CAPÍTULO 1

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"Família é um conjunto de pessoas que se defendem em bloco e se atacam em particular."

─Autor Desconhecido.

─ Florence? ─ A paciente que estou fazendo companhia chama minha atenção tirando-me de devaneios.

─ Sim? Desculpe, comecei a pensar e não prestei atenção ─ Digo colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

Volto a realidade e me ajusto no sofá sendo analisada por ela que está a minha frente na poltrona com um sorriso nos lábios.

─ Quanto tempo você vai continuar de voluntária aqui? ─ Pergunta ela calmamente com seu caderno como uma espécie de diário apoiada nas pernas e uma caneta na mão.

─ Eu não sei, eu realmente não tenho ideia ─ Sorrio timidamente afastando um pouco minha franja dos olhos.

─ Você me lembra meu filho ─ Diz a mulher tranquilamente com olhos com um misto de emoções.

─ Isso é bom ou ruim? ─ Arqueiro minha sombrancelha humorada.

Ela sorri suavemente, seus olhos focam na grande janela ao lado se perdendo por um momento em alguma lembrança distante.

─ É bom ─ Ela responde finalmente ─ muito bom ─ soltando um suspiro alto, volta a falar ─ Ele é um ser extraordinário, assim como você ─ continua, seu tom de voz carregado de orgulho e carinho. ─ Ele também gosta de ajudar as pessoas, assim como você está fazendo aqui.

Seguro uma de suas mãos que estão sobre o caderno e seus olhos encontram os meus.

─ Ele vem te visitar? ─ pergunto já que grande parte dos pacientes aqui foram abandonados e ninguém vem os fazer companhia.

─ Às vezes ─ ela responde, com uma mistura de tristeza e resignação. ─ Ele está ocupado com o trabalho, mas sempre que pode, dá um jeito de passar um tempo comigo.

─ Entendo ─ eu digo, sentindo a empatia preencher minhas palavras. ─ Tenho certeza de que ele valoriza muito cada momento que passam juntos.

─ Diana? ─ uma das enfermeira aparece com um pacote em papel pardo ─ Seu filho pediu para entregar.

Ela pisca para mim em cúmplice pois estávamos falando dele.

A enfermeira se retira e Diana começa a desembrulhar o papel pardo, ela analisa o presente com uma admiração.

─ Oh, Florence dê uma olhada ─ E ela vira para mim o livro de capa dura que recebeu ─ Contos de Edgar Allan Poe.

─ Que incrível ─ Falo vendo sua admiração pelo presente do filho.

─ Posso ler para você? ─ Ela pergunta com espectativa

─ Eu adoraria ─ Sorrio e ela faz sinal com a mão para sentar ao seu lado no apoio da poltrona.

[...]

Eram por volta das 18h enquanto ajudava alguns funcionários a organizar algumas atividades para os pacientes.

Hoje nós preparamos a pintura e o artesanato; pois a atividade artísticas oferece uma forma de expressão não verbal o que é crucial para aqueles com dificuldades na comunicação, como os que sofrem de alzheimer.

Ao se envolverem nessas atividades, os pacientes exercitam áreas do cerebro relacionadas a concentração, coordenação motora e resolução de problemas.

Isso não apenas promove a função cognitiva mas também a sensação de realização e bem estar, alem disso há evidencias de que o processo criativo pode reduzir o estresse e a ansiedade contribuindo para um ambiente mais tranquilo e acolhedor.

─ Ei ─ aparece Amanda em meu campo de visão carregando algumas telas.

Eu e Amanda não eramos muito amigas mas como nossa coordenadora nos colocou no mesmo grupo, não foi fácil evita-lá já que além de termos sido da mesma turma de psicologia ela ainda entra no mesmo grupo de voluntários.

─ Oi ─ respondo brevemente enquanto arrumava os pequenos potes de tinta de acordo com a ordem das cores do arco-íris para maior percepção.

─ Tava conversando com um dos enfermeiros e ele me forneceu uma lista de possíveis pacientes que vão participar dessa atividade já que grande parte dos familiares vieram visitar. ─ diz ela animada já que isso representa sem muito esforço e um tempo livre.

─ Legal, mas acho que já tenho uma boa ideia de quem venha ─ respondo-a sem toda sua animação.

─ Desculpe em lhe dar essa noticia Floss, mas sua paciente favorita não vem ─ Ela me oferece sua lista e pego sem hesitar.

Olho para os nomes da lista na esperança de ela estar enganada e realmente não vejo o nome de Diana.

Com o passar do tempo em que trabalho de voluntária tive que aprender a não me apegar pois você escuta histórias tristes o tempo todo e não pode fazer nada para mudar o passado a única coisa que pode fazer é transformar o presente mais confortável.

Mas com Diana foi diferente, ela prefere ficar sempre na poltrona perto da janela na sala de estar, sempre com algum livro ou fazendo alguma anotação em cadernos.

Todos do grupo estavam com receio de falar com ela já que ela é um pouco temperamental alem de ter esquizofrenia e pelas fofocas dos enfermeiros, é que o filho dela trabalha em alguma área da polícia.

Como meus colegas não quiseram dar o primeiro passo e falar com ela, eu fui falar com ela, de inicio já tivemos uma boa conversa sobre livros, e então em passos lentos fomos nos tornando amigas, ela diz que lembro seu filho e por conta disso sente uma familiaridade em estar comigo.

─ Será que o filho dela veio finalmente visita-lá? ─ Pergunta Amanda.

Devolvo a lista ela e ajudo-a posicionar as telas nos cavaletes.

─ Sinceramente? espero que sim ─ Respondo-a.

─ Você trabalhava na polícia também né? Será que você já não o conhece? ─ Ela pergunta e respiro fundo tentando não rir de sua pergunta, sei que ela perguntou na inocência.

─ Acho difícil, não sei em que área policial ele trabalha sendo que são infinitos departamento de várias instituições, eu já trabalhei na Interpol e atualmente eu apenas auxílio em casos complicados da CIA. ─ a respondo pensando no FBI em como adoraria trabalhar lá, mas meus processos de inscrição, remanejo e voluntariação todos foram negados, ao total 7 pedidos negados e eu sei por quem.

─ E o porque de você estar aqui e não prendendo bandidos? ─ Ela pergunta, e vindo de uma psicóloga considero uma sessão de terapia gratuita.

─ Porque quer saber? ─ Rebato.

─ Olha eu sei que você deve estar pensando em que eu esteja fazendo uma analise de você ou querendo juntar material para fofoca mas não estou, ok, só quero te conhecer melhor, você é a mais reservada entre nós.

─ Tudo bem ─ Suspiro parando o que estava fazendo para falar com ela ─ Tentei seguir os passos do meu pai, me candidatei para o FBI e fui reprovada pelo mesmo várias vezes, basicamente é isso.

─ Uau ─ É a unica coisa que ela diz.

─ E você, Dr. Jones, porque não tem um consultório? ─ Rebato, no mesmo nível de sua pergunta

─ Quero estar pronta e analisar todo tipo de situação antes.

𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐃𝐀!!! | 𝘈 𝘊𝘳𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘔𝘪𝘯𝘥𝘴 𝘍𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤Onde histórias criam vida. Descubra agora