Som do amor || Tengen Uzui

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Finalmente chego na academia, ela é enorme e não parece estar tão cheia, tive uma noite tranquila de sono, mas acordei com uma crise feia de ansiedade.

Entro e coloco meu dedo, ja vendo que minha digital esta cadastrada, oque me alivia de certa forma, não quero conversar com ninguém hoje.

Amarro meu cabelo e coloco os fones ligando a música, me alongo e começo os exercícios, odiava ter esse sentimento de vazio dentro de mim, as mãos trêmulas, o choro vindo até a garganta e tendo que ser segurado.

— Ei — Olho para frente e Uzui tinha o olhar preocupado sobre mim, não consigo aguentar e deixo as lágrimas molharem minhas bochechas, ele me puxa para seu peito — Ta tudo bem.

O choro continua baixo, tudo oque esta acontecendo agora, a demissão, a escola que Yuta ja vai começar, as perguntas sobre seu pai, minhas crises que só pioram cada dia mais, tudo esta me deixando cansada.

Preciso me segurar, não estamos em casa, mesmo esse corpo sendo um lugar conhecido preciso parar com isso, todos estão olhando, e espera, Uzui? Levanto meu olhar para o platinado que me olhava.

— Oi — Fecho os olhos fortemente, deve ser coisa de minha cabeça — Quer conversar? — Meu Deus, é real.

— Não... — Ele me solta e parece que meu corpo fica frio — Desculpa.

— Sem problemas, eu vou deixar você continuar seus exercícios — Concordo e ele se afasta indo para perto de dois caras que conversavam com ele.

Estou aqui a mais de uma hora, estou sentada no vestiário a alguns minutos, sei que a academia esta vazia nesse momento, todos saíram para o horário de almoço.

Me levanto e me olho no espelho, tirando a blusa que usava, meu corpo mudou muito depois da gravidez, a barriga já não é mais reta, minhas pernas não são definidas, meus peitos já não são pequenos mais, sou uma mulher adulta, adulta de verdade.
Escuto a porta abrir e visto a blusa rapidamente, me sentando novamente.

— Kei? — Ele não vai ir embora nunca? — Esta vestida?

— Sim... — Vejo ele se aproximar e se sentar ao meu lado.

— Oque aconteceu la fora? — Delicado igual a um cavalo — Você sempre teve suas crises por tudo oque tinha que aturar antigamente, mas isso foi diferente... ainda foi uma crise, mas oque aconteceu?

— Eu sou uma péssima mãe — Fixo meu olhar em um ponto no chão — Yuta agora esta crescendo, ele vai começar na escola e não estou preparada para oque ele vai sofrer lá.

— Porque ele sofreria? — Consigo sentir seus olhos em mim.

— Porque ele não tem um pai, ele vai sofrer bullying por isso, as crianças vão poder ir para as festas e os pais delas vão comprar doces, vão correr e brincar vão... — Sua mão tampa a minha boca, me fazendo finalmente o olhar.

— Oque aconteceu com o Tanjiro? — O encaro assustada, merda, fiz merda, fiz muita merda.

Me levanto e vou até a porta, ele se levanta também e vem até mim, seu rosto esta confuso.

— Tanjiro não... não é... — As palavras travam, é difícil de falar isso olhando para ele.

— Tanjiro não é... o pai? — E em um segundo é como se uma luz de esperança surgisse em seu rosto, a confusão ainda esta ali, mas a curiosidade é superior — Me fala.

— Desculpa, Uzui — Abro a porta e saio da academia, correndo até a casa de Sakura.

Tengen Uzui pov.

Abro a porta da casa do meu amigo rápido, encontrando ele sentado no sofá assistindo em sua televisão.

— Preciso do seu celular — Pego de seu lado e Rengoku se levanta me olhando assustado.

— Oque aconteceu? Quem morreu? — Digito o nome da mulher no instagram, mandando uma solicitação em seguida — Que isso? Porque mandou?

— Preciso ver uma coisa, preciso muito, vou ficar doido.

— Você ja é doido, não pode ficar mais, ou vão querer te internar — Me sento e espero, até o celular apitar.

— Ela aceitou — Rengoku se senta ao meu lado, me vendo mexer no perfil da mulher.

Quatro fotos em seu perfil, uma dela sozinha, uma com Sakura, outra com Zenitsu e uma com o bebê em seu colo, esta todo enrolado em uma coberta azul.

Abro os destaques olhando um por um, o de amigos, paisagens, comidas, dela sozinha e finalmente de seu filho.

As primeiras fotos é do menino recém-nascido, carequinha mas com os grandes olhos rosa, iguais aos meus. Passo mais fotos e são recentes, é como se estivesse vendo uma foto de quando eu era criança, não seria possível.

Me levanto e continuo olhando a foto que foi postada ontem, ela ao lado do pequeno, ele com um copo de Danone e um curativo em sua cabeça.

Pego as chaves de meu carro e desco correndo, deixei o celular de Rengoku em cima de sua mesa, não tenho tempo para me arrumar, preciso falar com ela. Preciso ver isso pessoalmente com meus próprios olhos.

Minha respiração esta acelerada e sinto que meu coração vai sair pela boca, paro o carro em frente a casa e bato na porta. Consigo ou ir um ja vai.

A porta é aberta e Kei arregala os olhos, esta completamente suja do que imagino ser farinha e segura uma espátula.

— Uzui...

— Por favor, me fala a verdade...

Continua...