem vergonha.
– De jeito nenhum.
Ela se afastou, indo em direção à porta.
– Estou voltando para o salão, afinal é um baile.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora