22

8.1K 361 178
                                    

O treino estava intenso. O campo parecia um turbilhão de atividades e, em teoria, eu deveria estar totalmente focado. Mas minha mente estava a mil, perdida em pensamentos.

Minutos antes de começar, recebi uma mensagem da minha mãe dizendo que eles estavam planejando vir me visitar. Minha família mora na Colômbia, na minha cidade natal. Eu adorava quando eles vinham – a casa ficava cheia, e me sentia "em casa". Mas o problema era quando eles iam embora. Lidar com a sensação de vazio depois da partida deles sempre era difícil.

Enquanto corria pelo campo, meus olhos inevitavelmente se desviaram para onde Maitê estava, ajudando Rony e López com alongamentos. Ela era muito boa no que fazia, sempre atenta aos detalhes, oferecendo apoio e dicas com um sorriso no rosto.

Rony ria de algo que ela disse, enquanto López estava concentrado nas instruções dela, era impossível não notar como ela se destacava.

Eu deveria estar focado no treino, mas era difícil não ficar aéreo, observando-a. Cada movimento dela era preciso e eficiente, e a maneira como lidava com os jogadores mostrava um equilíbrio perfeito entre profissionalismo e empatia.

— Ríos, foco! — gritou o treinador, me trazendo de volta ao presente.

Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Precisava me concentrar no jogo contra o Independiente del Valle, que estava se aproximando rapidamente. Mas mesmo enquanto corria pelo campo, minha mente não conseguia se desligar completamente.

Lá estava Maitê, rindo com Rony sobre algo. Talvez uma piada interna ou um comentário bobo, mas isso só servia para me distrair ainda mais. Tentei me concentrar no que o treinador dizia, nos exercícios que estávamos fazendo, mas minha cabeça continuava voltando para ela.

— Você tá voando, hein, Ríos? — comentou Menino, me dando um tapinha nas costas enquanto caminhávamos para a próxima série de exercícios.

— Só um pouco de cansaço — respondi, tentando parecer mais tranquilo do que me sentia.

Mas a verdade era que o dia já estava carregado de emoções. A expectativa pela visita da minha família, a sensação de que o tempo com eles seria breve e, claro, a presença constante de Maitê, que, mesmo de maneira profissional, adicionava uma camada extra de distração.

Eu precisava encontrar um jeito de equilibrar tudo isso. Precisava estar no meu melhor para o treino e para o jogo. Com um último olhar para Maitê, voltei minha atenção para o campo, determinado a me focar.

Mesmo assim, a lembrança do sorriso dela e a mensagem da minha mãe continuavam na minha mente, um lembrete de que, às vezes, as coisas mais importantes não são aquelas que acontecem no campo de futebol.

Assim que o treino acabou, fomos para o vestiário. O ambiente estava animado, mas também carregado de expectativa. Todos sabíamos que o jogo contra o Independiente del Valle seria crucial.

— E aí, Ríos, tá preparado para encarar os equatorianos? — perguntou Veiga, enquanto tirava a chuteira.

— Preparado, sim. Vai ser um jogo difícil, mas temos condições de ganhar — respondi, tentando soar confiante.

— Independiente del Valle é um time complicado. Eles têm um meio-campo forte e jogam com muita intensidade — comentou Menino, sentando-se no banco.

— Verdade. A gente precisa entrar focado e não dar espaço pra eles. Se a gente marcar bem e aproveitar as chances, dá pra sair com a vitória — disse Endrick, amarrando os cadarços das chuteiras.

— Concordo. O importante é não subestimar eles. Já vimos muitos times bons caírem nessa armadilha — completou Rony, pegando sua toalha.

— Precisamos de um jogo sem erros bobos, pessoal. Qualquer deslize pode custar caro — falei, lembrando dos momentos em que pequenos erros nos custaram caro no passado.

Caso do Acaso - RICHARD RÍOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora