Capítulo 16

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Henrique

Eu não sabia exatamente o que fazer naquele momento. Eu estava chocado demais pra disfarçar, mas ao mesmo tempo, não podia dar indício nenhum de que tinha visto algo diferente. Eu quis chorar, e gritar, mas tudo o que eu pude fazer foi engolir o meu choque o mais rápido possível e tentar agir com naturalidade.

- Tá tudo bem, pai? -André perguntou enquanto ajudavamos o Felipe a se vestir. Pelo visto eu não tava conseguindo disfarçar tão bem.

- Tá sim, filho. -Falei lançando um sorriso de canto de boca. Meu coração tava batendo tão forte, mas tão forte, que eu poderia surtar com aquilo naquele exato momento. -Só tô um pouco preocupado com o horário. -Terminando de vestir o Felipe, eu fiquei encarregado de dar o nó em sua gravata. Fazia isso enquanto analisava cada detalhe do seu rosto. Foi quando eu mirei em seus olhos e faltei me amaldiçoar em voz alta por ter sido tão burro. Como eu não pensei nisso antes? Era tão, mas tão óbvio! -Está pronto. -Virei seu corpo em direção ao espelho e ele ficou ali se analisando, enquanto eu só conseguia pensar no quanto ele tinha ficado bonito.

- Ficou daora, mano. -André bagunçou o cabelo dele, que se ajeitava com apenas duas balançadas de cabeça.

- E então? - O vendendor perguntou lá de fora.

- Você gostou, Felipe? - Perguntei segurando em seus ombros. Eu tive que me esforçar muito pra segurar a emoção.

- Sim.

- Então vamos levar esse. -Falei e saímos do provador. Avisei ao vendedor que ele iria sair usando a roupa, pois íamos direto para um evento. Ele fechou a compra, eu paguei e fomos embora.

Fui por todo o caminho com a cabeça a mil. Guiei o carro quase que no automático, de tantos pensamentos que me cercavam. Finalmente chegamos na mansão dos meus pais. Era por volta das 21:30 e sim, estávamos bem atrasados. Deixei meu carro com o manobrista e entramos na área interna da casa.

- Pai, meus parabéns! -Falei sorrindo e o abraçando.

- Muito obrigado meu filho! -Ele respondeu, também sorrindo, enquanto recebia o presente que lhe comprei.

- Vovô! -André praticamente se jogou em cima do meu pai.

- Calma, garoto! Você não é mais uma criancinha e eu já não tenho tanta força pra receber um abraço desses.

- É, eu sou praticamente um adulto agora!

- Bom e pelo que a Helena me disse hoje, aquele ali só pode ser... -Meu pai parou no meio da frase e ficou olhando bem pro Felipe. Ele me olhou de repente, surpreso, e isso só me fez perceber o quanto eu demorei pra enxergar o que o meu pai tinha notado em segundos.

- Henrique, isso são horas de chegar no aniversário do seu pai?! -Minha mãe, Helena, se aproximou de nós, furiosa. Ela ficava insuportável nesses jantares que organizava, pois tudo tinha que sair perfeito.

- Oi pra você também, mãe. Desculpa o atraso. Tive que sair de última hora pra comprar o terno do Felipe. -Foi só ao falar o nome dele, que ela pareceu se dar conta da sua presença ali.

- Eu não acredito que você trouxe esse...

- Esse o que, vó? -André se colocou na frente dele, encarando a minha mãe que estava prestes a ofender o garoto. Só quando viu o neto é que ela baixou um pouco a bola e respirou fundo, se recompondo.

- A sorte de vocês é que eu não tenho tempo pra essas coisas agora, e muito menos vou perder minha classe com isso. -Ela saiu de nariz empinado.

Felipe

Brotherly LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora