Gabriela
Me arrumei rapidamente e não pude nem tomar café, eu acordei atrasada hoje pra trabalhar, porque o alarme resolveu não disparar, e eu espero que isso não me cause nenhuma consequência.
Passei uma maquiagem bem básica, só pra não dizer que eu estava sem e peguei meu celular que estava no carregador e saí do quarto. Eu iria sair sem avisar a minha mãe, mas como eu já tenho o hábito de avisar todos os dias, hoje eu não faria diferente, mesmo que estejamos brigadas. Bati na porta do quarto, entrei e percebi que ela não estava na cama.
Eu: Mãe?- chamo entrando no quarto.
Luana: No banheiro- olho pro banheiro e vejo que a porta está fechada.
Eu: Tá tudo bem aí?- me aproximo da porta e no mesmo instante, ela a abre.
Luana: Eu tô bem, é só uma vontade ruim de vomitar - ela passa a mão na boca e vai até a cama e se deita.
Eu: Quer que eu te leve ao médico? a senhora não parece estar bem não- vou até ela e coloco as costas da minha mão na sua testa.
Luana: Eu tô bem, Gabriela. Agora vai trabalhar porque eu sei que você tá atrasada- arregalei os olhos e lembrei que eu já estava atrasada pro trabalho, mas essa situação da minha mãe tirou meu foco.
Eu: Se eu for, a senhora promete que vai me ligar se o mal estar voltar?- perguntei indo até a porta.
Luana: Eu prometo- cerrei os olhos e olhei pra ela- eu prometo, Gabriela, é sério- assenti e suspirei aliviada, minha mãe tem a mania de achar que pode se virar com tudo.
Desci correndo as escadas e tranquei a porta e o portão ao sair, desci o morro igual bala, nem olhando ao redor. Cheguei até a barreira e logo atravessei a rua, indo em direção ao trabalho, que não fica longe. Entrei no trabalho correndo e olhei tudo ao redor, pra ver se o gerente estava me esperando.
Eu: O Carlos tá por aqui?- perguntei pra Lyara, que estava no caixa e olhei ao redor.
Lyara: Ih, amiga, ele pediu pra que você fosse lá na sala dele, assim que chegasse- respirei fundo e coloquei as mãos sobre o balcão.
Eu: Sabe o que ele quer não?- perguntei apreensiva.
Lyara: Pior que não- passei as mãos no cabelo- mas eu acho que ele não te demite não, fica tranquila- me deu um sorriso reconfortante e eu retribui.
Eu: É melhor eu ir logo, já tô atrasada o suficiente- peguei a minha bolsa na bancada e fui até o banheiro, vesti a blusa do trabalho e coloquei a minha bolsa no armário da lanchonete. Subi as poucas escadas e bati na porta da sala do meu gerente.
Carlos: Entra!- autorizou e eu entrei, vendo ele mexendo no notebook.
Eu: A Lyara disse que o senhor queria falar comigo- encostei a porta e fiquei o observando, que tirou os olhos do notebook e o fechou, me olhando depois.
Carlos: Sim, eu quero. Mas pode se sentar, por favor- me sentei e o encarei- então, eu estava analisando toda a sua ficha trabalhista aqui na Victory's e eu realmente não tenho do que reclamar, tirando o atraso que você teve hoje- assenti- você entende que essa empresa é muito bem vista no ramo trabalhista, certo?- assenti novamente- ótimo, pois não é só uma doceria, mas é a melhor daqui desta cidade.
Eu: Desculpa a intromissão, mas se eu não tenho nada demais a ser analisado, eu não entendo o motivo de eu estar aqui- disse confusa.
Carlos: É nesse ponto que eu iria chegar. Bom, Gabriela, eu tenho duas ofertas pra você- olhei pra ele desconfiada e não entendi o que ele quis dizer.
Eu: Oferta? que tipo de oferta?- me ajeitei na cadeira.
Carlos: Infelizmente, você não poderá mais trabalhar neste lugar, mas eu tenho uma recomendação que fiz de você pra outro estabelecimento da mesma empresa, não é muito longe daqui. E a outra oferta é que se você quiser, eu posso fazer uma recomendação de você pra empresa que você preferir- tentei assimilar cada palavra e fiquei apavorada só de ter a ideia de poder ficar desempregada.
Eu: Você apenas fez uma recomendação de mim?- o olhei indignada.
Carlos: Eu não queria que chegasse a esse ponto, você é, era- se corrigiu- uma funcionária excelente.
Eu: Então por que está me demitindo? não tem lógica isso- cruzei os braços.
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