8° Capítulo - Olívia Lunes

6 3 0
                                    

“Save your advice, ‘cause I won’t hear
You might be right, but I don’t care
There’s a million reasons why I should give you up
But the heart wants what it wants
The heart wants what it wants”- The heart wants what he wants, Selena Gomes

Eu e Cole estamos em um vasto campo de lírios. É um fim de tarde, e ao fundo o sol se põe em um belíssimo céu rosado, em tons de laranja e rosa. A brisa fresca do início da primavera faz meus cabelos voarem e o perfume das flores entrarem por minhas narinas. Olho para minha lateral, Cole está me olhando, seu olhar âmbar é intenso sobre mim, talvez ele pudesse escutar meus batimentos cardíacos que estavam pulsando mais que nunca. Merda de sentimentos. Suspiro e abaixo o olhar para as flores, vendo borboletas e abelhas nos rodeando, o que estamos fazendo aqui?
- Cole.. O que? – Digo confusa quando ele se aproxima, ele está muito perto, mas eu não consigo afasta-lo, é mais forte que eu. Eu quero, preciso de mais. Preciso de suas mãos em meu corpo, do seu calor, do hálito quente em minha pele. Cole coloca meus cabelos para trás.
A noite está chegando e o sol desaparece entre as flores. Uma lua grande e mais brilhante que o normal surge no céu agora repleto de estrelas.
- Você não faz ideia do quanto quero te beijar agora. – Ele diz, suas mãos em meu rosto deslizam até minha cintura bem delineada.
- E o que você está esperando então? – Digo levando as mãos até o pescoço de Cole, agarrando os cabelos que estavam na parte de trás. Encosto nossos narizes, a tensão está palpável entre nós.
Cole avança em minha direção, ele encosta nossos lábios de maneira ansiosa, como se ansiasse por aquilo a vida inteira. O beijo se torna intenso a cada segundo, minhas pernas estão como gelatina, com toda certeza estaria no chão se não fosse os braços fortes do homem abraçando minha cintura possessivamente.
Agora estou no colo de Cole, como chegamos nesse estado? Ele está sem camisa e suas mãos logo puxam a minha blusa também, isso não vai acabar bem. Um som irritante começa a se alastrar por entre as flores, mas o que?
Separo nossos lábios, olho ao redor tudo está desaparecendo, as flores, e olho para Cole e ele está sumindo também. O som está cada vez mais alto, abro os olhos. Um sonho, tudo não passou de um sonho.
Pego meu celular, são 7:20 de um domingo, que sonho foi esse? Passo as mãos pelo meu cabelo, suspirando desacreditada, esse sonho foi tão errado.
- Preciso esfriar a cabeça. – Digo para mim mesma. Levanto da minha cama quentinha e abro as cortinas da grande janela de meu quarto, o dia iluminado por raios alaranjados do sol que está nascendo.
Desço as escadas ainda com meu pijama de pintinhos, estava serena até notar que a má sorte acordou junto comigo hoje. Cole está sem camisa, apenas com uma calça de moletom acinzentada, preparando algo na cozinha, as cenas do sonho surgem na minha mente, droga, nós íamos transar mesmo?
Pisco rapidamente, Céus, que pensamentos são esses?
- Está mais estranha que o normal hoje, esquisita. – Diz Cole sem olhar em minha direção, apenas continuando o que estava fazendo.
- Cala a boca. – Digo indo até a cafeteira, pegando uma das cápsulas de capuccino e colocando na máquina, que apita em aviso que está preparando a bebida.
Evito a todo momento falar, olhar, pensar no tatuado exibido que está ao meu lado, mas minhas costas queimam com seu olhar sobre mim. Eu sei que ele está me analisando, Cole me conhece bem, bem demais.
Quando retiro a xícara da cafeteria, subo as escadas com ela em mãos, cumprimentando os gêmeos que estão descendo em direção a sala.
Chego em meu quarto e fecho a porta, me encosto nela e suspiro. Não posso ficar perto do Cole, não hoje, definitivamente.
Pego meu celular e ligo para Michael.
Michael é meu amigo, nós nos conhecemos no ensino médio, ele sempre teve um queda por mim naquela época, mas Cole o odiava e vivia me perseguindo quando estava conversando com ele. Obviamente eu ignorava esse surto, afinal Michael sempre me tratou bem e nunca fez algo que me fizesse desconfiar dele, por isso acabei dando meu primeiro beijo com ele. Foi muito bom, não irei mentir. Mas foi apenas isso, um momento, ficamos mais algumas vezes mas nada sério, Michael e eu continuamos bons amigos, tanto que mantemos essa amizade até hoje.
- O que devo a honra da senhora estar me ligando em um domingo de manhã? – A voz de Michael está rouca e lenta, como se tivesse acordado agora. – Esqueceu que teu amigo ou o Tonhão que você chama de irmão te proibiu de falar comigo?
- Você acha mesmo que ele teria alguma autoridade sobre mim? – Digo rindo. – Desculpa Mic, a faculdade está me sobrecarregando demais, quase não estou tendo tempo para mim. – Em partes o que disse é verdade, porém a verdade é que trabalhar na missão da senadora estava tomando grande parte do meu tempo.
- Tudo bem, Liv. Você sabe que eu estava brincando apenas. – Ele ri do outro lado. – Mas você precisa de algo? Ou apenas conversar? Sinto sua falta, Liv.
- Own, que fofo você. Também sinto sua falta! Por isso eu estava planejando, que tal um dia de amigos, apenas nós dois? – Digo animada.
- Estarei te buscando na sua casa daqui.. – Ele diz se afastando da ligação. – 40 minutos, esteja pronta, senhorita Liv. – Ele diz fingindo estar bravo.
- Sim, senhor. – Digo rindo, finalizando a ligação e indo até meu closet para me arrumar.
Minutos depois estou pronta com uma maquiagem leve, meus cabelos ondulados livres e um vestido rosa curtinho, estava uma gracinha.
Pego minha bolsa e desço as escadas com calma, quando escuto a buzina no lado externo da casa.
Passo pela sala, onde Cole estava jogado no sofá jogando algum jogo de tiro e guerra.
- Para onde vai..? – Ele diz me olhando de cima para baixo.
- Sair? Com meu amigo, não me espera para o almoço. – Digo
- Quem disse que eu ia esperar? E esse amigo não é o broxa do Michael, não é? – Ele diz se levantando, tentando olhar pela janela, mas não era possível identificar quem era, pelas janelas da caminhonete de Mic ser todas escuras.
- O que você acha? – Digo rindo e saindo pela porta.
- Seu irmão vai me castrar. – É a primeira coisa que Mic diz quando entro em sua caminhonete e o abraço forte.
- Relaxa, o Cole até late, mas não morde não. – Digo colocando o cinto de segurança.
- Prefiro me prevenir do que remediar. – Diz ele começando a dirigir. – Qual o cronograma de hoje?
- Não sei, não planejei nada. – Digo o olhando. – Vamos ao shopping?
- Você vai fazer eu ficar segurando as suas inúmeras sacolas e sua bolsa, já estou até vendo. – Ele diz me olhando rapidamente, mas logo voltando a atenção a estrada.
- Exatamente. Amigos são para isso, né? – Digo sorrindo. – Eu te pago um milkshake de morango.
- Fechado. – Ele diz juntando nossos mindinhos em uma promessa.
No shopping, nós vamos em lojas de maquiagem, sapatos, roupas e acessórios. Mic carrega minhas sacolas e me ajuda a escolher minhas compras.
- Vamos comer! – Digo andando até a praça de alimentação.
- Graças a Deus. – Michael diz erguendo as mãos até o alto, como se tivesse agradecendo.
- Exagerado. – Rio da cara dele.
Comemos e noto que passamos a tarde inteira fazendo compras, talvez eu tenha exagerado um pouquinho.
- Bom, como você escolheu o primeiro lugar, vou escolher o segundo destino desse dia. – Ele diz, checando o horário no celular. – Iremos a uma boate que está famosa na cidade atualmente. Fui com os caras semana passada, acho que você vai gostar. – Ele diz sorrindo.
- Vai pegar um monte de mulher e me esquecer lá, já estou até imaginando senhor Mic. – Digo duvidosa. – Mas eu preciso me arrumar, você acha mesmo que vou desse jeito? – Digo apontando para meu corpo.
- Você tá linda, Liv. Mas como te conheço, vou te levar até sua casa pra se arrumar, depois te busco de novo, fechado?
Concordo com Mic e ele paga as comidas que pedimos, logo indo até o estacionamento que está o carro. Guardamos as compras e Michael dirige até minha casa, chegando lá ele me ajuda a levar as compras até meu quarto, ele se despede brevemente de mim e fala o horário que vai me buscar.
Começo a me arrumar, tomo um banho longo e quentinho. Saio com meu roupão de seda vermelho e vou direto para meu closet. O look escolhido consiste em um cropped branco, na lateral ele é um pouco aberto e uma mini saia com brilho prateado. Como sapato escolhi um salto prateado, com brilho nas tiras que amarram a parte superior dos pés e o colar que ganhei da mamãe no meu aniversário de 18 anos. Coloquei alguns anéis, brincos e pulseiras, peguei minha bolsa também prata e brilhante, decidi deixar meus cabelos soltos então apenas pentiei e e finalizei as ondulações naturais dele, finalizando com meu perfume, quando recebo a mensagem de Michael que já estava na frente da casa.
Desço as escadas e não encontro ninguém, então apenas saio e vou até o carro estacionado.
- Nossa, uau. – É a primeira coisa que Mic diz quando fecho a porta. – Se você não tiver ninguém para ficar hoje, eu me disponibilizo. – Diz piscando para mim, com um sorriso ladino.
- Vou pensar no seu caso. – Digo entrando na brincadeira. – O que achou, tô bonita? – digo piscando os olhos na direção dele, fazendo charme.
- Se você não fosse minha amiga, eu super te pegaria. – Diz ele rindo. – Se bem que isso não nos impede, não é? – Diz ele olhando rapidamente para mim.
- Realmente. – Eu rio, relembrando a nossa adolescência. – Mas faz tanto tempo. Não vai ser estranho? – Digo considerando a ideia louca de Michael.
Michael é um cara bonito, na adolescência ele era super concorrido entre as garotas. Hoje ainda mais, seus cabelos medianos que vão até a nuca, o corpo robusto e forte, tatuagens espalhadas pelo braço direito inteiro, até as mãos. O piercing na sobrancelha e na boca, ambos no lado direito do rosto, os olhos arredondados, escuros e levemente puxados pela descendência asiática além do maxilar definido que deixa o rosto másculo e atraente é o que mais chama atenção no homem. E eu não sou boba, somos solteiros e não sentimos nada um pelo outro, podemos aproveitar de vez em quando, afinal não estaria perdendo nada, não é?
- Nunca mudou, Liv. Bom se você estiver afim, só me diga e deixa comigo, você não vai se arrepender. – Ele diz acelerando.
Chegamos no clube, vejo uma grande fila de jovens na porta dupla do local, que era protegida por três homens gigantescos e fortes. A fachada estava descrito o nome da boate, Destiny, era brilhante e em tom avermelhado e chamava a atenção de longe.
Mic me puxa até uma porta que estava ao lado da que havia a fila, essa que era protegida apenas por um segurança. O homem pede o convite para Michael que puxa dois papéis escrito Vip da jaqueta de couro que usava, o segurança recolhe os convites e libera nossa entrada. O interior não era nada diferente das demasiadas baladas da cidade, mas o grande número de pessoas ali, o som ao vivo que tocava alguma banda, o grande bar, era um lugar bem espaçoso.
Quando Mic segura em meu braço e pede para mim segui-lo para não se perder, vejo uma escada, um segundo andar? Porém o que me causa estranheza é os seguranças protegendo o segundo andar, isso sim não é nada comum.
Noto que meu amigo para em frente ao bar, pedindo uma dose de Sex on the bitch para a barman, minha bebida alcoólica favorita.
- Ei, o que é aquilo? – Aponto com a cabeça para as escadas. – É a área vip?
- Não, a área vip é aqui também. – Ele diz olhando. – Porra, agora que eu vi. Não faço ideia do que seja. – Ele diz se virando quando a bebida é deixada no balcão.
- Toma, para você. – Ele diz me entregando. – Hoje você vai beber por mim, já que estou dirigindo. – Me puxa até alguns sofás distribuídos na boate.
Olho ao meu redor, mulheres seminuas vagam por toda boate, e muitos seguranças por todos locais. Estranho. Tem algo estranho aqui.
Começo a conversar com Michael mas logo uma mulher loira se aproxima, percebo que ela é uma das que trabalham aqui, ela usa um conjunto de lingerie avermelhada e olha para meu amigo, se sentando no colo dele.
- Oi gatinho, tava te olhando faz um tempo. O que acha de aproveitarmos a noite, só nos dois? Tenho certeza que você vai adorar meus trabalhos. – A mulher morde os lábios, porém noto em seu rosto um olhar diferente das palavras que dizia, era um olhar cansado, amedrontado. Seus braços possuem marcas avermelhadas, semelhante a marcas de cordas. As pernas também parecem ter sarado recentemente de machucados, com marcas levemente arroxeadas.
- Não, eu estou acompanhado. – Michael puxa a moça levemente de seu colo. – Com licença. – Ele diz se levantando e me puxando também.
- Espera. – Digo parando o homem. – Vamos ficar mais um pouco aqui, digo me aproximando. Preciso fazer Mic ficar aqui, mas não posso revelar que desconfio de algo.
