Capítulo 31

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Felipe

Notei que Henrique estava com um envelope na mão. Ele parecia um pouco nervoso, e eu também. E se eu não fosse seu filho? E se todo aquele estresse que a gente passou, tivesse sido à toa? Mas o pior de tudo nem era isso, era a possibilidade de eu ser mesmo filho do canalha que matou a minha mãe.

- Abre logo isso aí, pai! -André parecia mais curioso do que nós dois.

- Calma, André. Felipe, eu quero te dizer que independente do resultado que tenha aqui dentro, apesar da minha grande convicção de que você é sim meu filho, saiba que eu já te aceitei como tal, e não vai ser um exame que vai mudar isso. -Henrique começou a abrir o envelope e a ler. Eu tentava decifrar sua expressão facial, mas era uma incógnita pra mim. De repente, ele levanta a cabeça e me encara, ainda inexpressivo. Mas então um sorriso se abriu em seu rosto e eu simplesmente sei que o resultado era positivo. Henrique abre os braços e eu corro em sua direção, me jogando nele e o abraçando. -Meu filho... -Ele beijava o meu rosto inúmeras vezes. Eu fiquei feliz com essa notícia... Eu tinha um pai! Um de verdade, sabe? Um igual o que as outras pessoas têm... E o melhor de tudo é que eu tinha finalmente rompido qualquer vínculo com aquele desgraçado que eu chamava de pai. De agora em diante eu nunca mais vou me referir a ele assim.

- Eu tô muito feliz! -André falou e nos abraçou.

- Eu também, meu filho! Eu também! Você nem imagina o quanto...

- Eu também... -Falei e o Henrique me abraçou mais forte.

-Agora tudo vai ser diferente... Eu prometo! -Henrique disse. -Vamos almoçar em comemoração a essa notícia! Por mim, até uma festa eu daria!

- Eu achei uma ótima ideia! -André respondeu.

- Vou pensar mais sobre isso.

O almoço foi bem animado. Estávamos conversando sobre diversas coisas. Eu me sentia finalmente em casa... Não era como se fosse a casa de estranhos... Era a minha casa, com a minha família.

- Não esquece que você ficou de ir na academia hoje comigo, hein? -André lembrou.

- Você tava falando sério mesmo?

- Claro! Eu não brinco quando se trata da academia.

- Eu achei uma excelente ideia, filho! Tem meu total apoio em levar seu irmão.

Eu não tive escapatória! Não houveram desculpas suficiente pra me fazer faltar à academia. Coloquei algumas roupas leves e fui com o meu irmão e o Gabriel. Chegando lá, nós não fomos pra área da musculação, onde eu pensei que ficaríamos; fomos pra área onde estavam tendo alguns treinos de luta.

- André, eu não posso ficar aqui. -Falei numa boa. Essa era a primeira vez que eu identificava que algo me daria gatilho antes de começar a passar mal.

- Ué, por que?

- Eu não posso ficar num ambiente de violência, né? Tenho certeza que no primeiro som de soco, eu desmaio com falta de ar. -Falei rindo do que disse.

- Mas aqui não é um ambiente de violência, mano. É um esporte, tem toda uma parada de respeito e tal... Não é algo desorganizado e ninguém se machuca.

- Eu sei disso, mas minha mente não funciona como a de vocês. Por mais que eu tenha essa consciência, eu sei que ver as pessoas batendo umas nas outras não vai ser bom pra mim. Será que eu posso, sei lá, fazer alguma outra coisa?

- Poxa, eu queria muito que você fizesse muay Thai comigo. Acho que seria uma ótima oportunidade pra você aprender a se defender também. Mas eu entendo que você talvez ainda não esteja pronto pra isso. Bem, eu não sei o que fazer então... Agora é a hora do meu treino e do Gabriel, a gente não pode faltar... -Ele pareceu pensativo. -Você pode ir pra área da musculação e ficar fazendo esteira, bicicleta, esses exercícios que são mais fáceis de fazer sozinho. Daqui a pouco a gente te encontra lá, pode ser?

Brotherly LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora