Gabriela, 17 anos
Me levanto depois de escutar o alarme tocar pela quarta vez e me arrasto até o banheiro pra tomar banho, não demoro muito e logo saio já arrumada e com o cabelo úmido. Ligo a minha escova secadora rapidinho e passo pelos meus fios, fico fazendo isso por poucos minutos e guardo as coisas pra não ter estresse depois. Pego minha mochila em cima da cama e desço as escadas indo até a sala, me lembro de colocar meu tênis e pego ele que estava no canto do sofá.
Trabalho como atendente numa lanchonete perto daqui, mas não na comunidade exatamente, não demora muito pra chegar até lá, nem ônibus eu preciso pegar.
Luana: Gabriela, você não tá atrasada não?- minha mãe reclama lá do quarto, e por ela estar doente, não pode fazer muito esforço levantando.
Eu: Tô não, falta só o tênis.
Com a roupa do trabalho e o tênis normal mesmo, eu saio de casa trancando a porta. Minha mãe tem vício no cigarro e eu não posso dar bobeira com ela, percebo que tô esquecendo algo e noto que é meu celular, deixei ele em cima da cama. Volto e destranco a porta de novo, indo pro meu quarto e pegando meu celular.
Eu: Tô indo, mãe. Daqui a pouco eu tô aí- falo descendo as escadas. Não espero ela responder e saio trancando tudo de novo.
Eu terminei a escola à pouco tempo. E isso me deixa aliviada, é menos um problema pra minha cabeça, seria muito cansativo estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Depois de alguns minutos, eu consigo chegar até a ladeira, vendo alguns traficantes mais à frente.
- Fé que ainda vou botar uma dessa no meu nome- olhei pro grupinho, mas logo desviei quando eles começaram a chamar.
Por que eles não tem a noção que esses comentários sempre são desconfortáveis? ninguém gosta desse tipo de 'cantada', nunca vou conseguir me acostumar escutando isso.
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Me despeço do gerente e pego minha bolsa em cima do balcão e saio da lanchonete. Troquei a blusa do estabelecimento em que trabalho, por uma minha mesmo. Por estar com fome, subo o morro na intenção de ir até a barraquinha de salgados que vende por aqui, me aproximo e já consigo sentir o cheirinho bom.
Eu: Boa noite. Vou querer dois desse e um guaraná natural- falo com a moça da barraquinha. Ela confirma e me dá os dois enroladinhos, depois me dá o copo de suco.
Eu: Obrigada- agradeço pra ela. Assim que eu termino de comer, uma moto para bem na minha frente. Reparo, e era um homem, com algumas tatuagens e alguns cordões de ouro no pescoço.
Eu: Boa noite- cumprimento o cara, mas ele quase não me olha.
- Boa.