CAPÍTULO 19

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“O nunca sábio diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.”

─ Aristóteles

F

inalmente chegamos ao marco de dez meses desde que Spencer começou sua jornada de recuperação.

A atmosfera na sala do grupo de apoio era calorosa e acolhedora, mas também carregada de emoções intensas de todos os presentes, cada um lutando suas próprias batalhas silenciosas.

Sentei-me discretamente no fundo da sala, meu coração batendo forte de orgulho e preocupação enquanto observava Spencer se levantar para compartilhar sua história.

Seus olhos encontraram os meus antes de começar a falar, um olhar cheio de gratidão e determinação.

─ Olá, meu nome é Spencer Reid ─ sua voz ressoou um pouco trêmula, mas firme. ─ Estou limpo há dez meses.

Ouvir essas palavras, depois de tantos altos e baixos, trouxe um alívio profundo. Eu sabia o quão difícil foi para ele chegar até aqui, e estava tão grata por poder apoiá-lo ao longo do caminho.

─ Florence ─ ele disse, sua voz agora suave e cheia de emoção, ─ é o nome da garota que mudou tudo para mim. Ela foi a pessoa que esteve ao meu lado quando eu mais precisei, quando eu não sabia para onde ir ou como continuar.

Meu coração se aqueceu ao ouvir suas palavras sinceras. Ver Spencer expressando como nossa amizade evoluiu para algo tão profundo era algo que eu valorizava mais do que qualquer coisa. Nós dois sabíamos o quão longe tínhamos chegado desde aquele primeiro encontro, quando nossos caminhos se cruzaram em circunstâncias que mudariam nossas vidas para sempre.
Após a reunião, Spencer se aproximou de mim com um sorriso grato no rosto. Ele me abraçou com uma intensidade que transmitia tudo o que palavras não podiam expressar.

─ Obrigado por acreditar em mim ─ ele murmurou sinceramente.
Retribuí o abraço com ternura.

─ Você é incrível, Spencer. Eu sempre vou acreditar em você.

[…]

Após a reunião de apoio, nós caminhamos de volta para a UAC, carregando copos de café para a equipe. O clima entre nós era leve.

─ Marie Curie ─ disse Spencer, quebrando o silêncio com uma pequena trivia. Seus olhos brilhavam com uma mistura de humor e gratidão.

─ Polônio e Rádio ─ respondi prontamente, sorrindo ao lembrar das inúmeras noites conversando com ele sobre esses tópicos.

─ Thomas Hobbes? ─ continuou ele, desafiando-me com uma pergunta mais complexa.

─ O Leviatã ─ respondi, confirmando nossa dinâmica de compartilhar conhecimentos e desafios intelectuais mesmo nos momentos mais descontraídos.

Nossa amizade, agora mais forte do que nunca após os desafios que enfrentamos juntos, era algo que eu valorizava profundamente.

Chegamos à UAC e distribuímos os cafés para a equipe, sendo recebidos com sorrisos e gestos de gratidão.

Quando Spencer começou a ir para o grupo de apoio deixei todos a parte do que estava acontecendo e todos compartilhávamos a alegria silenciosa desse momento em ver spencer bem novamente.

Entreguei o café para meu pai, captando seu olhar sério. Era evidente que ele estava pensativo.

─ Pai... ─ comecei, percebendo a seriedade em seu semblante. Ele aceitou o café com um aceno de cabeça, guardando suas palavras enquanto me observava atentamente. Havia um peso no ar, uma tensão silenciosa que eu não podia ignorar.

─ Feche a porta ─ diz ele acenando para a porta de seu escritório ao meu lado

[…]

─ Florence, você é minha filha. Minha preocupação por você sempre será grande, Eu sei que não posso mudar sua mente. Mas... por favor, prometa-me que vai tomar todas as precauções necessárias. Que vai cuidar de si mesma ─ pediu ele, seus olhos expressando uma mistura de orgulho e preocupação.

A voz de meu pai ainda ecoa por minha mente.

Bati na porta do apartamento de Spencer, meu coração pesando com o peso do acordo que tinha feito com meu pai. Prometi a ele que, assim que Spencer melhorasse, eu me afastaria completamente da UAC. Mas agora, diante de Spencer, era difícil ignorar a confusão que eu mesma tinha criado.
Quando ele abriu a porta, seu rosto se iluminou ao me ver, mas logo percebeu a seriedade em minha expressão.

─ Spencer... ─ comecei, lutando para encontrar as palavras certas. ─ Eu... eu sei que disse que ficaria, mas...

Ele franziu o cenho, olhando-me com preocupação.

─ Florence, o que está acontecendo?

Ele abriu caminho para que eu entrasse em seu apartamento, e fiz.

Respirei fundo, sabendo que não podia mais adiar a conversa.

─ Eu preciso te contar algo. Eu fiz um acordo com meu pai... Assim que você melhorasse, eu me afastaria da UAC.

Seus olhos verdes se arregalaram um pouco, como se tentasse processar minhas palavras.

─ Espera, o que você está dizendo?

─ Eu prometi a ele que... que iria embora, Spencer ─ expliquei, sentindo a angústia apertar meu peito. ─ Eu não queria, mas era a única maneira de convencê-lo a me deixar ficar enquanto você precisava de ajuda.

Spencer ficou em silêncio por um momento, sua expressão uma mistura de surpresa e preocupação.

─ Florence, por que você não me contou antes?

─ Eu não queria te preocupar. E eu não queria desapontar você ─ murmurei, desviando o olhar temporariamente antes de encontrá-lo novamente. ─ Mas eu precisava ser honesta com você agora.

Ele pareceu processar a informação por um momento, seus olhos buscando os meus em busca de respostas.

─ E agora?

Aproximei-me dele, colocando uma mão reconfortante em seu braço.

─ Eu não sei, Spencer. Eu sinto muito.

Seu olhar encontrou o meu, transmitindo uma mistura de emoções.

─ Florence, você ainda pode mudar de ideia. Você não precisa ir embora.

Houve um silêncio tenso entre nós, preenchido apenas pelo som abafado dos nossos corações batendo. Finalmente, ele assentiu lentamente, aceitando minha decisão com uma expressão resignada.

─ Tudo bem. Eu entendo.

Nos abraçamos por um momento, um abraço que transmitia tanto conforto quanto incerteza. Eu sabia que essa partida era necessária, mas também sabia que não seria fácil para nenhum de nós.

─ Você sabe que ainda vou te ligar todos os dias não é? ─ falo.

𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐃𝐀!!! | 𝘈 𝘊𝘳𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘔𝘪𝘯𝘥𝘴 𝘍𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤Onde histórias criam vida. Descubra agora