Capítulo 16 : A viagem

62 14 1
                                    

Padmé encontrava-se inquieta. Lançava olhares furtivos na direção de Anakin, que estava acomodado ao lado de seu mestre em um banco mais à frente no transporte.
Um embate interno a consumia, reafirmando a quão improvável era o sucesso daquela relação. A determinação em se manter firme era evidente. Era evidente que não seria viável. "Ele será um guerreiro do universo. Jedis não são feitos para amar".
A senadora pressionava suas próprias mãos, e bastava pensar em Anakin para sentir as bochechas corarem. Sentia-se tolamente boba. Reconhecia, é claro, que ele havia se tornado um jovem encantador, capaz de derreter corações com apenas um sorriso. Seu jeito de falar com ela era admiravelmente galante. No entanto, Padmé vacilava ao indagar se aquilo era natural para ele ou se ela estaria interpretando erroneamente as situações. Será que ele sentia borboletas no estômago ao vê-la? Sorria genuinamente ao pensar nela? Ansiava por abraçá-la, compartilhar segredos, acariciá-la no rosto, beijá-la?
Sacudindo a cabeça, Padmé tentava dissipar tais pensamentos.
"Isso é errado. Ele é seu amigo, afinal, e e você o conhece desde a infância.", pensou.
– Vá em paz, milady. -o capitão falou quando o transporte fez a parada na plataforma.
– Obrigada, capitão.
Padme olhou para uma de suas acompanhantes, ela estava cabisbaixa. Nitidamente preocupada.
– Ficará bem. - a senadora tentou conforta-la.
– Eu não, milady. -a moça começou.-  Me preocupo com a senhora. E quando perceberem que saiu da capital?
– Então meu protetor jedi terá de provar se é bom mesmo. - Padmé disse, olhando de relance para Anakin, que sorria discretamente para ela.
– Anakin, não faça nada sem me consultar ou consultar o conselho. - Obi-wan o avisou.
– Sim, mestre.
O jedi mais velho virou-se para a Senadora convicto.
– Levarei essa investigação a fundo, senadora. Em breve tudo estará resolvido.
– Muito obrigada, mestre jedi.
Anakin pegou algumas malas que ali estavam.
– Hora de irmos.
Então, os dois se prepararam para sair do transporte.
– Anakin, que a força esteja com você. - o mestre falou.
– Que a força esteja com você também, mestre.
Os dois começaram a andar, lado a lado, pela plataforma. Muitas seres de toda a galáxia passavam por ali. Muitas bagagens. Muitas naves. Era fácil de se perder.
– Estou nervosa.
Ela sentiu que anakin a olhou.
– É a minha primeira missão sozinho, eu também estou nervoso.
A senadora deu um sorriso singelo enquanto o olhava de volta.
– Mas o R2 vai com a gente.- ele disse, olhando rapidamente para o Android que os acompanhava. - Não se preocupe, princesa.
Ela riu, e ele também.
Dentro do transporte de onde haviam saído, estavam Obi-wan e o capitão Typho, observando os dois jovens caminhando juntos pela plataforma de lançamento.
– Espero que ele não faça nenhuma tolice.
– Estou mais preocupado com ela fazendo uma tolice do que ele. -Typho respondeu.

                       –————☆—————

Estavam com fome. Depois de algumas horas viajando pelo espaço, Anakin e Padmé decidiram procurar um local para comer naquela imensa nave. Passaram por alguns seres, exploraram corredores até encontrarem finalmente um restaurante. Sentaram-se em bancos improvisados e começaram a se servir.
– Não sei se a comida está deliciosa ou se estou apenas faminto - disse Anakin.
Padmé riu.
– Também não consigo saber ao certo.
– Bem, se olharmos para os outros nas mesas... parecem realmente apreciar a comida.
Padmé olhou ao redor. Na mesa ao lado, havia um grupo de seres intergalácticos de pele rosada, orelhas compridas e olhos grandes. Estavam aproveitando a refeição ao máximo.
– Eles se parecem com seu lorde.
Padmé se endireitou.
– Meu lorde?
Anakin apertou a mandíbula. A senadora parou de comer e encarou-o diretamente.
– Sim, o que você dançou.
– Ah, você quer dizer Lorde Berryton.
– Seja lá qual for o nome dele.
– Ele não é meu lorde. E não se parece em nada com aqueles ali.
– Parece, sim. Não ficaria surpreso se descobríssemos que eles têm parentesco.
Ela deu um leve tapa no braço dele.
– Pare de implicar com ele. Lorde Berryton não fez nada contra você.
Anakin suspirou.
– Seu lorde sabe lutar, por acaso?
– Eu já disse que ele não é 'meu lorde'. E não, não sei dizer.
– Acredito que ele não saiba. Parecia bem molenga. Não acho que saberia te defender de nada.- e antes que Padmé pudesse dizer algo, ele continuou. - E sim, sei que você não precisa de proteção. Mas mesmo assim.
– Pare de implicar.
– Aliás, ele nunca deve ter entrado em uma luta sequer. Pode ter certeza.
Anakin parecia prestes a rir ao terminar. Olhava para ela como se soubesse que tinha conseguido irritá-la.
"Idiota, talvez não tenha amadurecido tanto assim", mas ela logo se recompôs. Ele havia amadurecido, sim. Ela podia sentir. Provocá-la ou brincar não o tornava imaturo. Dava para perceber que ele havia crescido de verdade.
– Deve ser difícil dedicar sua vida ao jedi. Não poder visitar os lugares que gosta ou fazer as coisas que tem prazer. -ela falou, um pouco mais calma.
– Ou ficar com as pessoas que eu amo.
Ela o olhou mais uma vez.
– Vocês podem amar? Achei que fosse proibido para um jedi.
– Compromisso é proibido. -Anakin começou.- possessão é proibida. Mas com paixão, a qual eu definiria como amor incondicional, é primordial na vida de um jedi. Então, eu posso afirmar que somos encorajados a amar.
Padmé fixava seu olhar nele. Uma chama incendiou seu coração. Aquele laço que o envolvia pulsava incessantemente. Não parava desde que Anakin havia retornado, na verdade. Ele parecia encará-la com a alma.
"Não, estou imaginando coisas."
Mas, não. Ele realmente a contemplava com a alma. Com o coração.
– Você mudou muito.
– E você não mudou nada.
Ela quis rir. "Devo interpretar como um elogio?"
– Está exatamente como lembro nos meus sonhos.
Ela corou. Observou-o, levemente surpresa. Sim, ela conseguia perceber. Em seus olhos, havia uma linguagem silenciosa. Então ela compreendeu. Anakin nutria algo em seu coração. Algo por ela. Ora essa, ele havia dito ter sonhado com ela. O coração e o estômago de Padmé pareciam em festa. E ela soube que estava rendida. Pressentia estar desde o momento em que o conhecera.

𝙁𝙤𝙧 𝙮𝙤𝙪 - 𝐀𝐧𝐚𝐤𝐢𝐧 𝐒𝐤𝐲𝐰𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora