Souza
Dia seguinte, 1:45|
Passo meu malbec atrás da orelha e depois na nuca, porque o segredo é passar aqui e não no pescoço, também passo um pouco na minha camisa vermelha e coloco minhas correntes de ouro no pescoço. Boto meu rolex no pulso, meus anéis no dedo e ajeito minha bermuda preta rasgada, pego o hidratante e passo nos braços e um pouco nas pernas, passando no abdômen em seguida. Pego a chave do carro e minha carteira em cima da cômoda e pego meu boné em cima da cama e coloco na cabeça.
Pego meu Iphone branco em cima da cama e fecho a porta do quarto, desço as escadas indo até a cozinha e vou até a geladeira, a abro e pego a garrafinha d'água, fecho a geladeira com a garrafinha na mão e saio do cômodo desligando a luz, passo pela garagem onde está apenas a minha moto e saio no portão vendo os da contenção fazendo a ronda aqui pela frente. Passo o olho por cada um e paro no Kaleu, que não estava aqui antes de eu chegar do QG, vejo que ele tá arrumado, bermuda branca rasgada, dois cordões finos no pescoço, tênis e o fuzil atravessado na bandoleira. Rodo a tampinha da garrafinha e bebo olhando pra ele, que se aproxima.
Kaleu: Nem te vi chegar, pô- fecho a garrafinha e seguro com a mão esquerda.
Eu: Tava querendo ir pra casa só pra se trajar, pela saco?- ela sorri de cantinho e nego com a cabeça.
Kaleu: Claro, pô, vou chegar nas mulher fedendo? pode não- fico calado e passo a carteira pra mesma mão onde está a garrafinha, aponto a chave pro carro preto, que está estacionado em frente o portão-garagem e escuto destravar.
Eu: Tu vai comigo no carro, Gringo e Nepo faz a contenção atrás- ele confirma e vejo Nepo se aproximar.
Nepo: Caminho tá livre daqui até o Santo Amaro, patrão- confirmo serinho e enterro o boné na cabeça indo até o carro.
Abro a porta e me sento ligando a luz de dentro, deixo os vidros fechados mesmo e coloco a garrafinha de água e a carteira no painel, olho pelo retrovisor eles montando na moto e escuto a porta do passageiro ser aberta.
Kaleu: Primeira vez que vou andar nesse teu carro- coloco a chave na ignição.
Eu: Tu pegou meu carro pra fazer de carro-bicho esses dias, caralho- ele ri e abre o vidro, deixando a ponta do fuzil pra fora.
Kaleu: Coisas da vida- gasta cantando e eu nego serinho. Dou partida e ligo o rádio, olho pelo retrovisor e passo a língua nos lábios ao ver a contenção toda de preto, montados em cada moto.
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Paro uns metros antes da casa dela e passo os dedos nos lábios ao ver ela conversando com algum pau no cu montado na moto. Tô aqui parado tem uns dez minutos, só palmeando essa parada, ontem já deixei ela sem resposta depois do que essa pilantra do caralho me mandou, com ela eu desconto a raiva de outro jeito, sem papo torto.
Não vou chegar cobrando satisfação, posso tá com a mente fudida só em ver essa parada, mas vou manter a postura pra essa porra, até porquê nós dois não tem nada. Palmeio a cena encostado no meu banco, com a luz do carro apagada e só eu consigo ver ela daqui.
Kaleu: Vamo ficar esperando por quanto tempo?- não dou atenção pro que ele fala e analiso ela, tá rindo de algo que ele fala e joga o cabelão pra trás. Foco no shortinho preto e na blusinha de alça fina que ela tá.
Vejo ela confirmando algo e o pau no cu sorri ligando a moto, estreito os olhos quando ela se aproxima dele e se cumprimentam com um beijo na bochecha. Ele sai acelerando com a moto e eu ligo o carro, me aproximando, ela franze as sobrancelhas feitas ao ver o carro e eu abaixo o vidro serinho olhando pra ela.
Eu: Pega esse bagulho aí atrás- falo pro Kaleu, não tirando os olhos dela. Firmo meu olhar com intensidade nessa pilantra, vendo ela coçar o nariz e olhar pro lado cortando o contato visual toda cínica.
Kaleu: Aqui- pego o casaquinho e ela já se aproxima pra pegar de mim, passo a língua nos lábios ignorando ela e abro a porta do carro, ajeito minhas correntes e endireito meu boné na cabeça, olhando em volta na rua, com o casaquinho na mão ainda, bato a porta com um pouco de força e foco nela que dá dois passos pra trás assim que me aproximo e passo a língua nos lábios.
Eu: Tua mãe tá aí?- pergunto serinho e foco nos olhos verdes, e ela morde o cantinho do lábio inferior com força.
Gabriela: Sim, e para de fazer barulho- estreito os olhos pra ela e passo a língua no cantinho da boca.
Filha da puta mentirosa.
Puxo ela pelo braço e abro o portão branco entrando com ela, giro a maçaneta da porta e jogo a porra do casaco em cima do sofá, puxo ela pela mandíbula e fito os olhos verdes.
Eu: Não me faz pegar ódio da tua cara, caralho - ela se mexe na minha mão e aperta meu pulso, com o rolex.
Gabriela: Tá me machucando- trago seu rostinho mais perto, ficando pertinho da minha boca, ela presta atenção em mim com os olhos bem atentos.
Eu: Machucando?- sorrio cheio de ódio negando com a cabeça- minha vontade é te fuder até onde eu sei que tu não vai aguentar mais, só pra descontar essa porra de ódio que eu tô da tua cara.
Gabriela: Ódio de que, homem? eu te fiz nada não- suas mãos vão até a minha, que aperta seu rosto e ela tenta tirar.
Eu: Quem era aquele pau no cu ali fora?- ela fica na pontinha dos pés. Tiro minha mão do seu rosto e levanto o seu queixo com dois dedos, sei que daquele jeito ela não falaria.
Gabriela: É um deles- levanto uma sobrancelha.
Eu: Um deles o que, Gabriela? porra- pergunto sem paciência e ela sorri, quase que rindo. Desgraçada.
Gabriela: Um dos meus machos- ela ri me provocando, mas logo fica séria.
Adolescente filha da puta, maldito dia, na moral mermo.
Firmo meu olhar no dela, meu ódio por ela tá crescendo a cada minuto, cada brincadeira, cada gastação, tá me tirando como otário, achando que sou moleque bobo. Uma hora eu desconto essas porra ainda, tá fudida na minha mão.
Eu: Tava marcando o que com ele?- engulo meu ódio no seco mermo. Vontade fudida de fuder com ela até machucar, papo reto.
Gabriela: Lugar nenhum, eu juro- me olha com aquele olhar de pilantra safada do caralho e eu confirmo serinho.
Eu: Não vai sair com ele?- levanto uma sobrancelha e ela nega, balançando a cabeça nos meus dedos.
Fico calado e puxo ela bruscamente pelo pescoço, apertando mesmo. Inicio um beijo bruto com ela, no puro ódio, sem nem dar a chance dela conseguir acompanhar, enrosco sua língua com a minha e ela procura por ar, tentando parar o beijo, finalizo puxando seu lábio inferior com força pra mim e me afasto dela saindo dali. Entro no meu carro e levanto o vidro, saio dali acelerando e indo em direção ao baile do Santo Amaro.