Capítulo 28

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Felipe

Sofia deu espaço pro André passar, meio envergonhada. Como ele tinha conseguido chegar tão rápido na minha sala? O sinal mal tinha tocado...

- Vamos. -Ele me pôs à sua frente e andou atrás de mim pela sala até a porta, me guiando pelos ombros com as mãos. Assim que saímos da sala, seu braço envolveu novamente o meu ombro e me trouxe pra perto dele. A sensação era que André queria me manter o mais próximo possível dele, me protegendo de qualquer um que pudesse chegar perto. Fomos assim até ao refeitório onde pedimos os nossos lanches, e eu o segui até uma mesa segurando a minha bandeja. A mesa ficava bem no meio do refeitório e todo mundo ali era mais velho que eu. -Pessoal, esse é o Felipe, meu irmão.

- Aoooown ele é tão fofinho, André!! -Uma garota falou, me deixando envergonhado.

- Senta aqui, Lipe. Chega pra lá, moleque. -Ele fez um garoto se afastar mais e nós sentamos no banco junto com os outros. Dos que eu conhecia, Gabriel estava do meu lado, André do outro e ao lado do André estava aquela garota que eu vi com ele na festa da sua avó. Depois de uma rápida olhada, percebi que o garoto que encontramos no shopping uma vez, também estava ali.

- Ele é a sua cara, mano! -Um dos caras falou.

- Se eu recebesse um real toda vez que alguém fala isso, eu já estaria bilionário. Deixa que eu abro pra você. -Ele abriu uma garrafa de suco que estava impossível. -Ta sujo aqui, mano. -Ele falou sorrindo e limpando o canto da minha boca com o guardanapo.

- Você viu, amiga, como é bonitinho o jeito que o André cuida dele? -Uma menina comentou com a outra.

- Ai, amiga, eu acho que tô apaixonada!! -A garota respondeu.

- Pois pode ir tirando o olho, que o André já tem dona! -A garota da festa respondeu e logo todos da mesa começaram a gritar e a bater na mesa. Isso me assustou um pouco. Percebi que as pessoas das outras mesas tentavam descobrir o que tava acontecendo alí.

- Não tem problema, queridinha, eu fico com o mais novo. -Ela falou sorrindo e eu me encolhi.

- Só se eu tiver morto pra deixar você chegar pelo menos perto do meu irmão. -André falou mordendo o seu sanduíche. Sério, mas não bravo.

- O Felipe não sabe onde se meteu. -Gabriel falou. -O André é o cara mais ciumento que eu conheço. Desse jeito o moleque não vai conseguir namorar nunca.

- Até parece, né, Gabriel? Eu não sou ciumento a esse ponto.

-Ah, é? Então tá. Lipe, vem cá! -Gabriel passou um dos braços ao redor do meu pescoço e juntou nossos corpos lado a lado, enquanto passava a mão nos meus cabelos. Acho que isso não durou nem quinze segundos.

- Ah, tá bom, chega, larga ele. -André praticamente arrancou o braço do Gabriel de cima de mim e me puxou de volta, fazendo todos na mesa rirem muito da situação.

- Não falei?

- Eu sou ciumento mesmo. O Felipe ainda é muito novo e inocente pra algumas coisas.

- Mas a pergunta que não quer calar é: de onde o Felipe saiu? Até onde eu sei, você não tinha irmão nenhum. -O garoto que encontramos no shopping perguntou e isso gerou um certo burburinho. Todos pareciam querer saber disso. André estava visivelmente incomodado com aquela pergunta. Tanto que a sua postura e tom de voz mudaram ao responder.

- Nossos pais eram separados, e ele morava com a nossa mãe, mas ela faleceu recentemente e ele veio morar com a gente. -Quando ele falou isso, percebi que o clima pesou um pouco.

- Nossa, eu sinto muito por vocês... -A garota sentada à nossa frente respondeu.

- Tudo bem, nós não tínhamos qualquer proximidade. Não era como se ela fosse alguém importante. -André respondeu com naturalidade, mas cada palavra dele me rasgou por dentro. A minha mãe era a pessoa mais importante da minha vida e eu ainda não tinha superado a morte dela. Eu literalmente a vi sendo espancada até a morte. Levantei daquela mesa e saí correndo, pois não queria que me vissem chorando. Procurei o banheiro mais próximo e me tranquei na última cabine, sentei na tampa do vaso e suspendi os pés abraçando os joelhos. Eu sentia tanto a sua falta... Nenhum carinho ou conforto no mundo proporcionado pelo Henrique ou pelo André, seriam capazes de suprir a falta que ela fazia.

Brotherly LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora