Felipe
Assim que entramos na minha sala, senti os olhares de todos os meninos se voltarem pra mim. Murilo me olhava com uma expressão preocupada. Vi alguns cochichando algo e rindo. Fomos até a minha mesa.
- Chegou o esquisito. -Ouvi alguém falar. Só tinha um problema: o André também ouviu. E ele não só ouviu, ele viu quem foi. O meu irmão passou em disparada entre as mesas até chegar no garoto e ergue-lo pelo colarinho do uniforme.
- Repete! Eu quero ver você falar isso na minha cara! Bora, cê não foi homem pra zoar? Agora sustenta!
- E-e-eu eu só tava brincando, cara! Alivia aí!
- Moleque frouxo! -Ele largou o garoto com força sentado em sua cadeira. André se abaixou em sua direção e segurou na camisa do menino de novo. -Se eu sonhar que você andou importunando o meu irmão, eu vou te comer na porrada, entendeu?
- S-s-sim. -Ele respondeu, e o meu irmão deu dois tapinhas relativamente fortes no rosto dele. -E isso serve de aviso pra qualquer um aqui. -André falou alto. -Se eu souber que um de vocês tá fazendo alguma coisa de ruim com o Felipe, eu vou fazer questão de arrancar todos os dentes da pessoa no soco! -Ficou um silêncio absurdo quando ele terminou de falar. André voltou pra perto de mim. -Eu vou ter que ir agora, mano, até mais tarde. Fica bem e qualquer coisa, me chama! -Ele falou pra mim e saiu. Murilo veio em minha direção.
- Cê tá bem, cara?
- Tô...
- O professor pegou pesado contigo, hein? -Ele sentou na cadeira a frente da minha.
- É... -Eu não sabia muito bem o que falar. Ainda estava com um pouco de sono e cansado. -Eu fiquei com medo...
- Mas tá tudo bem agora. -Ele colocou a mão em cima da minha. -Não liga pros moleques, cê sabe como a gente é... Todo mundo zoa todo mundo...
- O que aconteceu que eu não fiquei sabendo? -Sofia chegou perto de nós e Murilo tirou a mão de cima da minha muito rapidamente.
- Nada que te interesse, Sofia. Volta pro seu lugar! -Murilo respondeu.
- Grosso!
- Intrometida! -Ele falou enquanto ela voltava pra sua carteira, emburrada.
- Ou, sai do meu lugar! -O garoto que estava sentado na minha frente, na cadeira onde Murilo sentou, chegou falando pra ele.
- Senta lá no meu lugar. Vou sentar aqui agora. -Ele falou entregando a mochila do menino. -Aproveita e traz minha mochila pra cá também. Valeu. -Eu queria saber onde as pessoas arrumam tanta cara de pau! O pior é que o garoto mudou mesmo de lugar. Murilo piscou pra mim e sorriu. Senti meu rosto ruborizar.
A aula seguinte começou e era a Marta, professora de história quem daria aula. A mesma que deu a primeira aula que assisti na escola.
- Bom dia, meus amores! Cheguei e trago novidades! Quem quer saber? -Ela perguntou, toda empolgada. A turma respondeu gritando. -Calmaaaa! Com tanto alvoroço eu não tenho como não falar, né? Pois então vamos lá! TRABALHO PARA APRESENTAR SEMANA QUE VEM!
- AAAAAAH -todos começaram a lamentar.
- Sem chororô que eu tô fazendo isso pra ajudar vocês na prova. Esse trabalho valerá dois pontos a mais na prova. Ou seja, se você tirar 5, sua nota vai pra 7. E assim por diante. Quem amou? -Ela era relativamente nova, então estava sempre numa energia muito pra cima. Depois dessa informação, as pessoas até começaram a gostar da ideia do trabalho. -Eu vou escolher as duplas e vai ser o seguinte: quem tiver na primeira cadeira de cada fileira, vai fazer o trabalho com quem tiver na segunda. O terceiro, com o da quarta cadeira e assim por diante. -Ela falou isso e as pessoas começaram virar pra trás umas das outras e notarem quem eram suas duplas. Pelos cálculos da nossa fila, Murilo, que agora tinha ido sentar na minha frente, seria minha dupla. Ele olhou pra tras, sorriu e olhou pra frente. A professora então começou a explicar como seria o trabalho. Nós muito provavelmente teríamos que nos reunir fora da escola pra fazê-lo.
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Brotherly Love
Teen FictionIsso não é um romance, mas definitivamente é sobre o amor. Neste drama familiar, acompanharemos a história de dois irmãos que não sabem da existência um do outro e que, por uma fatalidade, passam a ter que morar juntos. Com muitas questões causadas...