XXII - Fartam-se os urubus

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Fartam-se os urubus, bufantes de tantas sobras. E vêm mais hordas, ordenadamente e sem disputas, pois as perdas são tantas... muitas e muitas! Mutação da matança ao número infinito. Aja desperdício! E a piedade? Dela nem um ínfimo indício.

Transformam-te em pó. Ó, parentes do mal! Aplicam-te, sem dó, o parentesco mortal.

Exaustos de tantos seres. E de lhes serem entregues tantos poderes. Os que juraram zelar para a ausência destes convertem-se nos que combateriam. Isso poucos diriam: "O que cuida, mata!" Mas não só mata, como a culpa descarta. E para quê? Para regar os poderes, para renovar o poder.

Transformam-te em pó. Ó, parentes do mal! Aplicam-te, sem dó, o parentesco mortal.

Aproveitam-se de sua fraqueza, a fortalecem e sugam tal vigor. Pegam a vida vivida, doída e sofrida e aumentam-na a ferida, dando uma dor que a mais experiente carne não lida. A alma não se encontra, sugada pela colossal sombra da irônica justiça, que a inércia da terra sem estado enfatiza. Matemática esquecida. Para o fundo de uma gaveta varrida.

Transformam-te em pó. Ó, parentes do mal! Aplicam-te, sem dó, o parentesco mortal.

Fartam-se os urubus, bufantes de tantas sobras. E vêm mais hordas, ordenadamente e sem disputas, pois as perdas são tantas... muitas e muitas! Mutação da matança ao número infinito. Aja desperdício! E a piedade? Dela nem um ínfimo indício.

O ego e o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora