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Enquanto saíamos do túnel do vestiário em direção ao campo, a excitação e a tensão eram quase tangíveis. O som ensurdecedor da torcida do Palmeiras encheu o ar, aumentando minha adrenalina. Cada passo que eu dava me aproximava do campo, e a ansiedade pulsava em minhas veias. O Independiente del Valle era um adversário formidável, mas estávamos prontos para o desafio.

Pisei no gramado, sentindo a familiaridade do terreno sob minhas chuteiras. Olhei ao redor, absorvendo a energia da torcida e a magnitude do momento. Estávamos todos focados, sabendo que cada movimento e cada decisão poderiam definir o resultado do jogo. Abel Ferreira nos deu um último incentivo antes do apito inicial, e então estávamos prontos para começar.

O jogo começou com intensidade. Cada passe, cada drible e cada chute eram feitos com precisão e propósito. Aos poucos, a ansiedade inicial foi substituída por um foco absoluto. Estávamos jogando bem, pressionando o adversário e criando oportunidades.

Então, aos 34 minutos do primeiro tempo, em uma jogada de alta velocidade, senti uma dor aguda na coxa direita. Tentei continuar, mas a dor aumentou rapidamente, e meu corpo não respondeu. Caí no gramado, me contorcendo de dor e segurando a coxa. O estádio ficou em silêncio por um momento, e logo percebi a gravidade da situação.

Imediatamente, meus companheiros de equipe correram até mim. Veiga, Endrick e Zé Rafael foram os primeiros a chegar, preocupados e tentando me acalmar.

— Richard, o que houve? — perguntou Veiga, ajoelhando-se ao meu lado e segurando meu ombro.

— Minha coxa... Não consigo mexer — respondi, tentando controlar a dor que irradiava pela perna.

Endrick e Zé Rafael se aproximaram ainda mais, suas expressões cheias de preocupação. Endrick colocou uma mão no meu ombro, enquanto Zé Rafael tentava avaliar a situação.

— Fica calmo, cara. Os médicos estão vindo — disse Zé Rafael, tentando me tranquilizar.

Dois membros da equipe médica correram para o campo. O primeiro a chegar foi o médico do time, seguido de perto por Maitê, a fisioterapeuta. Seus olhos estavam cheios de preocupação quando ela se ajoelhou ao meu lado.

— Richard, onde dói? — perguntou ela, com a voz firme, mas suave.

— Minha coxa... Não consigo mexer — repeti, sentindo o alívio de saber que ela estava ali.

O médico rapidamente avaliou a lesão, e Maitê começou a palpação cuidadosa da área, tentando determinar a extensão do dano. Eu podia ver a seriedade em seus olhos, uma mistura de profissionalismo e preocupação pessoal.

— Precisamos tirá-lo do campo — disse o médico, confirmando o que eu já temia.

Com a ajuda de Maitê e do médico, fui levantado cuidadosamente. A dor era intensa, mas tentei me concentrar em respirar e manter a calma. A torcida aplaudia em apoio enquanto eu era ajudado a sair do campo. Cada passo era um desafio, mas a presença de Maitê ao meu lado me dava um estranho conforto.

Ela colocou meu braço ao redor de seus ombros, e pude sentir a força e a determinação em seu corpo. Caminhamos juntos até a linha lateral, onde a equipe médica esperava para me levar ao banco de reservas e continuar a avaliação.

Sentado no banco, com a perna esticada e gelo aplicado na área afetada, assisti ao restante do primeiro tempo com um misto de frustração e ansiedade. Sabia que o time precisava de mim, mas também sabia que era crucial cuidar da minha lesão para não piorar a situação. Minha frustração se transformou em raiva. Esse era um jogo decisivo, e eu não poderia ajudar meus colegas. Fechei os punhos de raiva, sentindo a mandíbula tensa.

Caso do Acaso - RICHARD RÍOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora