Capítulo 36

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Felipe

Gabriel levantou do chão e quando ia saindo, Henrique apareceu na porta.

- Meu Deus, que confusão é essa? Tá dando pra ouvir a gritaria de vocês lá embaixo, eu tava falando com um cliente por telefone no escritório e tive que desligar a ligação.

- Com licença, tio. -Gabriel saiu mesmo assim, sem falar mais nada ou dar qualquer satisfação ao Henrique.

- FELIPE?? Meu Deus, o que houve com o seu rosto, meu filho? -Ele veio correndo em minha direção e se ajoelhou ao meu lado.

- Foi o André, pai... -Eu estava tão fragilizado, que nem tinha me dado conta da forma como o chamei.

- Vem comigo, vamos lavar o seu rosto e botar um pouco de gelo nele antes que fique inchado. Você, garoto, eu acho melhor você ir pra sua casa. E você, André, eu no seu lugar começaria a rezar, porque eu não sei o que sou capaz de fazer contigo quando eu te pegar. -Nós descemos até a cozinha e os funcionários da casa ficaram assustados ao ver a quantidade de sangue que tinha no meu rosto. O corte não era nada demais, eu já sabia disso pelas outras experiências... Mas imagino que a minha aparecia deu a entender que podia ser algo mais grave.

- Meu Deus, seu Henrique! O que foi com o rosto do menino? -Graça perguntou.

- Longa história, graça. Pegue um pouco de gelo pra eu botar no rosto dele, por favor. -fomos a um banheiro próximo dali e ele lavou meu rosto. Em seguida voltamos para a cozinha, onde eu sentei num dos bancos altos que têm perto do balcão. Graça apareceu com a compressa de gelo e deu para o meu pai.

- AAAAH -Senti um incomodo enorme quando o gelo encostou no meu rosto.

- Calma, filho. É preciso colocar gelo pra não piorar. Daqui a pouco cê acostuma. -Ele ficou em pé ao meu lado segurando o gelo no meu olho, enquanto eu o abraçava.

- Vocês não acham melhor subir para o quarto e deitar um pouco? fica mais confortável. -Graça sugeriu.

- Você tem razão. Vem, vamos subir. - Ele me conduziu até o andar de cima, mas dessa vez fomos para o seu quarto. Eu ainda estava tentando parar de chorar, pois tinha ficado muito nervoso com a situação.

Toda aquela briga e confusão, me fizeram lembrar exatamente de como eu me sentia quando o Antônio me batia. O coração disparado, as mãos tremendo, o medo... A sensação depois disso tudo era a mesma também: eu só queria a minha mãe, mas agora ela não estava mais aqui. Esses pensamentos ficavam girando na minha mente e eu acabava não conseguindo parar de chorar. Henrique sentou na cama encostado na cabeceira e pôs minha cabeça em seu colo. Ele segurou o gelo com uma das mãos e com a outra acariciava os meus cabelos.

-Lipe, conta pro papai o que aconteceu, filho? Por que o seu irmão te bateu? -E agora, como eu explicaria que o André ficou daquele jeito porque viu o Murilo me beijando? Eu não soube o que falar, então apenas não o respondi. Ele também não insistiu e depois de um tempo saiu do quarto levando a compressa de gelo de volta pra cozinha.

André

Era por volta das 18 horas quando eu cheguei do treino junto com o Gabriel. Coincidentemente, meu pai também estava chegando em casa nesse mesmo horário.

- E aí, meninos, como foi o treino?

- Foi de boa, pai.

- É, deu pra suar. -Gabriel falou. Ele e eu estávamos pingando suor.

- Deu pra perceber. Cê sabe do seu irmão, filho?

- Ah, pai, deve tá lá em cima. Ele ia fazer um trabalho da escola com um moleque da sala dele, mas a essa hora já deve ter terminado.

Brotherly LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora