Clinica Liberte-se, Rio de Janeiro
Minha!
Essa era a única palavra que rondava minha cabeça enquanto eu a olhava.
Ela era minha!
Ela sorriu para o homem que saía de seu consultório. Usava óculos de grau no rosto, e a franja caía delicadamente sobre suas sobrancelhas. Vestia uma blusa branca impecável e uma calça de alfaiataria, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo que balançava levemente enquanto ela se movia.
Seus lábios carnudos e rosados se curvaram em um sorriso acolhedor enquanto ela levantava a mão para se despedir do paciente, que acenou de volta antes de sair. Então, ela fechou a porta da sala com suavidade.
Meu coração acelerou rápido demais, e senti minhas mãos começarem a tremer. Bati o pé no chão repetidamente, tentando esconder meu nervosismo.
Porra, nem pra subir favela fico tão nervoso assim.
Já fazia um mês que eu estava nessa rotina! Era isso ou Rosane ia dar um jeito de me afastar do Rafael, e eu não podia permitir isso. Meu filho era tudo para mim, e eu faria qualquer coisa para ficar ao lado dele.
Eu me consultava de quinze em quinze dias com uma psiquiatra, Dra. Lídia Mariz. Toda quarta-feira, a cada quinzena, eu sentava nesta maldita cadeira e esperava essa vagabunda me chamar. Sentia um ódio crescente, mas ao mesmo tempo, uma curiosidade e uma atração incontroláveis.
Toda quarta-feira eu vinha até este prédio e ficava olhando para a sala à minha direita, esperando pelo mínimo vislumbre dela. Ela sempre acompanhava seus pacientes até a porta e sempre sorria para eles, dizendo até a próxima.
Eu não conseguia tirar os olhos dela. Havia algo em seu jeito, em sua postura, que me atraía de uma maneira que eu não conseguia explicar.
Enquanto eu observava, sentia um misto de emoções: raiva, desejo, frustração. Tudo se misturava, formando um turbilhão dentro de mim. Eu sabia que precisava dessa ajuda, que precisava estar aqui para provar a Rosane que eu estava tentando melhorar. Mas, ao mesmo tempo, essa mulher, despertava algo em mim que ia além da simples terapia.
Eu continuava batendo o pé no chão, tentando acalmar meu coração descompassado. Sabia que logo seria minha vez, e teria que encarar aquela sala novamente.
— Senhor Nascimento... — a recepcionista me chama. — A Dra. Lídia teve um imprevisto. Tudo bem se você se consultar com a Dra. Diana hoje?
— Sem problemas — digo, limpando a garganta. A recepcionista sorri.
Meu coração bate mais forte, e os segundos restantes parecem se arrastar como horas.
A porta do consultório finalmente se abre.
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Lei do Amor | Capitão Nascimento
AcakRoberto Nascimento é um capitão do BOPE, um homem cuja vida foi consumida pela carreira militar. Sua dedicação ao trabalho o levou a sacrificar não apenas seu casamento, mas também a convivência com seu filho. Esse sacrifício constante o tornou um h...