XXXIV - Espero

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Espero, atento, pelo primeiro vento aqui dentro. Não quero um pequeno sopro passageiro que dura de dezembro a janeiro, quero uma brisa forte que vá do sul ao norte.

A janela continua aberta, e o frio a bater em mim. E assim, preso no que nem conheço, mas desejo, perco enorme tempo.

O ar veio seco nesta manhã, quando eu estava à sua espera, dispondo para ti o direito de estar nesta inexperiente mente. Seco, sim, bateu em meu rosto, e trouxe uma umidade que não existia nele. Perdi, sim, perdi a compostura quando as lágrimas começaram a cair por ti, desejo de um prazer não vivido. Sim, as lágrimas por ti tornaram-me perdido.

Imagino nunca poder tê-lo, ó desconhecido cessar desse desejo! Vejo, preso na cabeça, a prévia mácula pelo que ainda nem existe, e as gotas caem sem motivo. Revivo, sempre no mesmo sonho, imaginando, escurecendo o que está na frente dos meus olhos. Fujo da realidade e me afogo na mente, matando o físico que machuca, mas mantendo a dor presente.

A janela continua aberta, e o frio a bater em mim. E assim, preso no que nem conheço, mas desejo, perco enorme tempo.

Espero, atento, pelo primeiro vento aqui dentro. Não quero um pequeno sopro passageiro que dura de dezembro a janeiro, quero uma brisa forte que vá do sul ao norte.

O ego e o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora