Minho estava esperando na área de desembarque do Aeroporto Internacional de Los Angeles, cercado pelo vai e vem apressado dos passageiros e pelo burburinho abafado dos reencontros e das despedidas. Em suas mãos suadas, segurava uma plaquinha branca, onde o nome "Han Jisung" estava escrito em preto, com uma caligrafia bem desenhada e cuidadosa, talvez até um pouco mais decorada do que o necessário, mas Minho gostava de ser caprichoso.
Ele ajustou a placa para que ficasse perfeitamente visível, e sua respiração, normalmente tranquila, escapava em pequenos suspiros irregulares. Minho sabia que não devia se sentir tão nervoso, afinal, era só um, dos muitos encontros profissionais que ainda teria. Mesmo assim, algo dentro dele parecia pressentir que aquele encontro seria diferente, como se tivesse um outro significado por trás, além do óbvio.
O fluxo constante de passageiros de repente começou a aumentar e o som das malas rolando, das vozes se sobrepondo e dos passos ecoando no chão polido, juntos, faziam uma sinfonia caótica no terminal de desembarque, mas Minho parecia estar preso demais dentro de uma bolha de expectativa, mantendo-se totalmente atento e concentrado nas portas automáticas que se abriam e se fechavam com uma frequência agoniante que tornava a expectativa da espera ser praticamente torturante.
E foi então que ele o viu.
O artista das fotos que buscou no Google, o lindo jovem prodígio sul-coreano, de bochechas cheinhas e fofas e olhos grandes e redondinhos que abrigavam duas bolebas pretas como o fundo do oceano.
Em meio a leva de passageiros que também saiam pelo portão de desembarque, também saia Han Jisung, e era impossível não notá-lo. Ele andava com passos seguros, mas relaxados, e carregava uma expressão levemente curiosa, como quem estivesse em busca de algo ou alguém. Jisung puxava uma mala preta pequena de rodinhas e usava uma boina que lhe caia muito bem em meio as suas madeixas escuras e longas, que já alcançavam o seu pescoço esguio e chamativo. Em seu corpo, um confortável conjunto de moletom azul marinho da GAP, que casava perfeitamente bem com o par de all star brancos, de cano longo e plataforma, em seus pés.
Minho estava prendendo a respiração sem perceber, enquanto observava Jisung avançando por entre as pessoas, com uma aura que parecia brilhar ao seu redor. Ele era um pouco mais baixo do que o Minho imaginava, afinal, esse tipo de detalhe não era possível perceber com exatidão apenas através de fotos, mas a sua presença tinha uma força que parecia ser o suficiente para preencher todo o espaço ao redor de si. Embora por ali já estivesse bastante cheio.
Minho sentiu seu coração se apertar em um ritmo acelerado, descompensando. De repente, era como se o tempo tivesse parado naquele exato instante, e o ruído ao redor se tornara distante e indistinto.
Quando Jisung identificou o próprio nome na plaquinha que o belíssimo homem asiático e ruivo segurava nas mãos veiúdas, os olhares finalmente se encontraram e o choque foi imediato e profundo. A sensação era inexplicável para ambos, uma conexão que ia para muito além das palavras e da compreensão comum.
Jisung de repente parou, hipnotizado, deixando que as outras pessoas se batessem contra os seus ombros. Em seu rosto, a expressão levemente surpresa e, ao mesmo tempo, intrigada. Era como se algo nele tivesse despertado e reconhecido em Minho algo que talvez ele próprio não fosse capaz de entender.
E por mais alguns instantes, ambos ficaram ali, imóveis, presos naquela troca de olhares, de energia e de conexão, cada um tentando decifrar o que era aquele sentimento que pulsava dentro de seus peitos. Havia uma sensação de familiaridade quase sobrenatural, como se eles se conhecessem de uma outra vida ou de um tempo que lhes escapava da memória.
Era um dejavu, ambos deduziram mentalmente.
Minho sentia seu coração começar a martelar incômodo no peito, como se lhe desse a certeza de que aquele encontro mudaria algo fundamental em sua vida monótona e minuciosamente bem planejada.
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A Queda de Eros | Minsung
FanficEros, o cupido, cuja existência era proveniente do poder inestimável do amor, já não acreditava mais que tal força existisse dentro de si, uma vez que suas flechas já não surtiam mais o efeito que deveriam. Quando as madeixas douradas e cintilantes...