CAPÍTULO 5

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"O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido."

─ Aristóteles


Spencer Reid, POV:

Florence. O nome evoca a cidade italiana de Florença, um lugar de florescência e beleza eterna. Também me faz lembrar de Florence Nightingale, a mulher que revolucionou a enfermagem moderna durante a Guerra da Crimeia.

Enquanto caminho pela calçada escura de Las Vegas, minha mente se fixa em Florence.

Sua imagem está vívida em minha memória: cabelo escuro, longo e ondulado, caindo graciosamente sobre seus ombros. Seus olhos, expressivos e brilhantes, refletem uma inteligência e curiosidade inigualáveis. O rosto delicado, adornado por sardas sutis, confere-lhe um charme e jovialidade únicos. Florence tem uma postura confiante e um sorriso cativante, iluminando seu rosto sempre que fala. Sua presença é inconfundível e deixa uma impressão duradoura em todos que a conhecem.

A vibração do meu celular no bolso me arranca abruptamente desses pensamentos. Suspiro e vejo o nome de Hotch piscando na tela. Atendo rapidamente, já esperando a seriedade habitual em sua voz.

─ Reid, temos uma situação. Preciso da sua ajuda ─ a voz firme de Hotch soa direta.

Meu coração acelera, a ansiedade começando a crescer.

─ O que aconteceu? ─ Tento manter a calma.

Hotch explica rapidamente que a filha de Gideon recebeu uma encomenda estranha que precisa ser analisada. Ele me dá o endereço onde preciso estar. Um arrepio percorre minha espinha ao ouvir o endereço. É no mesmo prédio onde Florence mora.

Por um momento, fico atordoado. A conexão entre Florence e a situação atual é desconcertante. Nunca conheci a filha de Gideon pessoalmente, mas ele sempre falava dela com carinho. Gideon costumava mencionar como ela e eu éramos parecidos, tanto em nossa inteligência quanto em nossas peculiaridades. Mas ela não se chamava Florence. O nome dela era Birdie.

─ Entendi ─ respondo, esforçando-me para ocultar minha confusão. ─ Estou a caminho.

Desligo o telefone e olho fixamente para a tela escura, minha mente rodopiando com perguntas e incertezas. A noite, que parecia tão simples e tranquila, de repente se transforma em um turbilhão de emoções e dilemas morais. Mas não há tempo para hesitação.

Enquanto me aproximo do prédio, cada passo parece mais pesado. A ideia de que Florence possa estar envolvida de alguma forma não sai da minha cabeça. Tantas vezes confiei na minha intuição e nos padrões que consigo identificar, mas desta vez, tudo parece nebuloso.

Finalmente, chego ao endereço. O prédio está quieto, as luzes da rua lançam sombras longas e distorcidas.Finalmente, chego ao endereço. O prédio está quieto, as luzes da rua lançam sombras longas e distorcidas. Quando estou prestes a entrar no prédio, avisto Florence ao lado da caixa de correio, tentando fazer uma ligação. Seus olhos estão arregalados, claramente preocupados, enquanto ela segura o celular contra a orelha.

─ Florence? ─ Minha voz sai mais alto do que eu pretendia, e ela se vira bruscamente.

─ Spencer? O que está fazendo aqui? ─ Ela parece surpresa e aliviada ao me ver, mas há uma tensão evidente em seu rosto.

─ Meu chefe me pediu para analisar algo neste prédio. O que você está fazendo parada aqui? ─ Pergunto, buscando respostas.

─ Bom...tive um probleminha no meu apartamento ─ diz ela fazendo uma careta ─ um amigo meu ia mandar alguém pra...

Antes que ela possa terminar, uma compreensão súbita se abate sobre mim.

─ Espere um momento... Florence, você sabia que eu estava te perfilando, disse que era algo que aprendeu com seu pai, certo? ─ Eu a interrompi, minha mente trabalhando freneticamente para juntar todas as informações que ela compartilhou anteriormente ─ Você é filha do Gideon, Florence Bird Gideon ─ digo convicto, afirmando mais para mim do que para ela.

Meu coração bate mais forte com a revelação. Tantas vezes eu ouvi falar de Birdie, sem perceber que ela estava bem diante dos meus olhos, disfarçada sob o nome de Florence. A compreensão me atinge como um raio, iluminando tudo ao meu redor.

Tudo se encaixa. As peças do quebra-cabeça se alinham em minha mente, revelando a imagem completa. Florence Bird Gideon. Florence. Birdie. A conexão é clara agora. Florence é Birdie Gideon.

Há um momento de hesitação em seus olhos, mas então ela assente, confirmando minhas suspeitas.

Ela parece processar minhas palavras por um momento, e então um sorriso triste dança em seus lábios.

─ Você é mais astuto do que eu pensava, Spencer Reid. ─ Ela murmura, mais para si mesma do que para mim.

─ Por que escondeu sua identidade? ─ Minha pergunta escapa antes que eu possa contê-la, movido pela necessidade de entender mais.

Ela suspira, parecendo cansada de repente, e seu olhar se perde em alguma lembrança distante.
Seus olhos encontram os meus novamente, e agora posso ver a determinação brilhando neles.

─ É complicado. As pessoas têm certas expectativas quando sabem quem sou, por ser filha de Jason Gideon e Jill Gideon. Mas quero conquistar minhas realizações por mérito próprio, não por associação familiar.

Sua confissão ressoa em mim, e uma nova compreensão floresce. Florence não está apenas escondendo seu sobrenome; ela está desafiando as expectativas impostas sobre ela, buscando sua própria identidade e caminho no mundo. E isso a torna ainda mais intrigante aos meus olhos.

Respirando fundo para conter a enxurrada de perguntas em minha mente, assumo meu papel como agente da UAC e me preparo para enfrentar o real motivo de estar aqui.
Com a mente agora focada na tarefa em mãos, decido abordar o verdadeiro motivo da minha presença ali.

─ Florence, preciso investigar essa caixa. Temos que descobrir o que há dentro e se representa algum perigo para você. ─ Minha voz é firme, transmitindo a seriedade da situação.

Ela assente, e guia o caminho pelo prédio até seu apartamento.

Ela destranca a porta e a caixa está aberta com o envelope ao lado, ela se ajoelha ao lado do envelope e o me entrega.

─ Sei que não foi meu pai quem escreveu isso, ele não escreve assim como estivéssemos na era medieval.

Com cuidado, me ajoelho ao lado de Florence, desviando meu olhar da carta para o conteúdo da caixa. Minha respiração fica presa por um momento ao ver o que está lá dentro. É um coração humano, envolto em plástico transparente, uma visão perturbadora que me deixa momentaneamente atordoado.

𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐃𝐀!!! | 𝘈 𝘊𝘳𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘔𝘪𝘯𝘥𝘴 𝘍𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤Onde histórias criam vida. Descubra agora