A TERCEIRA PRIESTLY

Capítulo 10 - Saudade

Recomeçar a semana não estava sendo uma tarefa nada fácil para Sachs, sobretudo por se ver de pés e mãos atadas diante das peripécias do destino. Sabia que queria estar perto de Priestly, mas não era dessa forma que acreditava que o reencontro iria acontecer. Queria estar preparada para ele, mas a vida é assim, uma grande peça de teatro onde os atores atuam sem ter um roteiro, sem uma preparação prévia do que vai acontecer em cena.

Além disso aquela era a primeiro dia de aula de Chloé na escola nova e a garotinha parecia um tanto insegura, como toda criança quando passa por mudanças, tanto que não dormiu muito bem a noite e o pouco que dormiu, rolava de um lado a outro na cama pensando no quanto queria viver aquele momento tão especial e marcante na vida da garotinha, junto de Miranda.

Em seus pensamentos, eram vívidas a imagem da rainha da moda toda neurótica, enchendo a pequena de recomendações, não poupando esforços em torturar as pobres professoras da menina, caso esta chegasse com um mísero machucado...a via salpicando a Chloe de beijos, assim como a viu fazer tantas vezes com as irmãs mais velhas e tantas outras coisas se passavam na cabeça de Andy que definitivamente dormir, naquela noite não seria uma tarefa nada fácil.

Pela manhã Andrea preparou o lanche da menina com tudo o que ela gostava, fez algumas brincadeiras e durante o trajeto para a escola foram conversando, a mãe foi encorajando sua pequena, dizendo o quanto ela era incrível e corajosa, além de ser muito educada e meiga e que com certeza logo faria novos amigos e as previsões maternas não decepcionaram. Logo no portão de entrada Chloe olhou para uma garotinha linda, cabelos encaracolados, a pele mais escura do que a sua, quase retinta, de olhinhos puxados denotando sua ascendência afro-oriental e maria-chiquinhas em formato de coque, demonstrando estar bastante segura, pois certamente já devia ser aluna da instituição e que ao perceber os olhinhos assustados da ruivinha, encorajada pelo pai, foi ao encontro da futura nova amiga.

SUMMER - Olá! Eu me chamo Summer, e qual é o seu nome?

CHLOÉ - Oi, o meu nome é Chloé!

SUMMER - Quer que eu segure a sua mão para gente entrar juntas na escola?

Chloe respondeu dando a mãozinha para a menina, que certamente deveria ser um pouco mais velha do que ela e para a mãe-coruja, era confortante demais aquele carinho ofertado tão genuinamente à sua filha.

Sem perder tempo, assim que viu sua pequena e a mais nova amiga entrarem em sala de aula, após serem acolhidas pela professora e sua assistente que as aguardava na porta, ela foi se apresentar pai de Summer, que fora extremamente educado e amistoso, além de ser tão tagarela quanto ela e diferente dos outros pais que saíram em disparada tão logo deixaram seus filhos, ficaram conversando por um tempo em frente a escola, se despedindo após trocarem contato para que as meninas pudessem manter vinculo fora da escola, além disso ela também precisava de um círculo de novos amigos.

Em seu trajeto para o trabalho, Andrea se sentiu extremamente tentada em passar em frente ao prédio da Elias-Clark e foi exatamente isso que fez, tomada pela súbita e urgente vontade de ver Miranda, mesmo não se sentindo nem um pouco preparada para conversar com ela, e não foi preciso esperar muito tempo, poucos minutos após estacionar seu carro em frente ao Starbucks, onde paulatinamente executava sua primeira atividade do dia, a de comprar o café de sua chefe, viu Roy estacionar em frente ao imponente prédio espelhado e seu coração perdeu o ritmo ao ver a mulher dos cabelos platinadas, mais linda e mais imponente do que se lembrava.

Miranda vestia um conjunto de calça de alfaiataria e colete pretos e uma camisa branca com um generoso decote e saltos Manollo vermelho, fazendo par com sua bolsa e as argolas de ouro em composição com os colares e a armação quadrada de seus óculos escuros parecia aumentar ainda mais seu ar de soberania.

De repente, sem nem mesmo perceber Sachs suspendeu o ar ao ver a rainha da moda parar e olhar em direção à cafeteria, como se procurasse por alguém. Uma ação que não durou mais que poucos segundos, mas o suficiente para deixar a jornalista agitada por horas.