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Gabriela

Abro o portão, entrando dentro do quintal, e deixo minha bolsinha com meu celular num cantinho escondido ali pela pilastra da varanda. Seguro meus saltos e giro a maçaneta da porta, pra ver se tá aberta, e a porta se abre. Passo meus olhos pela sala, na tentativa de poder ver a minha mãe ali, mas a única coisa que se nota, é o silêncio na casa.

Ligo a luz da sala, pra pode enxergar melhor e largo meus saltos em qualquer canto dali mesmo, escuto barulho de porta se abrindo lá em cima, como se ela sentisse que eu cheguei, e eu simplesmente fico parada, esperando ela aparecer, porque correr é pior. Ouço os passos dela descendo as escadas, e ela aparece na minha visão, vestida com um babydool soltinho no corpo, e o cabelo com mechas loiras, liso escorrido igual o meu, preso.

Ela faz um bico enorme me analisando de cima a baixo, com as mãos na cintura.

Luana: Que roupa é essa? - insinua com a cabeça pra mim.

Eu: Uma roupa? - pergunto reparando na minha roupa igual ela está fazendo - tem nada demais aqui, só é curta.

Luana: Espera eu sair pra abrir as asinhas, né, Gabriela? - aperto meus lábios, ouvindo ela falar - onde você tava?

Sinto um vento gelado nas minhas costas, e eu fecho a porta atrás de mim, me jogando no sofá em seguida, e coloco minha mão apoiada na barriga.

Eu: Tava com a Rebeca só - ela cruza os braços me olhando - eu nem ia voltar pra casa agora, mas a senhora mandou mensagem e eu já tava acordada.

Luana: E ia dormir com roupa de baile? - ela desce o olhar pra minha saia, e eu abaixo um pouco o pano com a mão.

Eu: Mas eu tava numa festinha ali com ela, aí ce mandou mensagem e eu vim pegar uma roupa pra voltar pra casa dela - ela faz tsc negando com a cabeça.

Luana: Não, nada disso. Chega de rua, já curtiu bastante a semana toda fazendo sei lá o que, chega - escuto ela falar, e eu me levanto.

Eu: Mãe, não faz isso - ela nega pra mim com o indicador, e vira as costas saindo.

Luana: Desliga a luz e vai dormir, amanhã eu falo com você - ela vai em direção às escadas, e eu vou junto.

Eu: Só hoje, mãe, deixa eu ir - ela entra no quarto, e eu faço o mesmo - eu juro pra senhora que nunca mais eu saio esse horário de novo, deixa eu ir - ela vai até a televisão que fica pendurada na parede, em frente a cama, e desliga.

Luana: O que tem lá pra tu tá nessa agonia toda? - ela olha pra mim, ajeitando a coberta na cama pra poder deitar.

Eu: Deixei meu celular lá, e a gente madrugou vendo filme - ela me ignora diminuindo a temperatura do ar-condicionado com o controle.

Luana: Pode ir, mas tira essa roupa que tu tá parecendo piranha de rua. Volta hoje mesmo e fala pra ela vir aqui fazer minha unha - confirmo pra ela - escutou, né? volta hoje mesmo, tô falando sério.

Eu: Ouvi, tô indo - saio do quarto fechando a porta, e corro pro meu.

Entro no banheiro em segundos, já tirando minha roupa e tomo um banho super rápido, já saindo logo depois.

Pego a roupa que eu joguei em cima da cama pra eu usar, e coloco sem o sutiã mesmo. Passo o vestidinho sem alça pela cabeça, que eu comprei online uns dias atrás, e resmungo sentindo a queimação do tecido com a minha pele que eu tive que torrar no sol praticamente pra pegar marquinha.

Faço outras coisas sem demorar, e pego uma peça de roupa no armário carregando na mão mesmo, saio do meu quarto, fechando a porta sem fazer barulho e desço as escadas correndo. Paro na varanda, pegando meu celular escondido na pilastra, e calço meu havaianas branco novo, com a logomarca da havaianas escrita várias vezes no chinelo.

Saio no portão, vendo ele fumar com o vidro abaixado e mexendo no celular, com a luz de dentro apagada, seguro a peça de roupa na mão e me aproximo do carro, nessa rua totalmente escura, por ainda ser madrugada.

Dou a volta no carro, e abro a porta do passageiro me sentando. Ele segura o cigarro na mesma mão que coloca no volante, e se ajeita no banco girando a chave na ignição. Desço meu olhar pro celular ligado no seu colo, dando uma boa clareada aqui dentro.

Souza: Por que não colocou isso aí numa mochila? - deixo a peça no meu colo, e cruzo os braços me encostando no banco e vejo ele dar partida com o carro.

Eu: Ia parecer que a gente namora, eu hein- ele coloca o cigarro na boca, e tira o celular do colo jogando no painel.

Souza: E preferiu trazer na mão? - confirmo lentamente em forma de deboche pra ele - tu viaja muito, papo reto.

Ele entra em algumas ruas, acelerando com o carro e fecha os vidros assim que termina de fumar.

Eu: Espero que essa seja a última vez, não vou ficar mentindo pra minha mãe por culpa tua não - ele fica calado e sobe uma pequena ladeira, e vira em algumas ruas antes de parar em frente uma casa com o portão branco grande.

Ele liga a luz do carro e olha pra mim, mas logo desce os olhos pra minha marquinha. Ele se aproxima de mim e segura minha mandíbula sem força e aproxima o rosto do meu, me olhando nos olhos.

Souza: A parada de mentir é particular teu, tá ouvindo? - ele segura meu rosto de um jeito, que eu acabo concordando - eu te fodo do jeitinho que tu gosta, tô errado?- ele diz focando nos meus olhos, e levanta meu queixo pra eu responder - tô errado?

Nunca que tá, fode bem pra caralho.

Nego sentindo os dedos grossos no meu rosto ainda, e ele vira meu rosto de lado pra falar no meu ouvido.

Eu: Tô maluco pra explorar essa tua marquinha - meus pelos se arrepiam e eu foco no vidro da frente do carro - vai deixar eu te fuder gostoso hoje?

......

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⏰ Última atualização: Jan 13 ⏰

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