Som do amor || Tengen Uzui

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Estou encarando o número salvo a alguns minutos, ja é noite e começo a pensar que talvez isso seja a maior burrada da minha vida.
Resolvo deixar o lado de lado e abrir finalmenta na conversa, digito apenas um oi que logo foi visualizado.

Uzui: Oi? Quem é?

— É a linda mulher que você encontrou hoje.

Uzui: Kei, oi, que bom que me mandou mensagem.

— Sim...

Uzui: Então? Podemos sair algum dia?

— Pode ser amanhã? Final de semana vou estar ocupada.

Uzui: Sem problemas, qualquer dia está ótimo.

— Tudo bem então, amanhã as 19h

Uzui: Amanhã as 19h

— Boa noite, Uzui.

Uzui: Boa noite, Kei.

Desligo o celular e começo a encarar o teto, estou fazendo a coisa certa? Não sei, acho que ninguém sabe, é so vamos descobrir depois do jantar.

Era de tarde e o calor está começando a sumir aos poucos, o tempo frio começa a chegar e alegrar meu corpo, odeio calor, o frio faz nossa mente funcionar melhor e a ver o mundo com outros olhos.

No inverno tudo vai embora, as flores, as folhas das árvores, os passeios pelos parques. Mas também tem coisas que vem ao nosso encontro, o gelo, a neve, as roupas quentes, bebidas para esquentar o corpo, brincadeiras na neve. As estações servem para mostrar isso, que as coisas sempre estão ali como devem estar, para poder nos ensinar que tudo isso não passa de uma fase da nossa vida.

— A mamãe, chato — Encaro meu filho surpresa — Goto de fio, mai no calo tem paia.

— Mas você nunca foi para a praia — Ele sorri e pula em cima do sofá.

— Mais um dia eu vo — Ri das poses que ele faz e o pego no colo — Como é mia ecola?

— É bem bonita, a mamãe estudou lá quando era pequena e foi bem divertido, o lugar é grande — Yuta sorri enquanto falo de sua nova escolhinha, ele sempre gostou bastante de estudar em casa, mas acho que esta mais animado para ter novos amiguinhos — Segunda você já começa, tudo bem?

— Ta mamãe — Vejo ele encostar sua cabeça em meu ombro e fechar os olhinhos, faço carinho em seu rosto enquanto ele começa a pegar no sono.

Vou para o quarto que estamos ficando na casa da Sakura e coloco Yuta deitado em minha cama, deixo um beijinho em seu rosto e vou para a cômoda pegando a roupa que vou usar no jantar.

Escolho por uma mais simples, um vestidinho básico preto, e um salto baixo também na cor preta. Nada muito simples, mas também nada muito extravagante, tudo na medida certa. Deixo a roupa separada e vou para o banheiro tomar um banho, ainda está começando a esfriar, mas acredito que a noite vai ser mais calma e sem ventos muito gelados para poder congelar minhas pernas.

Tomo o banho e demoro um pouco mais que o esperado, agora ja passam das 18h e ainda não terminei de me arrumar. O cabelo opto por um rabo de cavalo um pouco alto e a maquiagem deixo simples, um delineado gatinho junto de um rímel e um gloss com cor na boca.

18h57, pego minha bolsa e coloco coisas importantes dentro, meu celular e carteira junto do gloss, apenas isso. Deixo um beijinho no rosto de meu filho e vou para o primeiro andar, consigo ouvir a buzina do lado de fora.

— Tchau Sakura — Beijo sua bochecha — Qualquer coisa em liga.

— Pode deixar, aproveita bem e pelo Deus que é mais sagrado, não faça um irmão para o Yuta — Arregalo os olhos e saio da casa.

Olho para a frente e vejo o de cabelos platinados escorado em seu carro, não é o mesmo de anos atras, é um dos modernos que os jovens fariam de tudo para poder se quer tirar uma foto.

— Oi — Me aproximo dele e sorrio — Você ta linda.

— Oi e obrigada, para onde vamos? — A porta do carro é aberta e entro ja colocando o cinto.

— Comida mexicana? — Seu olhar vem até mim, esperando alguma aceitação, concordo com um aceno de cabeça e vejo ele sorrir — Legal.

O caminho é quieto, ninguém conversa e o único som que tem dentro do carro é o rádio que toca uma música baixa, mas nada que irrite.

— Como esta seu filho? — Olho para o platinado e seus olhos continuam na rua.

— Ele esta bem, eu tive que correr do mercado porque ele tinha caído e batido a cabeça — Ri baixo — Exagerado. Mas e você? Como esta o casamento?

— Eu... não sou mais casado, tem três anos — Tentei controlar meus olhos, mas eles ja deviam estar do tamanho de uma melancia — É, foi bem complicado.

— E o bebê? — Continuo olhando para ele.

— Não era... meu — Coloco minhas mãos sobre minha boca e continuo olhando para o homem — Ela pensou que era, até o bebê nascer e não ter nada de nenhum de nós dois, completamente a cara do pai.

— Meu Deus, que horror — Sua risada é um pouco alta — Como você esta?

— Eu ja não ligo mais, na época eu me afundei, não trabalhava, não comia, não bebia, nada disso, eu... tentei procurar seu número mas estava bloqueado — Sorri e ele revira os olhos — Depois procurei seu Instagram e a conta é privada, não conseguia nem ver onde ou como você estava.

— É, a vida é complicada né? — O carro estaciona no mesmo restaurante que saímos pela primeira vez, tinha que ser logo esse?

Estou sentada encarando as comidas no papel a alguns minutos, não consigo decidir qual pedir e Uzui esta me encarando esse tempo todo sem falar nada, acredito que ele saiba como sou confusa e indecisa.

— Gostaria do número 7 por favor — Entrego o cardápio para a garçonete.

— Ok, e para o senhor? — Ela se inclina um pouco mais para a frente, seus peitos estão praticamente na cara do platinado. Ela é bonita, sua cintura marcada no cinto vermelho que esta usando é perfeitamente combinado com o vestido verde com a logo do restaurante.

— Eu gostaria do número 3 — Responde simples e continua me encarando — E se possível, poderia demonstrar mais respeito com a minha acompanhante?

— Claro, não sabia que vocês eram um casal — Ela anota algo no papel e entrega para ele, a mulher se afasta mas a cada passo da uma olhada para o homem.

— Você ainda chama a atenção — O papel que lhe foi dado é rasgado e jogado no canto da mesa — Era o número dela?

— Era, mas não estou ligando para isso, estou focado em outra coisa hoje — Não ergo meu olhar, continuo olhando os pedacinhos de papeis — Tabom, me desculpa.

— Sem problemas, mas não quero que seja uma saída para você tentar me beijar depois ou algo do tipo — Brinco com meus próprios dedos.

— Nunca faria isso com você, so se quisesse — Sorri e nossos pratos são servidos, por outra mulher, não a do número de telefone.

Comemos e os assuntos são simples, trabalho, casa, como foram esses anos longes, meu termino com o Tanjiro, seu termino com sua Ex esposa. Varios assuntos, menos filhos.

Continua...