Capítulo 20: Sempre algo a mais

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Padmé não sabia o que fazer. Ao sair apressada da sala de jantar em direção ao seu quarto, decidiu não retornar. Deitou-se na cama e logo adormeceu, tendo um sonho vívido com ele. Beijos, carícias, gritos e arquejos.
Despertou de repente no meio da madrugada, com o corpo levemente suado, se perguntando se Anakin seria capaz de ler sua mente do quarto ao lado. Sentiu seu coração acelerar, aquecendo-se novamente, enquanto passava as mãos pelo rosto úmido.
– Céus! -sussurrou para si mesma.
Levantou-se, perturbada, sem se importar em pegar o roupão, pois mesmo com sua camisola mais leve e simples, sentia calor. Dirigiu-se até a varanda do quarto, onde foi acariciada por uma brisa fresca, suspirando profundamente. Esticou-se antes de contemplar a paisagem ainda mergulhada na escuridão da noite.
O luar emprestava um brilho prateado à paisagem adornada. Padmé contemplava as sombras dançantes das árvores, enquanto o vento suave brincava com os fios soltos de seu cabelo, fechando seus olhos por um momento, revivendo os detalhes do sonho que a visitou durante a noite. Sentia-se impura. "Pelos céus!"
No entanto, mesmo diante de todas as adversidades, um calor era sentido. Uma presença inquieta, porém gentil. Em um breve olhar para a varanda do quarto de Anakin ao lado, lá estava ele. Apoiado no parapeito, contemplando o jardim lá embaixo.
Ela percebia que ele sabia de sua presença. Questionava-se se ele teria conseguido dormir ou se teria escutado os pensamentos dela.
"Os Jedi conseguem fazer isso?", pensou ela.
– É impressionante como, a qualquer momento do dia, Naboo exala essa calmaria. -sussurrou ele, e seus sussurros chegaram aos ouvidos dela.
Era a mais pura verdade. Em Naboo, a natureza e a arquitetura se entrelaçavam em uma harmonia perfeita. Campos ondulantes pintados em tons de verde esmeralda, salpicados por lagos cristalinos refletindo o céu sereno. Majestosas construções adornadas por detalhes minuciosos contando histórias de eras passadas. Uma aura de tranquilidade preenchia o ar.
Ela desviou o olhar novamente para ele. Anakin estava sentado no parapeito da sua varanda.
Ela não tinha ideia de quando ele tinha saltado para a varanda dela, mas lá estava ele.
– Eu sei que você está chateada. - finalmente ele olhou para a senadora. - eu sei que fui muito estúpido na sala de jantar.
– Não estou chateada.
– Você mente muito mal, Padmé.
Ela soltou uma risadinha fraca.
– Peço desculpas, perdoe-me. Não deveria ter dito aquelas coisas. Nem deveria ter me incomodado com as cartas de Lorde Berryton. Me perdoe.
– Está tudo bem, Anakin.
– É que eu...
O padawan parou de falar. Parecia engolir as palavras que queria dizer. Olhou para baixo e desistiu. Padmé sabia que ele não iria concluir a frase.
– Desculpe, fui um idiota.
– Está tudo bem, também peço desculpas pelo que disse, Ani. Posso te chamar assim, certo?
Anakin soltou uma risada fraca.
O rapaz virou-se para observar o jardim novamente.
Padmé sentiu que ele apreciava muito Naboo. Parecia sempre encantado com a paisagem, como se cada vez que olhasse visse algo novo para se maravilhar.
A brisa fresca os envolveu.
Os cabelos dele balançaram levemente por estarem um pouco curtos.
– Você cresceu tanto, ao ponto de pensar daquela maneira, aquelas coisas... -ela começou, parando abruptamente.
Padmé arregalou levemente os olhos ao perceber o que havia dito. O jovem passou a língua discretamente pelos lábios, mas ela notou.
Ele respirou fundo.
– Vamos fingir que eu não falei aquilo, Padmé. Foi desrespeitoso aos seus ouvidos.
Ela apertou os dentes. Queria contar a ele sobre seu sonho, queria que compartilhasse mais sobre aquilo, pois não achava ofensivo aos ouvidos, vindo dele não era nada desrespeitoso. Segurou o parapeito em que estava encostada com força.
– Você sonha com alguém - sussurrou.
Não era uma pergunta.
Ele a encarou com seriedade.
– Sonha com beijos e muito mais do que isso - continuou ela baixinho.
E ela lembrou do próprio sonho. Beijos. Cama. Quarto. Arquejos. Paixão. Amor.
Balançou a cabeça rapidamente.
Ambos se fitaram. "Com quem você sonha?", ela refletiu.
Anakin continuava sério. Como se sofresse internamente.
– Sonho com a mesma pessoa todas as noites.
Padmé entreabriu os lábios. Tinha vontade de pedir para que ele lhe contasse. Que dissesse que sonhava com ela em voz alta. Que era ela que o beijava, que o abraçava.
"Não! É errado.", se repreendeu.
"Pare com isso, pare!"
– E... você gosta?
Ele ergueu uma sobrancelha de leve.
– É torturante. Mas, sim. É bom sonhar.
Ela engoliu em seco. Passou as mãos pela fina camisola e ajeitou os cabelos. Com o que ele sonhava, era o que ela queria saber.
– Pois bem, estamos acertados, não é? De manhã gostaria de visitar um local, Ani. Gostaria que fosse comigo.
– Tudo por sua segurança, Princesa.
