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Deixei Richard na praça, virando-lhe as costas com o coração pesado. Cada passo em direção ao meu carro era uma luta para conter as lágrimas. Quando finalmente cheguei ao meu carro, a tristeza que havia contido com tanto esforço se transformou em uma torrente de emoções. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto antes mesmo de eu abrir a porta. Entrei no carro, fechei a porta com força e deixei o choro vir com todas as forças.

Sentei-me no banco do motorista, minhas mãos trêmulas agarrando o volante enquanto soluçava. A dor de ter que escolher entre Richard e meu trabalho foi avassaladora. Eu amei aquele homem de uma maneira que nunca imaginei ser possível. Não foi apenas atração física, foi algo profundo, algo que me fez sentir vivo de uma forma que nunca havia experimentado antes. Mas a pressão, a responsabilidade e o medo de decepcionar minha tia e perder o emprego que tanto trabalhei para conseguir foram avassaladores.

Liguei o carro, ainda soluçando, e comecei a dirigir de volta para CT. O caminho parecia um borrão de lágrimas e pensamentos confusos. Minha mente estava uma bagunça, tentando processar a difícil decisão que tomei. Escolhi meu trabalho porque era a única coisa que parecia certa em meio ao caos. Mas meu coração gritou que eu havia deixado o amor da minha vida para trás.

Enquanto dirigia, comecei a sentir cada vez mais náuseas. A sensação de náusea aumentava a cada quilômetro, até que finalmente não consegui mais ignorá-la. Estacionei o carro em uma rua deserta, saí rapidamente e me inclinei na calçada, vomitando muito. As lágrimas se misturaram ao suor e à náusea, tornando aquele momento ainda mais miserável.

O pensamento da pílula do dia seguinte passou pela minha cabeça enquanto eu me levantava, tentando recuperar o fôlego. Tínhamos uma relação íntima desprotegida e eu havia tomado a pílula do dia seguinte para evitar complicações. Mas agora, a paranóia tomou conta. Poderia ser um efeito colateral da pílula? Ou talvez fosse apenas o estresse e a dor emocional que eu estava sentindo? Eu não sabia, mas precisava manter a calma.

Respirei fundo algumas vezes, tentando acalmar meu estômago e meus nervos. Voltei para o carro, me sentindo um pouco mais estável, mas ainda arrasado por dentro. Liguei novamente o motor e segui rumo ao CT, determinado a cumprir minhas responsabilidades profissionais, mesmo com minha vida pessoal em frangalhos.

Assim que cheguei ao CT, estacionei e fiquei alguns minutos no carro, tentando me recompor. Eu precisava esconder toda aquela dor, todo aquele caos interno. Eu precisava ser profissional, porque minha carreira estava em jogo e não podia permitir que meus sentimentos interferissem no meu trabalho.

Saí do carro, endireitei os ombros e entrei no prédio com a cabeça erguida. Cada passo era uma luta contra as lágrimas que ameaçavam voltar, mas eu precisava ser forte. Havia uma consulta médica a marcar, para ter certeza de que tudo estava fisicamente bem. Mas emocionalmente, eu sabia que demoraria muito mais para curar as feridas que a decisão havia deixado. .

Assim que cheguei ao CT, fui direto para a sala de fisioterapia. Precisava de um momento para me recompor antes de enfrentar o resto do dia. Entrei no pequeno banheiro da sala e lavei o rosto, tentando apagar os vestígios de lágrimas e tristeza. Minhas mãos ainda tremiam quando peguei as maquiagens da bolsa e apliquei uma camada leve, suficiente para esconder a dor que queimava por dentro. Vestindo minha legging preta, tênis Vans, e uma camiseta de manga longa também preta. Meus cachos volumosos estavam arrumados, mas eu sabia que nada disfarçaria o que eu sentia.

Saí do banheiro e respirei fundo. A cantina do CT era meu próximo destino; precisava comer algo, mesmo que a ideia de comida não fosse atraente naquele momento. Quando entrei, avistei Piquerez já sentado a uma mesa. Ele acenou para mim, convidando-me a sentar ao seu lado. Forcei um pequeno sorriso e fui até ele.

Caso do Acaso - RICHARD RÍOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora