No Brooklyn, especificamente na última casa de uma pequena e charmosa vila, bastante arborizada e com arquitetura vintage, Andrea levantou mais cedo que o costume para preparar o café da manhã de sua pequena Chloe. Montou uma bandeja com as coisas que a menina mais gostava como morangos cortados em formato de coração, pãozinho com queijo de casquinha, suco de melancia e sua sobremesa favorita, tortinha de limão siciliano.
Desde que havia se tornado mãe, controlava ao máximo as guloseimas que comiam, mas aquele dia era especial, afinal sua garotinha iria pela primeira vez para um acampamento de férias, onde ficaria por uma semana e Andy só permitiu que sua garotinha fosse, porque o camping ficava há duas horas de sua casa, então seria fácil se deslocar caso a garotinha não se adaptasse em ficar longe da mãe.
Seria a primeira vez que as duas se separariam por tanto tempo, afinal sempre foi somente as duas. Durante os quase cinco anos em que morou no Canadá, não teve uma rede de apoio para lhe ajudar a cuidar de sua menininha. Embora tivesse feito boas amizades, não podia dizer que eram pessoas com as quais poderia contar, como contaria caso a menina tivesse os avós presentes, uma vez que seus pais, após a aposentadoria do Sr. Sachs viviam pelas estradas em seu motor-home, algo que sempre esteve nos planos do casal e Andrea não achava justo delegar a eles uma responsabilidade (ou não) que era somente dela e por isso tinha que arcar com as consequências de suas escolhas. Vez ou outra, tinha as mães de uma amiguinha de sua filha que lhe dava carona para ir ou na volta da escola e uma única vez Chloe dormiu na casa de Sarah.
Mesmo com o coração apertado, Andrea entendia a importância desse distanciamento. Via nesse passeio uma forma de permitir que sua filha tivesse mais autonomia e independência, de ir se preparando para a vida. Queria a sua garotinha uma menina forte e corajosa, capaz de enfrentar com bravura os desafios.
Claro que ela sempre estaria presente para sua filha e não mediria esforços para proporcionar-lhe o melhor que podia, mas era importante entender desde cedo a realidade em que viviam.
Tinha voltado a pouco mais de dois meses e ainda não havia contado aos amigos sobre seu regresso. Precisava primeiro se readaptar e adaptar a sua filha na nova cidade e por isso não queria alardear ninguém e no fundo também sabia que um dos motivos de seu retorno era o de estar perto de Miranda.
Nos anos em que esteve fora, mesmo com raiva e muita mágoa, não houve um só dia em que não tivesse pensado na rainha da moda e por mais que tivesse tentado, aquela erva-daninha em forma de mulher, não se desprendida de seu coração, mesmo depois de ter ouvido palavras tão duras, porque parte dela perdoava editora, pois reconhecia que na verdade tudo aquilo era fruto do medo e da insegurança, a outra parte ainda se ressentia, pois acreditavam que poderiam ter uma vida linda juntas, se Miranda não fosse tão cretina.
Aquele fatídico dia em Paris, foi a última vez em que se viram e depois de ouvir coisas tão duras da Dama de Gelo, impulsiva, aproveitou a primeira oportunidade que encontrou para ir o mais longe possível daquela mulher. Precisava de um distanciamento saudável e seguro, para poder colocar a cabeça no lugar, assim como sua vida que naquele momento era o puro suco do caos.
Conseguiu emprego em um jornal na cidade de Tróis Rivière, uma das cidades mais tranquilas para se morar e esta foi uma referencia importante que corroborou para ela aceitar a proposta feita por Christian Thompson, o famoso escritor que conheceu em Paris, já que o mesmo era canadense e seu irmão mais velho, o dono do jornal local e reconhecendo o talento da "garota-Miranda", tinha certeza que o veículo tinha tudo para deslanchar, sem contar que o salário era maior que a do cargo de segunda assistente, função esta que nem de longe estava em seus planos e sim em sua necessidade, quando resolveu sair da Filadélfia e acompanhar Nate, além do mais um outro atrativo era o fato do custo de vida ser menor.
Os seus artigos não demoraram para cair no gosto popular e logo a coluna de Esperanza Cortêz era uma das mais lidas e sim, quando Andrea deixou Nova York, deixou para traz a sua identidade conhecida, assumindo então seu segundo nome e o sobrenome de sua mãe, Martina Cortêz, filha de espanhóis.
Ela não queria ser encontrada. Na verdade queria se encontrar e por isso sentia que precisava se despir de tudo que a fizesse lembrar aquela mulher, que de cada cinco palavras pronunciadas, dez eram seu nome "ANDRE-AH", dita com aquele sotaque britânico que a enlouquecia, disparando ordens a todo momento, pedindo coisas absurdas como o manuscrito do Harry Potter, por exemplo e bem lá no fundo, por mais que custasse admitir, não queria ouvir seu primeiro nome, sendo pronunciado por mais ninguém que não fosse ela.
Nos dias em que se seguiram em seu novo trabalho, Andrea/Esperanza trabalhava exaustivamente e dessa vez por escolha própria, queria mostrar excelência em seu trabalho, deixar a sua marca e todos esses excessos fez com que os sinais que seu corpo estavam dando passassem desapercebidos.
Andrea nunca teve uma menstruação regular e por isso não deu importância ao fato de não estar menstruando há alguns meses, sem contar que ignorou leves dores que sentia em seu ventre acreditando ser uma cólica, mas quando as meses se tornaram mais intensa, já estava em trabalho de parto.
Uma colega de trabalho a socorreu, levando-a para o hospital imediatamente e logo nos primeiros procedimentos a equipe médica percebeu que havia um bebê a caminho.
Andy ficou desesperada, gritando que aquilo só podia ser mentira, uma grande mentira que contavam, uma brincadeira de muito mal gosto, uma piada que não tinha a menor graça.
Seus gritos desesperados eram ouvidos por quase todo o hospital, que não era muito grande e mal ouvia as instruções da equipe de enfermagem que a orientavam a fazer a força correta para expulsar o feto e por isso precisou ser imobilizada, enquanto uma enfermeira fazia força em sua barriga para ajudar o bebe a nascer e então, uma linda menininha veio ao mundo, apesar dos pesares, forte e saudável, chorando a plenos pulmões.
A pequena foi colocada no colo de sua mãe e as duas se olhavam entre lágrimas. Aquilo tudo parecia ser surreal demais e a todo o tempo se perguntava como, de um dia para outro tinha se tornado mãe, como aquele bebê foi parar dentro dela, um bebê que sabia que não era de Nathaniel e ao se dar conta da resposta, que lhe caiu como uma bomba ao olhar para aquele pacotinho, com o corpinho ainda coberto de vérnix e a vasta cabeleira arruivada no topo da cabeça e em meio a um colapso, simplesmente desmaiou e por sorte a enfermeira ao seu lado, percebeu os sinais e amparou o bebê.
Permaneceu por horas dormindo e ao acordar, como se de repente tivesse sido tomada por um instinto materno pediu pela menina, no que foi imediatamente atendida e olhando atentamente para sua filhinha, se sentiu preenchida por um amor, que não sabia que tinha e também uma certeza, a de que faria tudo pela garotinha e que aquele pacotinho de amor era somente dela.
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A TERCEIRA PRIESTLY
FanfictionSer abandonada por Andrea, na noite mais importante no mundo da moda, o Paris Fashion Week, causava em Miranda uma dor tão pungente e o arrependimento de ter deixado o amor de sua vida escapar por entre seus dedos. Andrea, sofrendo com a rejeição ap...