E assim, ela caminhou para dentro do quarto, sentindo o olhar dele a acompanhando. Sentiu-se arrepiar por inteiro. Seu coração acelerado.
– Durma bem, Ani.
– Durma bem, milady.

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Anakin reconhecia que aquilo faria bem à ela. Padmé demonstrava grande expectativa em visitar aquele local.
Durante todo o percurso, ela observava os arredores com ansiedade, na esperança de que logo chegassem. Eventualmente, fazia comentários sobre a beleza do trajeto de barco, enfatizando que, não importava quantas vezes o percorresse, sempre se encantava. Porém, ele não estava tão atento assim.
Seu foco estava nela. A paisagem mais impressionante de toda a galáxia. Mais deslumbrante e envolvente. Mais profunda.
Enquanto a embarcação deslizava suavemente pelas águas serenas do lago, seus olhos não se desviavam dela. Ele admirava sua determinação e elegância ao explicar a geografia local, notando sua empolgação nesse papel. Desejava estar próximo dela, perder-se em seu olhar e compartilhar cada instante. A paixão ardia dentro dele, intensa e inegável, mesmo que fosse moralmente condenável. A despeito de sua repulsa a esse fato, sabia que era errado.
Ao perceber, eles finalmente haviam chegado. A balsa atracou e, então, pisaram em terra firme uma vez mais.
Anakin observou os arredores atentamente, buscando algo incomum. Tudo parecia em ordem. Subiram algumas escadas e encontraram-se em uma ilha. Um verdadeiro paraíso se revelava diante deles. A estrutura era deslumbrante, com pilastras em tons suaves e o aroma doce das flores no ar. Parecia quase uma varanda, de onde podiam apreciar as águas e as outras ilhas com clareza.
– Nós sempre vínhamos pra cá nas férias escolares.
Padmé começou a falar, enquanto eles andavam lado a lado e ela olhava maravilhada para todos os cantos. O vestido deslumbrante que ela usava, ao qual tinha um decote profundo nas costas de costas, parecia se encaixar perfeitamente com o ambiente. As tonalidades de amarelo, lilás e rosa em degradê faziam com que Padmé se assemelhasse a uma divindade.
– Nadávamos até aquela ilha todos os dias.
Anakin olhou para onde ela apontou. Uma ilha não tão distante quanto as outras. Uma ilha cheia de grama e flora magnífica, como em toda naboo.
– Eu adoro a água. Depois ficávamos sentados na areia até o sol nos secar, adivinhando os nomes dos passarinhos que passavam por ali.
Ela sorriu quando se apoiou no parapeito. Parecia nostálgica, como se lembrasse dos momentos da infância que se passaram.
– Eu não gosto de areia. -Anakin falou tirando uma simples pequena sujeira do parapeito.– É áspera, me incomoda, me irrita. Entra em tudo que é lugar.
Eles se encararam.
- Areia... faz você lembrar de casa, não é?
- Sim.
Tatooine era apenas uma lembrança distante. E anakin gostava que fosse apenas isso.
- Você sente falta da sua mãe?
- Todos os dias. Ainda estou esperando permissão para ir visitá-la. Planejo ir assim que me tornar um Jedi, para não haver impedimentos.
- Você vai conseguir, Ani. Sua mãe ficará muito orgulhosa.
Ele suspirou.
- Ela vai adorar visitar esse lugar. Tatooine é...
Ele piscou algumas vezes, franzindo levemente o cenho. Parecia não gostar tanto das lembranças daquele lugar. Por fim, respirou fundo e voltou a contemplar o horizonte.
- Tatooine não se compara a este lugar. Tudo aqui é suave. Não sei explicar, algo me prende aqui.
A moça o encarou. Seus olhos castanhos pareciam brilhar. Sua expressão inteligente e corajosa era motivo para Anakin sentir vontade de sorrir verdadeiramente.
- Tudo aqui é tranquilo.
Ele falou mais baixo. Lentamente, deslizou a ponta dos dedos em suas costas. A pele dela era suave. Macia.
Anakin sorriu delicadamente para ela, porém Padmé parecia ansiosa. Seus olhos estavam fixos nele, e aquele laço que apertava seu coração deu um repentino puxão. Sem conseguir resistir, ele reduziu a distância que os separava. Uma sensação avassaladora o invadiu. Pelos céus. Ele a havia beijado. Inclinou-se para puxá-la para mais perto, unindo seus lábios de vez e profundamente. Sentiu o doce sabor dos lábios rosados. Uma brisa envolveu-os com intensidade. Anakin estremeceu quando Padmé correspondeu ao beijo. Por mais que tivesse sonhado com aquele momento inúmeras vezes, a realidade superava todas as expectativas. Naboo era paradisíaco, mas a verdadeira perfeição era Padmé. Ela era sua redenção e sua perdição ao mesmo tempo.
Mas de repente, ela o afastou. Respirando com dificuldade.
Padmé desviou o olhar, voltando sua atenção para o horizonte.
– Não, eu não devia ter feito isso. -ela disse entre guaguejos.
Ele admitia, ainda que relutante, que ela estava certa. E odiava a galáxia por isso, apesar de saber que não deveria nutrir ódio, e muito menos amar Padmé.
– Desculpe. -ele falou.
Ambos, como covardes sentimentais, fingiram que aquilo que acabara de acontecer, não aconteceu. A despeito de seus corações pedirem por mais e suas mentes sonharem com aquele momento.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora