Capítulo 30

106 8 0
                                    

Felipe

- Fica aqui, enquanto eu vou buscar o nosso lanche. -André me deixou naquela mesma mesa com aquelas mesmas pessoas do dia anterior. Fiquei sentado ao lado do Gabriel, com um espaço vago do meu outro lado, onde o meu irmão sentaria. Mas não foi ele quem sentou. Aquele garoto que encontramos no shopping saiu de onde estava sentado, deu a volta na mesa e sentou ao meu lado.

- Felipinho! -Ele falou com empolgação, colocando um braço ao redor do meu ombro. -Fiquei sabendo que você passou mal mais cedo, rapaz. Me conta essa história!

- Pedro, Pedro... Você tá brincando com o vespeiro... Volta pro seu lugar, pro seu bem. -Gabriel falou pra ele em um tom preocupado. Ah, então ele é o Pedro, irmão dos gêmeos! Lembrei do nome e finalmente associei à pessoa. Agora toda a implicância do meu irmão com o Murilo tava explicada.

- Dá nada não, mano. Relaxa!

- Primeiro que eu não sou seu mano. Segundo, que eu acho melhor você sair por bem, antes que o André te tire por mal.

- Ou, a escola não é dele não! Eu posso sentar onde eu quiser.

- A escola pode até não ser minha, mas o irmão é. Pode ir tirando o braço dele, antes que eu arranque ele do seu corpo. -Ouvi a voz do André atrás de mim. Ele colocou a minha bandeja na minha frente e realmente fez o garoto sair do meu lado. Ele estava todo preocupado e ficava toda hora perguntando se eu estava bem ou se eu queria alguma coisa. -Mano, agora tô com medo de você voltar pra sala e passar mal de novo. Cê não acha melhor eu pedir pra virem te buscar?

- Não, eu só fiquei assim por causa do susto. Acho que consigo ficar bem até o fim da aula.

- Tudo bem. Mas promete que se acontecer qualquer coisa, você vai mandar me chamar?

- Prometo.

- Hoje eu tenho treino de futebol depois da aula, então a gente vai ficar aqui mais um pouco. Eu não vou conseguir ir na sua sala levar você até a área do campo, então cê vai pegando informações com o pessoal da sua sala pra chegar até lá, tá bom? -Nessa hora o sinal bateu, apontando o fim do intervalo. André me levou até a minha sala e depois foi pra sua.

- Cê nem sabe! -Sofia começou a cochichar sentada ao meu lado na aula seguinte. -O professor tomou maior bronca da diretora na frente de todo mundo por causa do que aconteceu com você.

- Nossa... Coitado.

- Eu achei bem merecido! Que ideia mais idiota a de acordar alguém assim. Cê tá bem agora, né?

- Tô sim.

- Ah, que bom. -Nosso diálogo acabou aí. Depois disso apenas seguimos assistindo as aulas. O sinal finalmente tocou anunciando o fim delas, e só então eu lembrei que eu precisava ir pra área do campo esperar o André.

- Sofia, você sabe me explicar onde fica o campo daqui da escola? Eu preciso ir pra lá esperar o meu irmão treinar.

- Sei sim, a gente também tá indo pra lá esperar o nosso irmão. Ele treina no time. Se você quiser, pode ir comigo e com o Murilo. -Sofia falou enquanto guardava as suas coisas na mochila. Ela saiu na frente e eu a segui juntamente com o Murilo. Ao sair da sala, comecei a ter a mesma sensação de insegurança e falta de ar que senti no dia anterior ao chegar no corredor lotado de gente. Isso me fez ficar um pouco mais lento e quase me separar dos meus colegas de sala sem que eles notassem. Por instinto, segurei na mão do Murilo, que era quem estava mais perto. Foi coisa de segundos, quando ele soltou a minha mão com força e me empurrou contra a parede que estava perto de mim, me fazendo bater as costas.

- Que viadagem é essa, cara? -Ele falou meio alto e um pouco bravo. As pessoas que estavam ao redor pararam pra observar o que estava acontecendo. Eu fiquei muito nervoso, muito mesmo, com aquela situação. As pessoas me olhando, ele brigando comigo no meio do corredor... Acho que meus olhos estavam pra sacar, de tão assustado. Eu nem ao menos conseguia falar.

Brotherly LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora