XLV - Fiel

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Fielmente me engano, uma esperança tão profunda que nem a fria e dolorosa realidade parece fazer tremer ou doer. E em fidelidade a mim solto-me num buraco, confiante na mão salvadora de terceiros, e se vão os segundos até que finalmente o mundo me atinge sem se mover. Eu estava enganado.

O tempo se vai, e na queda uma nova esperança.

É mais forte do que qualquer conselho e mais doce do que a mais saudável fruta, mas logo se prova uma massa amarga, grudenta, borrachuda e antes retentora do que hoje nos faz mal. Uma substância que invade a alma e se alimenta da carne que ela mesma apodrece, nos faz esquecer quem somos e devora também os pedacinhos de pão que deixamos pelo caminho. Agora que saímos de casa, não há mais como voltar.

Mas o tempo se vai, e na queda uma nova esperança.

O ego e o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora