"Pessimismo leva à fraqueza, otimismo ao poder."
─ William James
─ Ei. ─ Morgan foi o primeiro a falar quando percebeu que Garcia estava acordando, o alívio evidente em seu rosto. ─ Como você está se sentindo?
Garcia piscou algumas vezes, tentando focar em nós enquanto ainda lutava contra os efeitos da medicação.
─ A morfina está passando. ─ foi a primeira coisa que ela disse, e não pude deixar de sorrir, aliviada ao perceber que ela mantinha o humor mesmo diante de tudo.
Ela respirou fundo, continuando com um sorriso fraco nos lábios.
─ Quando eu estava na ambulância, eu podia ouvir a música "Heroes" tocando na minha cabeça. Eu ficava entrando e saindo da consciência. Tudo estava muito brilhante. E eu lembro de pensar, espera... David Bowie é realmente Deus?
O comentário arrancou risadas baixas de todos nós, um sinal claro de que nossa Garcia ainda estava ali, com sua luz e bom humor intactos, mesmo após um momento tão terrível. Eu não conseguia evitar o nó na garganta ao vê-la assim, tão vulnerável, mas ao mesmo tempo tão incrivelmente forte.
Penélope respirou fundo, tentando manter a compostura enquanto as lembranças voltavam. Ela estava claramente abalada, mas era visível que ela estava se esforçando para dar as informações necessárias.
─ Ele cheirava bem. ─ repetiu, a voz vacilando um pouco. ─ Algo amadeirado, talvez almiscarado. Era suave, mas eu lembro.
─ Isso é bom, Garcia. ─ encorajei-a, tentando manter o tom calmo e reconfortante. ─ Está nos ajudando muito.
Spencer inclinou-se um pouco para frente, com aquela intensidade característica que ele tinha quando estava processando informações.
─ Garcia, você mencionou que ele disse ser advogado. Alguma coisa no que ele disse ou fez soou estranho para você?
Ela hesitou, parecendo pensar profundamente antes de responder.
─ Ele... parecia seguro demais, sabe? Como se soubesse o que dizer para me fazer sentir confortável. Mas agora que penso nisso, havia algo forçado, como se ele estivesse tentando demais.
Morgan assentiu, claramente analisando cada palavra dela.
─ E quanto ao carro? Você disse que era um sedan branco, cheirava a novo. Alguma coisa mais se destaca? Qualquer coisa pode ser importante.
Penélope fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar.
─ Não havia muitas coisas no carro, estava bem limpo. Mas... havia um cartão de estacionamento no painel. Eu não prestei muita atenção, mas agora eu lembro de ter visto algo azul.
Morgan trocou um olhar comigo, percebendo a importância dessa nova informação.
─ Isso é útil, Garcia. Talvez o cartão possa nos levar a ele.
Ela ainda parecia perturbada, seus olhos cheios de culpa.
─ Eu devia ter percebido antes... eu devia ter sabido que algo estava errado.
─ Você fez tudo o que pôde, Penélope. ─ disse Morgan, a voz firme mas gentil. ─ Nós vamos pegá-lo, ok? E quando o fizermos, ele vai pagar por isso.
Spencer assentiu, acrescentando com suavidade:
─ Você é forte, Garcia. E estamos aqui para você.
Ela assentiu novamente, ainda nervosa, mas parecendo um pouco mais segura. Nós sabíamos que o caminho à frente seria difícil, mas estávamos determinados a encontrar aquele homem e fazer justiça.
[...]
Derek parecia exausto enquanto esfregava os olhos e passava a mão pelo rosto, sua frustração evidente.
─ É loucura. A polícia aqui não consegue nem manter Penélope segura. Esta cidade inteira está indo para o inferno. - Ele balançou a cabeça, claramente irritado com a falta de progresso.
Penélope, mesmo ainda frágil, não pôde deixar de notar a preocupação na voz dele.
─ Você parece uma porcaria, Derek.
Ele soltou um suspiro pesado, apoiando-se na parede.
─ Bem, 4 dias, nenhuma pista... me sinto uma porcaria.
A situação estava desgastando todos nós, mas ver Morgan tão abalado era difícil de testemunhar. A conexão dele com Penélope era profunda, e era doloroso vê-lo se culpar pelo que havia acontecido.
A tensão pairava no ar enquanto todos tentavam juntar as peças do quebra-cabeça, mas cada caminho que tomávamos parecia levar a lugar nenhum. Sentados em uma cafeteria, observávamos o esboço do suspeito, esperançosos de que algum detalhe saltasse à vista.
No entanto, após uma busca intensa pela área, ninguém conseguia associar o rosto a alguma memória ou evento relevante.
Derek suspirou profundamente, seus ombros pesados com a frustração.
─ Eu até passei pelo VICAP, mas... sem acertos.
Eu estava ao seu lado, sentindo o mesmo desânimo.
─ Sem sorte com as locadoras de veículos também. ─ Acrescentei, sabendo que cada porta fechada nos aproximava ainda mais de um beco sem saída.
Spencer estava analisando os dados novamente, seus olhos focados no celular que ele segurava, na tentativa de encontrar algo que pudesse ter sido negligenciado.
─ Não há colheita digital no local. Sem cartuchos... e o celular que o cara usou para ligar para Garcia no trabalho foi combinado. ─ Ele fez uma pausa, franzindo a testa. ─ O cara é uma cifra. Nada faz sentido.
Morgan bateu a mão na mesa, irritado com a falta de progresso.
─ Hipervigilância, certo? Algo assim.
─ Sim. ─ Concordei, tentando encontrar alguma lógica na situação. ─ Você sabe, a maioria das pessoas hoje em dia está procurando um semi-automático. Mas o que me incomoda é que ele não deixou rastros. Esse tipo de cuidado só vem de alguém que sabe exatamente o que está fazendo.
─ Ou de alguém que já fez isso antes. ─ Spencer comentou, o tom sério. ─ O que significa que ele pode ter experiência... ou ser extremamente meticuloso.
O silêncio recaiu sobre nós enquanto todos digeríamos essa possibilidade. Sabíamos que estávamos lidando com alguém que não era apenas perigoso, mas também meticuloso e preparado. Isso tornava a busca ainda mais difícil, mas também mais urgente.
─ Precisamos continuar cavando. ─ Morgan finalmente disse, seu tom decidido.
─ Ele pode ser uma cifra, mas não é invisível. Vamos encontrá-lo. ─ As palavras foram um incentivo para todos nós, que já estávamos prontos para tentar novamente, determinado a não deixar esse criminoso escapar.
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𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐃𝐀!!! | 𝘈 𝘊𝘳𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘔𝘪𝘯𝘥𝘴 𝘍𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤
FanfictionO poeta Saint-John Perse escreveu: "Os pássaros guardam entre nós alguma coisa do canto da criação." A leveza do pássaro comporta, entretanto, como acontece frequentemente, um aspecto negativo. Florence Bird Gideon, após ser rejeitada sete vezes pel...