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Gabriela

02:12|

Rebeca: E o que você disse pra ele?- pergunta enquanto termina de se maquiar em frente o espelho daqui do quarto.

Eu: Eu jurei, óbvio, não ia deixar ele ficar sabendo dos meus compromissos. Gosto de deixar tudo em off- jogo meus cabelos pra trás, pra poder calçar meus saltos direito e enrolo as tiras nas minhas pernas.

Rebeca: Você não vale nada, adoro- ela ri e presta atenção no estojo com maquiagem que ela trouxe.

Se tem uma coisa que eu amo, é fazer homem de otário. Se o Souza se acha um filho da puta, lamento por ele, mas eu posso ser dez vezes pior.

Eu: Terminou?- me refiro a maquiagem e ela confirma passando um batom meio nude.

Rebeca: Falou que não ia sair, mas vai, e ainda com o carinha que ele viu ali fora- ela solta uma risada lembrando do que eu falei pra ela assim que eu pedi pra ela vir aqui.

Eu: Acho que você conhece ele, é o Iago, trabalha ali na farmácia - ela se levanta do chão, onde estava se maquiando e guarda as suas coisas.

Rebeca: Ah, sei quem é. Investe, viu, além de lindo, é trabalhador- ela dá espaço no espelho e eu me analiso por inteira, a minha bunda grande marcando no vestido, minha coxa grossa que se destaca. Tô perfeita.

Eu: Gostosa do caralho - falo pra mim mesma e jogo meus cabelos pra trás, dando uma boa olhada.

Rebeca: Concordo - vou até minha penteadeira, passo meu Lily na nuca e atrás da orelha.

Eu: Ó, não diga nada sobre eu tá me envolvendo com o Souza, vamo fingir que a gente nem conhece - aviso enquanto coloco meu colar.

Rebeca: Óbvio, cara.. e tu tá pensando em ficar com o Iago?- faço uma cara que já entrega minha resposta.

Eu: Com certeza, não posso desperdiçar essa chance- ela fala algo, mas meu celular chega notificação e minha atenção vai pra ele.

Vou até onde ele está carregando, perto do espelho, e tiro do carregador abrindo na mensagem do Iago, que me mandou pelo Insta.

Iago: Tô subindo agora, tá pronta?
Iago: O amigo que eu combinei de levar pra sua amiga poder ir na moto, já tá aí

Eu: Ué, pq ele não chamou?

Iago: Ficou com vergonha, pô
Iago: Nem te conhece kk

Eu: Ah, entendi
Eu: Estamos prontas já, tô indo pro portão

Iago: Jae

Deixo ele sem resposta, e pego minha bolsinha e meu celular, guardo dentro da bolsa e desço as escadas com a Rebeca atrás. Me sustento nos saltos e abro a porta, saindo com a Rebeca, destranco o portão e passo o olho pela rua deserta, apenas vendo um cara um pouco afastado do meu portão, montado numa moto preta e azul, de blusa branca e bermuda jeans. Ele, que está mexendo no celular, olha na nossa direção e desliga a tela, ele liga a moto e vem até nós duas.

Eu: É o Danilo?- pergunto assim que guardo as chaves do portão na bolsa.

Danilo: Sou eu mermo- ele sorri com vergonha.

Rebeca: Sou a Rebeca, tudo bem?- ela cruza os braços e se aproxima dele um pouco.

Danilo: Tô bem, pô- ele sorri pra ela e olha pra mim- Iago disse que tava vindo pra tu?

Eu: Disse sim, falou que já tava subindo- ele confirma.

Olho pra reta da rua e vejo uma moto vindo acelerando lá embaixo, a moto se aproxima dando a visão dele, bermuda branca rasgada, tênis, uma blusa preta, uma correntinha de prata no pescoço. Tá um gostoso.

Iago: Bora?- ele sorri com os dentes perfeitos e eu confirmo- sobe aí.

Subo na moto dele, segurando meu vestido atrás pra não subir e vejo Rebeca subindo na moto do amigo dele.

-

Bebo o gin do copo que ela me oferece e seguro sua mão. Observo a lona acima das nossas cabeças aqui no baile, como se fosse uma lona de circo e escuto o dj tocar no palco à nossa frente. Iago trouxe a gente pra poder assistir o show do Cabelinho, mas minutos depois de eu ter beijado ele, ele saiu pra ficar com outra menina.

Disse pro amigo ficar aqui com a gente, mas vimos que ele tava querendo curtir por aí e demos um "perdido" nele, pra ele sair do nosso pé um pouco. Consigo ver daqui, o camarote lotado de gente, só os maiores da facção com certeza.

Eu: Primeira vez que eu venho aqui na Vk - ela se mexe enquanto o dj toca alguns remix.

Rebeca: Pra mim, é o melhor baile - confirmo.

Rebeca: Vai ligar pros meninos depois?- eu a encaro.

Eu: Pra quê?- franzo as sobrancelhas.

Rebeca: Pra eles levarem a gente de volta, sei lá, o uber vai ficar muito caro- passo a língua por meus lábios secos e penso em algo.

Eu: Vamo curtir como adolescentes que não ligam pra nada?- proponho e ela levanta uma sobrancelha.

Rebeca: Como assim? eu tenho dezenove anos, você é adolescente ainda- nego com a cabeça.

Eu: Negativo, hoje eu também tenho dezenove- ela estreita os olhos pra me olhar- bora lá pro camarote?

Rebeca: Tá doida? vamo entrar como?- penso alguma coisa, escutando o dj falar no fundo e eu puxo a mão dela indo em direção ao camarote.

Apenas fico de frente pras grades, pego o copo com gin da mão de Rebeca e bebo disfarçadamente, olho pro camarote como quem não quer nada e observo um cara me olhando. Ele está em pé, encostado nas grades e se inclina me analisando de cima a baixo, seu olhar demonstra que ele ficou instigado e seus olhos recaem sobre a Rebeca também. Ele chama nós duas com a mão e dá sinal pro cara que fica na entrada liberar.

Rebeca: O que a gente vai fazer depois, Gabriela? eu não vou transar com esse barrigudo não- ela sussurra e seguro firme sua mão, subindo as três escadinhas e firmo meus pés no camarote.

Eu: Só vamo curtir, não vamos transar com ninguém. Depois a gente paga de doida e finge que não lembra de nada- ela confirma e nos aproximamos do cara.

- Lindas - o velho com a barriga de chope fala.

Eu: Obrigada- sorrio e ele tenta passar a mão no meu braço, mas eu me afasto fingindo que limpei algo no meu vestido.

- Tem quantos anos, boneca? - quase reviro os olhos com esse apelido escroto e olho pra Rebeca.

Eu: Dezenove- sorrio e jogo meus cabelos pra trás- ele se afasta um pouco, analisando todo meu corpo.

- Tenho um ótimo lugar pra gente ir - ele sorri mostrando o dente da frente de ouro.

Observo as correntes de prata no seu pescoço e ele segue saindo do camarote, vou atrás e me perco por alguns segundos pela multidão, quando volto a me lembrar por onde ele foi, vejo ele encostado numa BMW cheia de mulheres dentro, no máximo, umas cinco. Ele conversa com um outro homem e olha pra mim e Rebeca, o homem fala algumas outras palavras e eles se afastam.

O velho aponta com a cabeça pro carro e eu rezo por alguns segundos antes de entrar no veículo. Observo as siliconadas aqui dentro e Rebeca pergunta algo pra uma delas.

- É tipo uma resenha com os da alta, o Rei ama levar o máximo de mulheres pra poder ostentar- ela diz baixo e eu suspiro aliviada. Pelo menos não é um abatedouro.

Desço na rua cheia de carro onde o carro que eu vim parou, a rua quase não tem ninguém, o que mais tem é carro importado na rua. Seguro na mão de Rebeca e eu vejo um lindo portão branco, o velho entra ali e dá uma olhada pras outras mulheres, entramos e consigo ver vários caras com posturas de tirar o fôlego de qualquer uma ali sentados. Todos portando algum tipo de arma e uma piscina enorme bem no centro.

Eles focam nas mulheres que entram e alguns já até começam a se animar.

Eu: Onde a gente tá?- sussurro pra ela.

Rebeca: Santo Amaro- passo a língua nos lábios e melhoro minha postura.

Bom que é longe de casa, assim ninguém viu, ninguém fica sabendo.

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