- Tudo bem, vamos voltar para o bar. – Nesse momento, vejo algumas mulheres subindo acompanhadas por homens para esse segundo andar. Prostituição. Preciso subir no segundo andar.
- Michael, vamos para o segundo andar. – Digo olhando nos olhos do homem.
- Você sabe que lá é apenas quartos para sexo com as prostitutas daqui né? – Ele diz e arregala os olhos. – Você quer transar comigo? – Ele completa. – Eu queria só ficar, mas se você quer algo mais sério assim, era só ter falado, Liv. Eu não ia te dar um fora.
- Vai se fuder. – Bato na cabeça oca do Michael. – Eu só quero ver como é, você precisa me ajudar, vai. – Digo
- Você viu como aqueles homens são? Como vamos subir lá?
- Por isso mesmo. Você irá distrai-los para mim subir.
- E o que vou ganhar com isso? – Responde cruzando os braços.
- Um beijo, eu fico com você essa noite. Apenas me ajuda, por favor.
- Eu fazeria de graça, mas agora você tá me devendo um beijo, gatinha. – Ele diz rindo da minha cara.
- Você é um idiota. – Eu digo rindo da cara de pau. – Agora faz seu serviço, vai.
- Como eu vou distrair aqueles dois? – Ele pergunta analisando os seguranças.
- Sei lá, você é inteligente Michael, confio em você. – Digo o empurrando.
Vejo Michael chegando nos homens e falando algo para os dois, logo um dos homens se afasta, falando algo no celular que segurava. O segurança entra em uma sala restrita e sobra apenas um, vejo Michael colocar uma mão na cabeça e me aproximo para mais perto da escada, ficando em um canto pouco iluminado. Meu amigo finge desmaiar e o homem o segura e começa a chamar alguém pelo celular, corro e passo de maneira silenciosa atrás do segurança, subindo as escadas correndo.
O local era um corredor repleto de quartos, que eram divididos por números. Sigo reto e ando rapidamente, preciso sair rápido daqui, encontro no fim do corredor mais escadas, porém essas levam para uma parte abaixo do chão desse corredor, era pouco iluminada e diferente das outras áreas da boate luxuosa, era totalmente descuidada.
Estranho e me preparo para descer, porém escuto uma voz atrás de mim.
- Ei, você! O que está fazendo aqui? Essa área é restrita, você não deveria estar aqui. – Diz um segurança. Forço a
Cara de confusão mais sincera que consigo.
- Oh, me desculpe eu acabei me perdendo, estava procurando o banheiro, é minha primeira vez aqui e me perdi do meu namorado. – Digo fingindo preocupação. – O senhor pode me ajudar?
- Hm, os banheiros são no primeiro andar, aqui é somente os quartos privados senhorita. – Ele diz me olhando desconfiado. – Vamos descer.
Eu olho mais uma vez para as escadas escurecida.
- O que há aqui? – Pergunto apontando para atrás. – O Homem continua a andar pelo corredor enquanto eu o sigo.
- Nada de importante, e você definitivamente não deveria entrar aqui. Dessa vez passa, mas se tiver uma próxima você não vai sair tão fácil. – Diz o homem friamente.
Desço as escadas rapidamente quando o homem me leva até lá, procuro por Mic e encontro em um sofá tomando uma garrafinha de água e logo corro até ele.
- Obrigada, por me ajudar, Mic. Você é um ótimo ator. – Digo o abraçando.
- Por nada, mas ainda está me devendo. – Ele pisca para mim.
Logo me aproximo dele e selo nossos lábios, Michael joga a garrafinha no chão e abraça minha cintura e eu puxo os cabelos dele quando chupa meu lábio inferior, introduzindo a língua na minha boca.
Continuamos nesse ritmo, quando o ar começa a faltar, Mic separa nossas bocas e encosta nossas testas.
- Não mais. – Sussurro em seu rosto. – Agora estamos quites. – Digo me afastando e levantando do sofá. – Estou com sono, vamos?
Michael concorda e vamos até a saída, quando saímos, meu amigo abre a porta de seu carro para mim entrar.
- Nossa que cavalheiro. – Digo rindo.
- Eu sou. – Ele pisca e ri.
Michael dirige até minha casa e me deixa na porta de casa, se despedindo com um abraço e um beijo na minha testa.
Dentro de casa, vou em busca dos meus irmãos em seus quartos. Bato na porta de Enzo, que permite minha entrada, quando o gêmeo olha para mim, sorrio e digo.
- Temos uma missão!

Truths and lies Onde histórias criam vida. Descubra agora