XLVII - Cristal

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Cristalizada em mim a gota que cai, sai o pingo frágil, água gelada que tenta evaporar a infância no corpo de adulto. E escuto cada vez mais alto o gotejar no chão, pois cresço a cada segundo e me afasto mais e mais dele.

Tão velozes e fortes cristais...

Seu olhar me atrai, mas congelado o meu está, pois má, muito má foi a brisa que soprou seus cabelos... 

Ventania que te embeleza e me congela...

Subo ao céu e te vejo tão pequena... Serena e calma a existência que procura uma alma corajosa e quente, que aqueça a brisa que chegará em você. Vi isso de cima e finalmente descongelei meu olhar, não contendo a emoção e fazendo novamente os cristais dos olhos perfurarem a terra.

Volto ao chão e não te reconheço mais, pois várias outras iguais tentam novamente congelar meu olhar. Corro e me escondo, mas elas conseguem me cercar...

Mas percebo que tudo não passou de um pesadelo, um peso que custo até hoje tirar de mim... Pois me amedronto ao te ver novamente em minha frente 

Sem ventania, sem cristais, sem fuga ao céu... Congelo meu olhar no seu, me amarguro por dentro por não conseguir te ter e às vezes só quero fugir de tudo...

Mas consigo te ver sem fugir de você... Quando eu tiver coragem, sei onde te achar.

O ego e o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora