Quartel do BOPE,
Rio de JaneiroO coronel olha para nós, visivelmente irritado.
— Certo, vamos dar uma pausa na operação — ele repete, esfregando a testa. — Soares, manda todo mundo dispersar. Quero todos fora do morro por enquanto. Temos que esfriar a situação.
— Mas, coronel... — começo a protestar, mas ele me interrompe com um olhar severo.
— Isso é uma ordem, Capitão! — ele diz, a voz firme. — Não estamos aqui para fazer espetáculo. Precisamos ser discretos. Vamos nos reorganizar e esperar a poeira baixar.
Soares acena com a cabeça e sai para cumprir a ordem.
Eu permaneço de pé, tentando conter a frustração. Estávamos tão perto de terminar o trabalho, mas agora tínhamos que recuar.
— Vamos lá, Silva — digo, finalmente, chamando meu companheiro. — Vamos avisar o resto da guarnição.
Descemos as escadas com um misto de raiva e resignação. A Operação Sonho do Papa estava temporariamente suspensa, mas sabíamos que não ia demorar até estarmos de volta.
Esse era o nosso trabalho, a nossa missão. E não íamos deixar ninguém nos parar, nem os vagabundos, nem as passeatas.
_ A operação está suspensa até segunda ordem. Mantenham-se prontos para qualquer eventualidade. - Digo - Vão para suas casas, não temos o que fazer por enquanto
Os soldados, embora relutantes, começam a se dispersar. Eu troco um olhar com Silva e Soares.
Sabíamos que essa pausa era apenas temporária. Logo estaríamos de volta ao morro, continuando a missão.
Entro no vestiário e começo a tirar a farda, sentindo o peso do dia finalmente se desprender de mim.
Coloco minha camisa preta e a calça jeans, a roupa civil que me lembra que ainda sou uma pessoa fora da farda.
Penso em buscar meu filho, mas me lembro que o pé no saco do Fraga mencionou que ia levar eles para não sei onde.
Deixo uma mensagem no telefone de Rafael, pedindo notícias.
— Vamos, capitão? — levanto o olhar e vejo Neto. — Beber um chopp.
— Hoje? — questiono, surpreso.
— Vamos, 01, vamos no bar de rock novo que abriu — Carlos intervém, vestindo a camisa. — Música boa, cerveja gelada e muita mulher.
— Vou passar dessa vez — respondo, ainda hesitante.
— Falei que ele não ia — Roger diz, rindo enquanto os soldados saem do vestiário.
Fico ali, coçando a cabeça, pensando. Uma cerveja não ia fazer mal. Talvez fosse bom sair um pouco, arejar a mente depois de tantas operações.
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Lei do Amor | Capitão Nascimento
RandomRoberto Nascimento é um capitão do BOPE, um homem cuja vida foi consumida pela carreira militar. Sua dedicação ao trabalho o levou a sacrificar não apenas seu casamento, mas também a convivência com seu filho. Esse sacrifício constante o tornou um h...